O CAOS DO NOSSO TRÂNSITO
Francisco Miguel de Moura-Membro da Academia Piauiense de Letras
As classes alta e média de Teresina possuem automóveis, uns luxuosos, importados, outros apenas denominados vulgarmente de “transporte”. Alguns deles, mais de l, chegando a 2, 3 e até 4 na garagem. Quase todos ao mesmo tempo atravancam o trânsito do centro desta Capital, de pequenos quarteirões, porque foram planejados e feitos para carroças. Antes eram só casas. Recentemente, muitos arranha-céus foram construídos e sem garagem, daí os carros dos moradores ficarem na rua, tornando-as mais estreitas do que são. Por outro lado, no Poty só há três pontes que direta ou indiretamente vão dar no centro da cidade, porque a ponte do Poty Velho e a Rodoviária não se contam para isto.
Mas será que apenas tais obstáculos transformam o nosso trânsito num caos?
Ainda há carroças, bicicletas e motos aos montões, transitando sem obedecer a qualquer sinal, qualquer lei. A locomoção em veículo se torna estressante, por isso vê-se na direção gente fumando, outros de celular ao ouvido, alguns, o que é pior, se emparelham com outro carro param ou quase param no meio da via e ficam conversando...
Tudo isto a gente sabe, e mais: Teresina possui muitos carros novos e entram, a cada ano, outros para envenenar nosso ar com sua poluição, somando-se a eles os mais antigos, antiqüíssimos, que já deviam ter saído de circulação.
Mas é conveniente que sejam feitas outras observações:
– Por que em Teresina circulam muitos carros?
Claro, os ônibus são ineficientes. Não há incentivo para que as pessoas os procurem, demoram muito, são velhos, passagens mais ou menos elevadas. Então, o negócio é comprar uma bicicleta, ou uma motoca, ou um automóvel, velho ou novo, não importa. Curitiba e outras capitais brasileiras modernas e não só isto, onde os prefeitos têm amor por sua cidade, lutam e conseguem planejar bem as linhas de trânsito, fazer circular ônibus novos e eficientes, com interligações para a cidade toda e preço de passagem normal.
Os donos de veículos dos prédios sem garagem e outros que vêm para a cidade fazer compras ou negócios, resolver problemas bancários ou oficiais nas repartições, não concordando com os demais que estacionam na rua estreita dum lado e do outro, não se importando se a via tem dois sentidos ou não, estacionam também em cima do passeio.
Para completar o caos, e ainda estou falando do pobre pedestre, há uma fome de pequenas construções que invadem os espaços denominados de passeios ou calçadas, tornando a vida de quem por ali transita um inferno.
Onde já se viu não respeitar a via pública assim e o passeio, sem ser molestado?
Multa só, não adianta. Tem que mandar derrubar. Aponto uma dessas construções: Propaganda que uma vendedora de material de construção levantou em meio à calçada da Av. Dom Severino e a Pres. Kennedy, onde fui acidentado esta semana. Um bico de telha da coberta me pegou na testa, desastre de tanto sangue que derramei em minha caminhada matinal.
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