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Artigos-->Resgate da esperança -- 18/12/2007 - 08:37 (LUIZ ROBERTO TURATTI) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos






RESGATE DA ESPERANÇA



Carlos Alberto Di Franco




O papa Bento XVI publicou recentemente a encíclica Spe Salvi (Salvos pela Esperança), a segunda de seu pontificado. Um primor. Num mundo algemado pelos grilhões do ceticismo e pelo impacto corrosivo do cinismo, a Spe Salvi é, sem dúvida, uma provocação. De Santo Agostinho a Lutero, Kant, Bacon e Engels, homens da Igreja, santos e filósofos, ortodoxos e heterodoxos, desfilam na encíclica como protagonistas da preocupação do ser humano com a esperança.



Bento XVI desnuda a inconsistência das esperanças materialistas e vai fundo na sua crítica ao materialismo marxista. Segundo o pontífice, Marx mostrou com exatidão como realizar a derrubada das estruturas. “Mas não nos disse como as coisas deveriam proceder depois. Ele supunha simplesmente que, com a expropriação da classe dominante, a queda do poder político e a socialização dos meios de produção, ter-se-ia realizado a Nova Jerusalém.” Marx “esqueceu que o homem permanece sempre homem. Esqueceu o homem e sua liberdade. Esqueceu que a liberdade permanece sempre liberdade, inclusive para o mal. (...) O seu verdadeiro erro é o materialismo: de fato, o homem não é só o produto de condições econômicas nem se pode curá-lo apenas do exterior. (...) Não é a ciência que redime o homem. O homem é redimido pelo amor”.



O cerne da encíclica, um vibrante apelo à genuína esperança cristã, é a antítese do surrado discurso dos teólogos da libertação que, com teimosa monotonia, apostam no advento da utópica Jerusalém terrena. As injustiças, freqüentemente escandalosas e brutais, devem ser enfrentadas e superadas, mas não há o paraíso neste mundo. E o papel da Igreja, não obstante seu compromisso preferencial com os pobres e desvalidos, é essencialmente espiritual. Bento XVI não contorna os temas difíceis ou politicamente corretos. Na contramão de certo ativismo eclesiástico, aponta a oração como “primeiro e essencial lugar” da esperança. “Quando já ninguém me escuta, Deus ainda me ouve.” Sugestivamente, o papa evoca o falecido cardeal vietnamita Nguyen Van Thuan, que, após 13 anos na prisão comunista, 9 dos quais numa solitária, escreveu Orações na Esperança: “Numa situação de desespero aparentemente total, a escuta de Deus, o poder falar-Lhe, tornou-se para ele uma força crescente de esperança, que, depois da sua libertação, lhe permitiu ser para os homens em todo o mundo uma testemunha daquela grande esperança que não declina, mesmo nas noites de solidão.”



A mensagem de Bento XVI, direta e sem concessões, tem repercutido com força surpreendente. Seu desempenho, sobretudo no meio jovem, é uma charada que desafia o pretenso feeling de certos estudiosos do comportamento. Afinal, o estereótipo do papa conservador, obstinadamente apegado aos valores que estariam em rota de colisão com a modernidade, vai sendo contestado pela força dos fatos e pela eloqüência dos números.



As Jornadas Mundiais da Juventude têm sido um bom exemplo do descompasso entre as profecias de certos vaticanólogos e a verdade factual. Crescentes multidões multicoloridas, usando tênis e mochilas, transformam este avô da cristandade num indiscutível fenômeno de massas. Como explicar o fascínio exercido pelo papa? Como digerir a força de um fato?



Vem-me à lembrança, enquanto escrevo este artigo nesta luminosa Nova York que se prepara para as festas do Natal, a cobertura que fiz para o jornal O Estado de S. Paulo, em outubro de 2003, do 25.º aniversário do pontificado de João Paulo II. Lembro-me, entre outros, de um depoimento sugestivo. Bruno Mastroianni era um jovem filósofo romano. Sobrinho de Marcello Mastroianni, o falecido ator de La Dolce Vita, de Fellini, nasceu depois da eleição de João Paulo II. Encontrei-o enturmado na Praça de São Pedro. “Nestes meus 24 anos”, dizia-me então, “o papa sempre esteve presente. Lembro-me quando era criança daquele homem vestido de branco, com aspecto de estrangeiro, mas, ao mesmo tempo, tão familiar. Mais tarde, durante os anos da adolescência, fiquei rebelde. O papa, no entanto, estava sempre lá, um pouco mais velho, mas sempre forte. Dizia-nos, então, que o amor de Deus era a única resposta, o único caminho para um futuro melhor. Agora, formado e iniciando minha vida profissional, aquele homem vestido de branco, longe de parecer um velhinho frágil e doente, continua lá. É uma rocha firme e segura. Acredito que para todos os jovens como eu não exista melhor mestre do amor do que um papa tão enamorado de seu serviço ao mundo.”



‘Quando já

ninguém me

escuta, Deus

ainda me ouve’



A incrível sintonia entre os papas e a juventude oculta inúmeros recados. Num mundo dominado pela cultura do ter, pelo expurgo do sofrimento e pela fuga da dor, Bento XVI caminha aparentemente no contrafluxo.



“Não é o evitar o sofrimento, a fuga diante da dor, que cura o homem, mas a capacidade de aceitar a tribulação e nela amadurecer, de encontrar o seu sentido através da união com Cristo, que sofreu com infinito amor”, sublinha o papa na Spe Salvi.



“A grandeza da humanidade determina-se essencialmente na relação com o sofrimento e com quem sofre. Isto vale tanto para o indivíduo como para a sociedade. Uma sociedade que não consegue aceitar os que sofrem e não é capaz de contribuir, mediante a compaixão, para fazer com que o sofrimento seja compartilhado e assumido é uma sociedade cruel e desumana”, conclui Bento XVI.



Os jovens, rebeldes, mas idealistas, decodificam com mais facilidade o recado de esperança do papa.



A todos, feliz Natal! &
9679;



Carlos Alberto Di Franco, diretor do Master em Jornalismo, professor de Ética e doutor em Comunicação pela Universidade de Navarra, é diretor da Di Franco – Consultoria em Estratégia de Mídia. E-mail: difranco@ceu.org.br.





Fonte: O ESTADO DE S. PAULO – Espaço Aberto, Segunda-feira, 17/12/2007, Página A2.





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“Fora da VERDADE não existe CARIDADE nem, muito menos, SALVAÇÃO!”



LUIZ ROBERTO TURATTI.







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