Usina de Letras
Usina de Letras
134 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62213 )

Cartas ( 21334)

Contos (13260)

Cordel (10450)

Cronicas (22535)

Discursos (3238)

Ensaios - (10356)

Erótico (13568)

Frases (50606)

Humor (20029)

Infantil (5429)

Infanto Juvenil (4764)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140798)

Redação (3303)

Roteiro de Filme ou Novela (1062)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1960)

Textos Religiosos/Sermões (6185)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Cordel-->A história do alcoólatra -- 06/02/2003 - 20:14 (BRUNO CALIL FONSECA) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
A história do alcoólatra

que resolveu se tratar numa

clínica de recuperação.


Quero traçar uma meta

prá todo o resto da vida

abandonar a bebida

que é a forma mais correta

de curar minhas feridas

tão grandes e doloridas

que meu ser tanto afeta



Preciso conscientizar-me

a partir destes momentos

que para este mal peçonhento

jamais necessito dar-me

estou certo que agüento

e encontrarei um ungüento

que é capaz de salvar-me



Já sei que o alcoolismo

é uma doença fatal

que provoca muito mal

para o meu organismo

portanto serei normal

quando chegar afinal

a vencer o fatalismo



O alcoolismo é incurável

já disse a medicina

porém nessa minha sina

tem a certeza agradável

de que qual penicilina

há uma forma cerebrina

de fazê-lo um mal tratável



As estatísticas já dizem

com toda convicção

que não há contemplação

para os ébrios infelizes

dez anos de vida são

cada um perde então

por conta dos seus deslizes



O álcool de nada serve

pois a ninguém alimenta

nenhum valor representa

mesmo que seja de leve

por isso neste momento

quero ser bem paciente

como o homem sempre deve



Por conta da bebedeira

só termino com ressaca

que me prejudica paca

de tudo que é maneira

é um mal estar que ataca

provocando uma inhaca

dos pés até a moleira



Da ressaca vem tristeza

que entra como navalha

faz da gente uma gentalha

o que não é qualquer moleza

é uma dor que se espalha

por conta de muitas falhas

sem escrúpulos de nobreza



Vem também a ansiedade

que deixa desapontado

e até precipitado

quem não tem capacidade

de não jogar para o lado

aquele mal reprovado

por toda sociedade



Da depressão não escapa

o que não pode beber

mas insiste em fazer

aquilo que até lhe mata

não adianta querer

nunca mais na vida ter

o que a natureza arrebata



A angústia, em seguida,

é uma dor pior ainda

com ela a pessoa finda

muito mais que deprimida

fica-se em uma berlinda

lá fora a vida linda

e em nós droga de vida



Por isso quero mudar

vou procurar resistir

prá de novo não cair

na vontade de tomar

procurarei construir

um ponto para partir

e sobriedade encontrar



Já assumo essa doença

sou alcoólatra e digo sim

porque perigo prá mim

é o rol de desavenças

resultando em triste fim

fazendo tudo assim

transformar-se em descrença



Em cada dos seus estágios

o álcool tem sua face

quem a ele se abrace

paga uns grandes pedágios

não pense que se ressarce

nem que achará disfarce

pois lhe falta até adágios



A face da sonolência

é séria e perigosa

sabemos que não é prosa

sua desobediência

situações desastrosas

chocantes e horrorosas

são as suas conseqüências



Quando a memória enfraquece

a pessoa fica vesga

qualquer criatura leiga

entende e não se esquece

o tom de pessoa meiga

com o qual a gente chega

por dentro nos enfraquece



Depois até úlcera aporta

com toda sua violência

aí só com paciência

prá não virar gente morta

precisa-se de clemência

e cuidados da ciência

se a vida nos importa



Chega ao fígado também

essa doença cruel

que pode deixar pinel

não fica livre ninguém

por isso aquele bordel

ou as bebidas ao léu

pesam mais do que um trem



Prá nossa apreensão

tem ele outro malefício

talvez deles o mais difícil

pois ataca o coração

é portanto de ofício

combater com sacrifício

procurando um irmão



Além de já ser assim

a doença é progressiva

e caso se sobreviva

o controle não é ruim

o que volta à ativa

tem é vida relativa

fica mais perto do fim



Como o álcool não é mole

precisa de tratamento

contra o desenvolvimento

para ver se se abole

e prá tanto sofrimento

eu aprendi e sustento

“evite o primeiro gole”



Não adianta querer

pode ser velho ou moço

pois é na verdade um osso

bem duro de se roer

chegando ao fundo do poço

só se evita o destroço

quando deixa de beber



O alcoólatra é doente

tem de deixar de beber

não adianta dizer

que a coisa é diferente

ele não tem o poder

de ante o copo se conter

pois é uma ser impotente



Se ele deixou a bebida

seja o tempo que for

não se conscientizou

e teve uma recaída

aí se bombardeou

pois o quadro piorou

é mais difícil a saída



Ademais é importante

dizer também que esse mal

termina anti-social

pois é vem deselegante

quem quer ser o maioral

ou se torna imoral,

indiscreto ou petulante.



Prá quem não pode beber

é melhor se conformar

tomar água, suco ou chá,

e não ficar à mercê

de quem quer lhe condenar

ou ridicularizar

por não saber se conter



Se isso não acontece

continua a aventura

que humilha a figura

a qual até tudo esquece

mas a dignidade pura

pode trazer a ventura

para aquele que fenece



Mesmo lá no ostracismo

pode haver uma saída

para mudar sua vida

combatendo o conformismo

haverá quem dê guarida

bem distante da bebida

prá salvar seu organismo



Não é sonho impossível

deixar de lado a vontade

buscando sobriedade

se tem uma força incrível

para enfrentar a verdade

com toda capacidade

seja qual for o seu nível



Precisa serenidade

para ter de aceitar

o que não pode mudar

na sua realidade

se assim se comportar

haverá de conquistar

a feliz sobriedade



Coragem é outro lema

para ser levado em conta

não querer a coisa pronta

nem ter medo do dilema

pois assim o homem encontra

saída prá vida tonta

que só lhe causa problema



Por fim a sabedoria

é preciso procurar

para poder separar

o que tem ou não valia

na alvorada que está

tão prestes a clarear

nossa vida tão vazia.



(1990)

Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui