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Artigos-->A Comunidade -- 02/12/2007 - 11:47 (Max Diniz Cruzeiro) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Comunidade é um grupo de pessoas que convivem num mesmo espaço restrito por dimensões bem definidas com estrutura dominante própria, cultura tipificada, linguajar por vezes definido com características locais, leis próprias, regras sociais de conduta e comportamento diferenciadas de outras localidades e identidade visual marcante.



Uma comunidade é um subconjunto da sociedade que a integra. A comunidade traz para si somente as normas que a sociedade impõe que convém ao grupo. Quando a norma tem força de lei a comunidade tem tendência de se organizar clandestinamente – à margem da lei.



No núcleo de uma comunidade está a presença marcante de um ícone que a representa em termos de influência perante outras comunidades e a sociedade como um todo. O poder está na mão daqueles que detêm grande parte do capital da comunidade, e que se sente na obrigação de efetuar a partilha dos bens com os membros do grupo.



Esta relação de troca entre o poder dominante de um núcleo e os populares é uma forma de manter uma rede de relacionamentos cujo dominante se sentirá protegido pelos populares que retribuirão com informações, consumo de seus produtos, acobertamento de ações clandestinas em relação ao referencial da sociedade quando marginalizados pela lei e fidelidade. Este último é conquistado pela troca de favores no sentido do poder dominante fazer as vezes de estado.



O poder dominante oferece abrigo para os simpatizantes, alimentação, ajuda para que os iguais, ou populares, possam suportar suas despesas, proteção contra facções rivais que querem destruir a estrutura montada de uma comunidade, oferece transporte para idosos, serviço de comunicação como pontos de informações e encaminha os populares a serviços médicos quando necessários.



O preço da submissão é a lealdade aos ideais do poder dominante. Nenhuma outra estrutura é tão forte ou poderosa quanto a um núcleo de comunidade, pois ela influencia diretamente sobre a vida das famílias quase sempre marginalizadas pela sociedade por estarem à margem da independência financeira.



Ao contrário do que se pensa, nas comunidades existem sub-núcleos de esfera de influência que na sua grande maioria é formada por pequenos comerciantes que têm o aval da estrutura dominante local para desenvolver as atividades de negócios, quase sempre sem amparo legal da sociedade, sob um esquema de forte proteção institucionalizada do poder local.



A hierarquia em uma comunidade é muito próxima uns dos outros. Os níveis se comunicam com grande facilidade e a vida de cada um é percebida por todos do grupo ou grande parte dele. Assim, quando alguém do grupo se destaca logo todos ficam sabendo e o poder dominante controla esta ascensão para observar se há perigo em sua hegemonia na estrutura do poder ou será mais um aliado na manutenção da ordem pública no conglomerado em questão.



Na maioria das comunidades as residências estão próximas umas das outras. Existe uma estrutura de ajuda mútua onde todos se beneficiam pelo mutualismo e respeito ao próximo. Os vizinhos são conhecidos e geralmente freqüentam os lares dos conhecidos da divisão territorial a sua volta. Existem comunidades que as estruturas físicas da construção têm aparência de bairros de classe média (B2), outras preservam traços de classes mais baixas (D e E).



Nas comunidades existem pessoas que pertencem a todas as classes econômicas, mas a grande maioria é carente de recursos. A simplicidade é uma componente muito importante na vida dos comuns. Todos são iguais, não importa o nível hierárquico. Outra componente interessante é a honestidade entre os iguais. Assim, um membro da comunidade não pode “passar a perna” em outro da mesma comunidade.



A estrutura religiosa tem livre acesso dentro das comunidades. Geralmente a força da igreja é neutra em relação aos núcleos de poder de uma comunidade. É livre a manifestação da fé seja ela o que for. Não se verifica com freqüência a exclusão de grupos religiosos de qualquer natureza ou sua interferência na vida dos comuns.



O poder de polícia do estado é visto de forma negativa pelos populares. Geralmente existem conflitos entre eles, e membros queridos das comunidades acabam por perderem suas vidas deixando indignado uma grande parcela dos populares que detinham certo carisma por estas pessoas que na visão deles as protegiam, ajudavam nas horas mais difíceis e respeitavam as regras sociais da localidade.



Verifica-se que o nível da educação está elevando dentro das comunidades, porém é ainda mais baixa se levada em consideração toda a sociedade. As dificuldades financeiras impõem uma triste realidade para os populares que quase sempre sem alternativas buscam formas ilícitas de desenvolverem atividades.



A sociedade externa à comunidade quase sempre marginaliza o comum. Isto fortalece mais ainda os núcleos de influência dos populares onde as pessoas encontram refúgio e quase sempre ocupação. Os valores são calcados na resistência das idéias, na preservação à vida através da conduta livre dentro das comunidades. O referencial é o opressor: aquele que não transfere a “parte do bolo” e que canaliza todos os esforços para continuar impondo a sua forma de pensar e sentir. Então o repúdio à sociedade germina como uma forma de expressar o ressentimento pela marginalização do sistema.



