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Artigos-->ORTONÍMIA, HETERONÍMIA E PSEUDONÍMIA -- 25/11/2001 - 21:15 (João Ferreira) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
ORTONÍMIA, HETERONÍMIA E PSEUDONÍMIA





João Ferreira

Brasília

25 de novembro de 2001



Ortonímia



A complexa discussão entre ortonímia, heteronímia e pseudonímia faz-se necessária para compreender a obra de Fernando Pessoa.

Por ortonímia(do grego orthos= autêntico, verdadeiro+ónomos=nome) entende-se o processo que designa a atribuição de autoria de certas obras de Fernando Pessoa ao cidadão Fernando Pessoa, ele-mesmo. É o caso da Mensagem e do Cancioneiro, entre outras. Como destaques do Cancioneiro podemos lembrar poemas conhecidos do público tais como Chuva Oblíqua, os sonetos "Em Busca da Beleza", Hora absurda, Impressões do Crepúsculo, Passos da Cruz,Ficções do Interlúdio, Autopsicografia, Eros e Psiquê.



Heteronímia





1.O vocábulo "heteromímia" vem grego e é derivado de dois termos: heteros=diferente e ónomos=nome. Designa o fenômeno da utilização de "diferentes nomes" no âmbito da produção literária de um mesmo escritor físico, dentro de um princípio de fragmentação psicológica em vários eus-autores.

2.O caso típico da "heteronímia" ou heteronimismo (expressão usada pelo próprio Fernando Pessoa) é Fernando Pessoa, caso primeiro desse fenômeno na Literatura de Língua Portuguesa.

3."Em Pessoa diz-nos Antônio Quadros - a pluralidade heteronímica começa por ser uma autocisão ou uma intracisão psíquica e acaba por ser, se lida em profundidade, uma reconvergência, um regresso à unidade".

4.Em diferentes escritos, o Poeta explicou a coexistência dos vários heterônimos como desdobramentos de personalidade, como "invenções de personalidade diferentes" e como uma consequência da "consciência plural" nele existente: "Sinto-me múltiplo. Sou como um quarto com múltiplos espelhos fantásticos que torcem para reflexões falsas uma anterior realidade que não está em nenhuma e está em todas."[...] "Desde que me conheço como sendo aquilo a que chamo "eu", me lembro de precisar mentalmente, em figura, movimentos, caráter e história, várias figuras irreais que eram para mim tão visíveis e minhas como as coisas daquilo a que chamamos, porventura abusivamente, a vida real. Esta tendência, que me vem desde que me lembro de ser um "eu", tem-me acompanhado sempre, mudando um pouco o tipo de música com que me encanta, mas não alterando nunca a sua maneira de encantar"(Fernando Pessoa, Carta a Adolfo Casais Monteiro, de 31.1.35).

5. "A origem de meus heterônimos é o fundo traço de histeria que existe em mim. Não sei se sou simplesmente histérico, se sou mais propriamente, um histero-neurastênico""

6. Os heterônimos são, segundo Pessoa, um "mundo fictício de criações imaginárias", "despersonalizações dramáticas", "drama em gente", "vozes e tendências díspares","autores", “individualidades poéticas”; “ poetas outros”; “criações literárias”, uma “coterie de amigos”, “companheiros de espírito”, com uma biografia, um pensamento e uma estética próprios. Indivíduos ficcionais, com relações entre eles, capazes de discussão estética, de influências,etc.

7. A gênese dos heterônimos é explicada em detalhe numa carta escrita por Fernando Pessoa a Adolfo Casais Monteiro, publicada em Obras em Prosa, edição Aguilar, Rio de Janeiro.



Pseudonímia



Na compreensão comum há dificuldade em entender a diferença entre heterônimo e pseudônimo. O estudo nos leva a entenbder que o pseudônimo é simplesmente um nome falso usado por determinado escritor para não ser reconhecido oun para se esconder por algum motivo.

Heteronímia, por sua vez, não é um falso nome. O autor nada quer esconder. E sim se revelar como um escritor com características próprias. Ao usar um nome "diferente", ele se apresenta apenas como autor daquele texto, terxto que contém as características essenciais da personalidade artísticas do autor.





BIBLIOGRAFIA



PESSOA, Fernando. “Gênese e justificação da heteronímia”. In: Obras em Prosa. Volume único. Rio de Janeiro: Editora Nova Aguilar, 1986, pp. 79-102; PESSOA, Fernando. “Carta a Adolfo Casais Monteiro sobre a Gênese e explicação dos herônimos”. In: Obras em Prosa. Volume único, Ib., pp.93-99; QUADROS, António. “A criação heteronímica”. In: O Primeiro modernismo português. Lisboa: Publicações Europa-América, 1988, pp. 264-268;SEABRA, José Augusto. Fernando Pessoa ou o poetodrama. São Paulo: Perspectiva: 1974; QUADROS, António. “A poética operativa dos heterônimos”. In: Memórias das Origens, Saudades do futuro[...] Lisboa: Publicações Eur QUADROS, António. “Fernando Pessoa. Da cisão dos heterônimos à questão do absoluto”. In: O Primeiro Modernismo Português. Vanguarda e Tradição. Lisboa: Europa-América, 1995.

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