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Roteiro_de_Filme_ou_Novela-->O DRAMA DE DONA ALICE -- 02/01/2003 - 13:23 (COELHO DE MORAES) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O DRAMA DE DONA ALICE
Roteiro de Coelho De Moraes, baseado na obra de Viriato Corrêa
Personagens: desembargador Alves (A), Álvaro (2) e mais dois jovens, Nazareth (N), Silva (S), Alice

CENA 1
(Senhor A, elegante entra na biblioteca ou sala que tenha livros em abundância. Ruído de festas no exterior. A deve usar uma bengala elegante)
A: Os senhores aqui! As garotas lá fora esperando vocês e a rapaziada escondida. Isso é uma traição um tanto suspeita!
1: Conversamos literatura.
A: Nessa idade não conheço literatura mais interessante do que as mulheres.(faz menção para irem ao terraço. Luzes da cidade). Conversavam sobre versos, então.
2: Sobre teatro.
A: Ah! Você é...?
2: Álvaro... eu escrevo.
A: E o que é que você escreve caro Álvaro.
2: Estou escrevendo sobre um caso vulgar de rua, com certos toques de originalidade e vigor:é o caso de uma marido traído que, depois de crivar de facadas a esposa infiel, arrasta-a para a rua para expor as suas misérias. Não lhe parece excelente? É minha terceira peça. O público parece que está gostando.
A: (meditando, sem tirar os olhos de Álvaro) Quer que lhe seja franco? Não acho...
2: Mas tem uma pegada excelente... Tem uma grande sacada.
A: Permita-me a franqueza. Crimes dessa ordem existem em mais e mil peças. Em teatro a originalidade é tudo. Não sei da originalidade que pretende dar nesse caso, mas, pelos traços gerais... No teatro, mesmo as coisas velhas t~em que ter um traço de originalidade chocante e imprevista. O segredo do palco é justamente isso – o inesperado. Nesses crimes violentos tudo e tudo é banal. Até o ruído, que é a maior banalidade da vida. Que interesse pode ter para o público um marido que mata explosivamente a esposa? O público vê isso todos os dias... No entanto um imenso interesse despertará a corte que for cercada de circunstancias impalpáveis, intangíveis, obscuras, misteriosas... ( ela entra para sentar-se na biblioteca, seguido dos três jovens). Conhecem, por acaso, a história de Dona Alice?
3: Sim. Aconteceu a três anos. Era dia de baile, a mulher meio louca abre o guarda roupa onde estava o amante, já em decomposição.
A: Conhecem bem mal essa história... como toda gente. O que há de interessante não é o fim da história... mas o seu desenrolar. Isso sim dará uma boa peça de teatro. (A se põe a lembrar) O caso de Dona Alice me comoveu. Não há imaginação mais rica dos que os fatos da realidade. A mais surpreendente fantasia humana não supera certas fantasias da realidade.
1: O senhor bem essa história?
A: Nos seus mais profundos detalhes.

CENA 2
(Enquanto passam os créditos. Alice e o namorado. Namoro no portão. Noivado, dedos e aliança. Cenas do casamento de Alice. Alice deve ser uma mulher muito bela e alta, com boas formas. Retorna-se com Alice em pé e a câmara se aproximando chegando a meio corpo e olhar altivo).

CENA 3
A: Amigos, o casamento é uma frutificação e os frutos só têm bom sabor quando maduros. Não se deve casar jovem. Eis um conselho. Volta e meia você encontrará alguém que lhe parecerá a tal da alma gêmea. Pura balela.
(entra o marido de Alice, o Nazareth e a cena transcorre como se fosse na época da história contada, é claro, sem a presença dos jovens).
N: Alves... Alice está muito mudada...
A: Também percebi... infelizmente...
N: isso foi depois que o tal do Silva começou a frequentar a casa.
A: Isso pode ser... será que você não andou esquecendo sua esposa?
N: Como assim...
A: Você sabe... hoje todo mundo fala em você... um médico bem sucedido... o seu nome é que está em voga... (intercala-se tomada do tal Silva e Dona Alice)
N: Devo ter deixado Alice de lado... um pouco...Mas esse tal Silva parece um gladiador romano... as mulheres caem por ele como moscas...
A: Um tanto rico, também... e outro tanto ocioso.
N: faz esporte... muito esporte...mas, saiba que tem uma lesão (aponta a região do coração)... parece que cardíaca.

CENA 4
(Alice na varanda, contra a noite ou luz da lua. Algo diáfano. Intolerável calor. Alice esta com uma roupa sensual de seda.. Somem N e A)
Alice: Ele vai fazer uma conferência médica justamente no dia do meu aniversário. Resolveu comemorar na véspera... (ela entra, e da sacada surge o S, parando no reposteiro da porta, vendo a mulher).

CENA 5
(Festa na beira do Rio. Ou um chá íntimo. Alguma coisa com cadeiras e mesinhas, em diversão sem algazarras. Tomadas gerais. A observa que Alice e S trocam olhares. As pessoas saem. O local se esvazia. O rio, a fluência, o barulhinho das águas. A e N descem uma rampa qualquer. A nota, sorrateiro que Alice passa, sobre uma mesa, uma chave para S.)