As atividades de comércio não-legalizadas como os ambulantes, engraxates, flanelinhas e pedintes são desempenhas na maioria das vezes por pessoas ligadas à comunidades pela falta de opção por não conseguirem trabalhos ditos legais para sustentarem suas famílias.



Mas existem advogados, médicos, doutores, psicólogos, pedagogos e odontólogos nas comunidades. Estas pessoas, na maioria das vezes, contaram com o esforço da família e dos amigos para concluírem os estudos. Mas pelas estatísticas oficiais o número de cidadãos que moram em comunidades que atingiram o nível superior ainda é bastante pequeno.



A intervenção do estado promove o conflito uma vez que ela desvincula laços de amizade, gera desconforto pela presença de pessoas estranhas no meio, impede o comércio de atividades ditas não legalizadas, mas que não ferem o princípio da lei, como uma padaria que não tem o cadastro nacional de pessoa jurídica, e promove a ociosidade na comunidade.



O estado como protagonista de sua falta de mobilidade dentro das comunidades deveria preocupar-se em desenvolver ações de integração com os comuns. Possibilitando o acesso a informação, à saúde, à educação, ao esporte, a melhores moradias respeitando o princípio que une aqueles indivíduos dentro de cada contexto social.



Não se engane que a formação de comunidades pertence apenas aos mais fracos. Os mais ricos também formam suas próprias comunidades que na maioria das vezes o lugar de encontro é diferente do lugar de residência. Aqui estão inseridos os clubes, salões de festas, congressos e comunidades virtuais.



As comunidades virtuais são acessíveis a todos da sociedade e até mesmo pessoas de outras sociedades, porém o padrão exigido para participar delas requer um mínimo de estrutura física e de equipamentos necessária para a troca de idéias. E a grande maioria dos indivíduos que possui menos condição de vida fica fora deste canal de relacionamento.



Com o advento da internet as comunidades virtuais se espalharam. Existe em grande parte das comunidades virtuais a presença hierárquica de um número limitado de moderadores que irão definir o que é interessante mostrar ao grupo as informações coletadas pelos seus membros. Outros, porém selecionam os membros pelo interesse demonstrado em entrevistas.



A democratização da tecnologia levou ao surgimento do negócio de lan house onde uma pessoa que não possui equipamento e nem estrutura para ter um computador possa acessar a internet alugando o equipamento por hora conectada. Isto fez com que mais pessoas das classes mais baixas pudessem participar deste fenômeno social que modificou a forma de convívio entre pessoas.



Ao contrário das comunidades físicas, a comunidade virtual não vê padrão de classe social, não está ligada a estruturas de poder, quase sempre não entra em conflito com o estado (a menos que desempenhe caráter paramilitar, tráfico de drogas e entorpecentes, incite sobre a prática de delitos ou atente contra a ordem do estado) que terá o seu funcionamento bloqueado por decisão judicial.



Como forma de promover uma melhor equidade das informações de uma sociedade, a comunidade virtual sai na frente. Ela não tem obstáculos à socialização. Isto não quer dizer que as comunidades físicas correm um sério risco de desmontar suas estruturas de dominação e poder por parte dos núcleos de influência, mas sim que o acesso a informação torna-se mais democrático e passível de melhorar a relação entre grupos.



A tendência geral é que a troca de informações que possibilitem o melhor conhecimento das comunidades físicas, dos bairros, das cidades do interior, dos centros urbanos e dos núcleos de classe alta. Os preconceitos de uma estrutura física com outra devem ser minimizados à medida que as pessoas passam a se conhecer e a respeitarem mutuamente.



Outra forma de comunidade é o isolamento de idéias pela hegemonia de um pensamento espiritual que eleve o adepto a uma categoria de ser que busca a purificação da alma e do corpo contra tudo aquilo que ele admite como perverso na sua concepção do existir. Neste grupo estão inseridas as comunidades religiosas.



Nas comunidades religiosas o isolamento é um fator importante, pois ele defende uma ruptura com o mundo ou sociedade para atender os ensinamentos de uma carta magma ou livro base para todo o ensinamento. Os valores, nestas comunidades, são seculares, e passam de geração para geração obedecendo aos ensinamentos dos seus criadores. Existem tutores responsáveis por gerenciar a aplicação das regras de comportamento e quem não se adequar às regras impostas a todos é convidado a retirar-se da comunidade como uma forma disfarçada de banimento.



A fé move o pensamento dos adeptos. O mestre é o referencial e os adeptos têm a tendência de copiar seus modelos neurais de pensamento. Quase sempre não existem reformulações dos dogmas e preceitos a seguir. São estruturas fechadas que abrem para a retomada de novos adeptos em muitos casos. Tem a tendência de resolverem seus problemas sociais entre si, não importando ao estado que intervenha na forma de vida que escolheram viver. Quase sempre seguem as leis da sociedade, o que os tornam um ponto neutro na esfera social.



