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Cronicas-->PIPÓCO DA PORRA -- 29/03/2002 - 05:58 (LUIZ ALBERTO MACHADO) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Robimagaive é a gota! Entre ele, o Zé-corninho e o Doro, não dá para saber qual dessas cabeças ilustradíssimas quem possui mais aptidão, competência, barrunfo, faro, pacutia, embromação. Esses caras tem mais profissões que se empregadas duma só vez, desemprega meio mundo. Mesmo! Mas, por enquanto, vou só falar do Robimagaive. Eu conheci esse distinto personagem certa vez quando ele procurava por emprego. Pensei, cá comigo, ora, como um sujeito qualificado desses anda desempregado? Hem? Confesso que de cara não sabia de quem se tratava, mas que já ouvira todo tipo de pinóia a respeito dele, já.
- O que você sabe fazer? -, perguntei ao solicitante.
- Depende, doutor, é só o senhor escolher. - disse-me ele infatigável.
- Como assim?
- Bem, sou profissional dos profissionais: esgotador-de-fossa perito, soldador de caçarola-de-fundo-lascado até lanternagem de avião, pescador de maçunin, eletricista-eletrotéque, mecànico de autos, aviador e motorista categoria Z de bicicreta a fogueteiro, zabumbeiro e crune de seresta e trio elétrico, crastrador de bicho, pis... pis...cicultor de aquário, benzedor do frei tabica...
- Peraí, o que você sabe fazer melhor!
- Tudo. E tem muito mais no meu currícu aí...
- Sim, tudo bem, podemos precisar de motorista...
- Na hora, tó disposto, pode me contratá que num vai se arrepender; espie, minha carteira é categoria Z...
- Não conheço essa categoria.
- Dirijo tudo: trator, patrol, avião, helicópes, carro, treminhã, oinbu, tó até terminando um foguete para dar uma vortinha pru lá pru riba do céu.
- Eita! Tudo bem, deixe seu currículo aqui que eu quando precisar mando buscá-lo.
Fez uma careta de desagrado e foi saindo com a mão direita na cabeça ajeitando o tuim. Não ia saindo lá muito satisfeito, não. Num é que justo na hora apareceu um outro gerente pedindo um motorista para ir em Recife urgente. Ele sapecou: - eu vou! Se é urgente, é comigo! - e nem piscou, avexado arrancou a chave da mão do requerente, ouviu a determinação e partiu com mais de mil percorrer mais de 300 quilómetros. Informado do que tinha que fazer, zarpou. Assim, de esguelha, dava uns 800 quilómetros de ida e volta, isso na baixa, descontando as embromações do trajeto, dava umas 6 horas de viagem. Quatro horas depois estava lá Robimagaive aboletado com a chave na mão e o carro fumaçando.
- Que bronca é essa, rapaz? Num deu para cumprir o requerido, não foi? -, perguntei com cara de poucos amigos.
- Missão cumprida.
- Como? O carro está fumaçando demais, pegou fogo, foi? Quebrou?
- Não, nada disso, tá aqui o protucó de entrega, tudo como manda o figurino.
- Você é doido?
- Não, mas da próxima vez bote um carrinho melhor preu poder passar um pito na poliça rodoviara dela botar a língua de fora de tanto corrê.
Foi um deus nos acuda. O carro fumaçava mas depois de uma checagem estava novinho em folha. É que o cabra andava solto de pé fundo, 200 por hora, só via a hora dele chegar nem os pedaços. Dirigia endoidamente, cortava pela direita, pela esquerda, nas curvas, onde não dava, vóte!
- Você é doido, é?
- Não, meu santo que é forte!
E era. Quando ele passava, era zum, já foi. Essa não foi nada das tantas, uma ele aprontou comigo mesmo. Depois de muitas pelejadas mexendo nisso e naquilo, no fim de tudo, o que fazia ou dava certo ou errava de vez. Uma virtude, num é não?
Certo dia, domingo acompanhando a corrida da Fórmula 1, minha tv pifou. Porra! Quando vociferei a indignação, lá ia entrando Robimagaive.
- Que foi, doutor?
- Minha tv pifou justo na hora da corrida!
- Calma, dou um jeito.
E deu. Fiquei o tempo inteiro com a orelha na frente da pulga. Pacientemente ele destampou a bicha, remexeu em tudo, amarrou aqui de barbante, cuspiu num integrado lá, botou chiclete prá cima, cola instantànea para baixo, bombril numas coisas, remendando fios com cada nó cego, tabefe para pegar, serrando um pedaço de alguma saliência, ajuntando papel de cigarro noutra, maior seboseira chega dava tristeza de ver, quando a certa altura daquela esquisitice toda, mandou eu ligar o aparelho. Óxe, liguei. E foi um pipoco da porra! Maior zoadeiro. Eu só vi o Robimagaive com os cabelos em pé e a cara preta chamuscada do fogo. Chega tive um susto! Com a mesma parcimónia de sempre, ainda mencionou:
- Ói, doutor, aqui num dá que deu probrema de junta, tenho que levar para casa para juntar os cacos!
Não sei como ainda acreditei e deixei ele sacudir embaixo do suvaco o resto dos bregueços que sobraram. O pior: ele consertou e trouxe novinha em folha. Só que desconfiado do funcionamento, dei-lhe de presente. Acho que nada mais justo, ora. Insistiu para que eu visse que estava em perfeito estado. Nem quis ver. Ele ligou, mudou de canal, mostrou tudo funcionando direitinho. Nem mostrasse, levasse dali. Ele ai que saiu devagar e chegando na primeira esquina vendeu aquilo por 50 reais, enchendo o tampo na carraspana e sorrindo à toa. É mole? Vou ali e volto já com outra. Bié, bié, glup, glup!

© Luiz Alberto Machado. Direitos reservados do autor.

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