CENA 6
(Noite. O S entra com sua chave. Alice o espera na cama. Ele sobe as escadas ou passa pelo corredor. Alice se prepara com algumas auto-carícias. Entra o S, que tranca a porta do quarto e se deita ao lado dela, mas quase que imediatamente, sem cortes, batem à porta do quarto. O casal se assusta).
N: Alice.
(Ela e S estão atarantados e seminus. N continua a bater na porta. Decidem por colocar S no guarda-roupa dela. Em seguida, N entra tranquilamente)
N: Perdi o trem... por dois minutos... e olha quem ele nunca sai na hora.
A: Por que só veio agora? ( enquanto fala se encosta no guarda-roupa)
N: Ficou preocupada, hein? Fui a uma central de e-mails pedindo que transfiram a conferência. (enquanto fala vai colocando um pijama ou roupão) Aproveito e corrijo uns pontos fracos ( e sentou-se à uma escrivaninha no quarto, com computador. Ela está meio chocada, recostada na cama, trocando olhares entre o guarda-roupa e o N. Então a porta começa a se entreabrir. Troca de tomadas entre N – que trabalha – Alice e e porta. N nota. Olha para a mulher. Dá um sorriso. Tranca com violência a porta, às chave e a joga sobre a escrivaninha). Se quiser, querida, pode dormir, pois vou trabalhar a noite toda. A luz do vídeo incomoda você?

CENA 7
(Tomada da ponta da bengala de A, batendo no chão. Subindo para seu rosto enquanto ele encara os jovens)
A: Tivesse eu virtudes e talentos de dramaturgo e faria cair o pano para começar o segundo ato. Não acham? (pausa para pensar)Nazareth escreveu a noite inteira. Mas aí, pela manhã, talvez por causa do esforço da noite ele estava doente. Tomou umas cápsulas de remédio, resolveu tomar um banho, mas o fato é que só saiu do quarto quase meio-dia. (tomada da saída para o banho, coma ajuda de Alice. Ela se aproxima, então do guarda-roupa, com a chave, e ao abri-lo, S está morto e nu. Toca a sineta. É dona Ricardina, uma perua, uma visita. O morto é recolocado no armário).
R: Parabéns pelo seu aniversário. (entrega flores. Alice está apreensiva).
Alice: Obrigada.
R: Não pude vir à sua festa de ontem, minha querida.
Alice: É que Nazareth iria viajar.
R: Você bem sabe como gosto de uma festa.
N: Você está escondendo algo querida?
Alice: (assustada) Como? Não! Dona Ricardina...
R: Hoje é o dia exato do aniversário de Alice, não é Nazareth...
N: Com certeza, Ricardina, mas entre...
R: Temos que fazer uma nova festa.
Alice: Não ... não é preciso... eu não quero...
N: O que é isso, meu bem... Ricardina tem razão... o dia certo é hoje...
Alice: Mas, você está doente, Nazareth.
N: Já estou bom. O banho me restabeleceu.
Alice|: Mas, eu não quero festa..,. não quero!
N: Teremos festa... e é pra já... (toma do telefone e disca) onde já se viu... alô... é da casa do Silva? Ele está? (fecha no rosto de Alice).

CENA 8
(Cena de festa com muitos cravos vermelhos. Uma festa pop. Muita música gente por todo lado. “A” passa pelas salas, como se fosse um ser alheio á coisa. “A” encontra Alice em um dos salões. Está atraente. Maquiagem que mostra em estado precário. Um ar de sonâmbula. Copo na mão.)
A: Trago a notícia de que o Silva não vem... não se sabe o que aconteceu... a família está desesperada... ele nunca dorme fora de casa.
N: (tomando A pelo braço) Certamente estará por aí em alguma rapaziada. Vamos à festa. (passam por Alice. Ela acompanha os dois e a cena se enevoa em clima azulado de nébulas e tédios. Ela sai em desesperos. Toma dos braços das pessoas, indaga algo que as pessoas desconhecem, até chegar a A, tomando-o pelo braço, retirando-o do círculo de amigos, levando-o à uma janela).
Alice: Não está sentindo um cheiro no ar?
A: Não.
Alice: Não é possível... eu sinto um cheiro mau... forte...
A: O único cheiro que sinto é desses cravos... nada mais. ( e saiu pelo meio da multidão em direção ao quarto. Procura, fecha janelas, fecha portas, fecha gavetas, encosta um material pesado na frente do guarda-roupa, sai para o corredor, encontra A).
Alice: Você não está sentindo um cheiro horrível?
A: (observando-a como quem vai dar a deixa) Sim... estou sentindo.
(Alice recebe um baque. Grita desesperadamente. Sobem pessoas. Ela os encaminha para o quarto e abre o guarda-roupa. Tomba o cadáver apodrecido do S. Chega o marido.).

CENA 9
A: Aqui termina a peça. ( o som da festa aumenta)
2: Por que não escreve, desembargador?
A: Já disse que não tenho talento algum para isso.
2: Só por isso?
A: è que ainda não estou completamente senhor desse drama. Não sei, por exemplo, que papel meu amigo Nazareth, realmente desempenhou nessa história. Será que ele desconfiaria da mulher? (tomada dele entrando no quarto por ter perdido o trem). Será que ele a viu dar as chaves ao amante e no quarto, claramente o trancou no armário? (cena fechando o guarda-roupa), passando a escrever a noite inteira, de propósito? Não terá isso, tudo isso, uma vingança horrenda, por causa daquela quantidade imensa de cravos espalhados por aí? (tomada de cenas da festa).
1: Que lhe parece?
A: Estou tentado a acreditar que o foi ( olhar pensativo de A . tomada da cena em que A vê Alice entregando a chave. A bate no ombro de N que desaba a cabeça desalentado sobre o ombro e senta-se sem ânimo na cadeira. Retorno para o olhar pensativo de A que se transforma em um sorriso de mofa e um dar de ombros em seguida). Mesmo porque, para a intensidade do drama , é necessário que assim tenha acontecido. (faz sinal para os rapazes, e se retiram da sala. Fecha na biblioteca com um leve som vindo da festa).













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