Outra forma de comunidade é a científica. Formada pela estrutura pensante e quase sempre está ligada a forma dominante do estado, composta por pesquisadores, doutores, cientistas, desenvolvedores, consultores e analistas se preocupam por provar por processos empíricos as realidades do mundo.



Suas provas e pressupostos não têm contestação quando seus experimentos são elaborados dentro dos padrões e normas aceitos pela ética e cientificismo. As mudanças que estas comunidades provocam em sociedade são enormes, pois elas têm por natureza a habilidade de influenciar valores, tomada de decisões, mudança de paradigmas, mudança de critérios e afetam a forma que as pessoas vêem a vida e seus relacionamentos.



As comunidades científicas são as mais isoladas fisicamente. Eles geralmente encontram-se em congressos, workshop, teleconferências, revistas de artigos científicos, universidades e centros de pesquisa. Tem um elevado padrão de vida, possuem um linguajar próprio, tem grande prestígio na sociedade e em termos de hierarquia possuem uma diferenciação pelo grau de estudo que cada um possui.



Quase sempre as comunidades científicas estão do lado da lei. Quando conseguem provar teorias que contradizem as leis, essas têm uma tendência de passarem por uma forte reflexão por parte da sociedade com a finalidade de adequar o novo conhecimento à nova realidade trazido pelo meio científico. Quando estão fora da lei, a utilização do conhecimento é canalizada para a construção de projetos que vão contra os princípios da carta magma que rege uma nação.



Observe que as comunidades entre si não possuem muitas divergências. Os conflitos ocorrem em relação ao estado quando algum princípio máximo que o estado impõe é afetado pelas atitudes dos comuns em suas relações dentro do grupo e suas relações externas ao grupo. Nem toda relação dentro do grupo é permitida pelo estado, que é o conflito em primeira instância que é a interferência estatal na forma em que os comuns escolheram influenciar suas vidas. Em segunda instância está a influência do grupo sobre a sociedade. No segundo caso o grupo tudo fica marginalizado quando a relação de influência é ilícita e quase sempre o estado faz poder do sua força de polícia para restabelecer o padrão aceito pela sociedade.



Convém lembrar que o estado é a representação da sociedade, então por que as comunidades, que estão inseridas no contexto não primam por estarem dentro da lei? É por que nem toda comunidade possui um número expressivo de membros para influenciar as decisões de estado.



Os conceitos entre comunidades de vida, educação, religião, comércio e convívio social podem variar drasticamente de uma cultura para outra. O conflito social não acontece porque o estado está presente na repartição do conhecimento. Ele tenta levar um pouco de cada um para que todos possam ter uma idéia do complexo social em que vivemos isto tudo através da rede oficial de ensino.



Os unificadores da sociedade são o idioma, a moeda, o patriotismo e a educação. O idioma se estabelece pela formação de uma norma culta onde todas as vertentes das comunidades devem espelhar nela. A moeda surge como uma base de troca capaz de uniformizar as relações de permuta por bens e serviços. O patriotismo está ligado a unidade nacional, onde o espaço territorial pertence a toda a sociedade. E a educação é o aspecto referencial do conhecimento global da sociedade que visa preparar cada indivíduo para sua perpetuação.



Os unificadores dentro da comunidade são a regionalização do idioma, o sistema hierárquico e a culturalização. Com a regionalização do idioma os membros da comunidade conseguem transmitir suas idéias de forma clara para si e de forma obscura para não-membros. O sistema hierárquico define as estruturas de poder e grau de conhecimento entre os comuns. Com a culturalização cada comunidade cria uma identidade própria que a represente perante a sociedade.



Os unificadores entre comunidades são o idioma oficial, a moeda e a educação. Com o idioma oficial as pessoas trocam idéias e os grupos traduzem em seus idiomas regionalizados a essência de que precisam para que as informações sejam úteis dentro dos seus grupos. A moeda aparece como um forte elemento para base de troca também entre grupos. E a educação unifica a forma de pensar embora para cada grupo exista uma diferença de embasamento, em termos de premissas teóricas, que permitem ter visões distintas de mundo sobre um mesmo conceito abordado pela educação oficial.



Nem todo indivíduo pertence a uma comunidade, mas todo o indivíduo pertence a uma sociedade. A sociedade é complexa, a comunidade pode ser ou não complexa. A sociedade é a união de todas as comunidades e indivíduos que não estão inseridos em comunidade. Uma pessoa pode pertencer a mais de uma comunidade. E uma comunidade pode ser subconjunto de outra (é o caso de comunidades médicas ter como subconjunto uma comunidade de pediatras).

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