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Artigos-->O Capitalismo -- 02/12/2007 - 08:14 (Max Diniz Cruzeiro) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
A base de troca do capitalismo é a moeda. Quem tem direito a consumir os recursos materiais são aquelas pessoas que possuem o capital como base de troca para produtos e serviços. Este texto visa destrinchar tudo o que caminha por trás do capitalismo, suas relações e atitudes das pessoas no que se refere ao comportamento social e valores humanos.



Uma forma adotada para quantificar o trabalho é através da remuneração. Ela é uma base de troca onde o esforço por produzir bens, serviços, esforço físico e conhecimento são recompensados por moeda. Existem cotas determinadas pelo valor de complexidade e/ou excelência das tarefas executadas.



Na remuneração uma parte é detentora dos meios de produção e por isto se remunera com o lucro atingido pelo negócio. A outra parte vive com a quantificação de seu esforço que reza em contrato, não cabendo nada além do que estiver compactuado.



No capitalismo quando o negócio vai mal existe uma ruptura do contrato social com o remunerado podendo o remunerador fazer o que bem entender, dentro da lei, com seu negócio, desde que pague o que for devido àqueles que o ajudaram a manter o negócio quando era lucrativo.



O lucro para o proprietário é apenas a apropriação gerada pelo uso dos equipamentos, da estrutura e das instalações, uma vez que já remunerou os participantes não-proprietários do negócio pelo seu esforço. Mas alguns tipos de negócios no capitalismo prevêem que os não-proprietários possam assumir parte dos lucros, de forma contratual, onde para o proprietário é apenas um incentivo para que o não-remunerado faça uso das ferramentas de trabalho de forma mais intensa e aumente assim ainda mais o lucro/capital do negócio.



Para os não-proprietários o incremento na remuneração que parte do lucro é uma vantagem relativa, pois seu esforço ocioso, fora do serviço, que não lhe rendia dividendo agora passa a contar como uma reserva de valor onde o tempo extra despendido para gerar novos produtos e serviços para os proprietários gerará um acréscimo de renda gerando maior satisfação na obtenção de uma quantidade mais elevada de produtos e serviços que poderá adquirir gerando mais conforto para si e sua família.



A legitimidade pela acumulação de capital se dá por três fatores: mérito, sorte e hereditariedade. No caso de mérito a pessoa abre mão de consumir bens e serviços para poupar e assim acumular moeda. Sorte quando a pessoa não tem uma relação direta de causa e efeito, como por exemplo, receber uma boa doação de um desconhecido ou ganhar um prêmio na loteria (retorno do risco de despender uma pequena quantia). E a hereditariedade quando a pessoa recebe capital, seja na forma que for, de sua escala ascendente e descendente.



O processo de acumulação é um nivelador social hierárquico. Os níveis mais elevados tendem a possuir uma parcela maior de moeda do que níveis mais básicos. O esforço físico das camadas mais baixas tem uma tendência de ser menos remunerado do que o esforço mental das camadas mais elevadas.



A divisão do trabalho obedece a regras claras de especialização. O grau de conhecimento gerado estabelece numa economia estabilizada a diferenciação em camadas dos não-proprietários que são divididos em níveis intermediários de poder através de cargos e funções. As funções refletem um suposto potencial diferencial entre os subalternos. Mas num mundo capitalista, quando um negócio vai mal o excedente da mão de obra da base e as funções mais elevadas são os primeiros a sair do negócio. As funções são reocupadas por não-proprietários menos experientes e dispostos a ganhar remuneração mais baixa que o ocupante do antigo posto. Para o não-proprietário sem experiência é como se ele ganhasse uma oportunidade para mostrar o seu valor e potencial humano. Para o não-proprietário que perdeu a função será um problema, pois terá que mostrar para o mercado que o seu diferencial vale à pena a remuneração que manterá o seu nível de renda nos mesmos moldes de antes.



Para um governo que é capitalista é ruim para os proprietários tê-lo como um concorrente. Então a sociedade capitalista, influenciada pelos donos da maior parcela do capital empurra o governo para atividades como regulamentação, assessoramento e divisor social. Mas quando o capital a ser investido em uma sociedade é enorme e não há previsão de retorno, ou este é muito lento, então a sociedade cobra do governo que tome conta de determinadas áreas de produção para que outras atividades dos proprietários possam aflorar e gerar mais capital.



No capitalismo existem oportunidades para todos. Cabe cada um descobrir os ramos de atividade que necessitam ser explorados ou potencializados para gerar riquezas. O diferencial de mercado está relacionado com os fatores: criatividade, expertise, uso adequado das inteligências, oportunidade, capital inicial disponível e capacidade de inovação.



Uma pessoa ter capital não significa que terá capacidade de desempenhar negócios. Se não houver um feeling para o investimento fatalmente a pessoa, proprietária do capital, irá perder suas reservas até ser necessário ter remunerado seu trabalho para sobreviver novamente.



O capitalismo gera camadas da população na escala da sobrevivência que precisam ser amparadas pelo governo. Estas camadas geralmente não têm grau de instrução elevadas e que por isto, as tiraram do mercado e encontram-se impossibilitadas de enquadramento em algum ramo de atividade por não possuírem qualificação. O governo como divisor social é o responsável por trazer esses cidadãos de volta ao consumo em sociedade de forma que possam se reintegrar pelo tutoriamento do estado em programas sociais de acumulação de conhecimento.



O consumo no capitalismo por vezes é exagerado para aquelas camadas da população que não tem uma mentalidade poupadora. As pessoas, nesse caso, preferem gastar no presente o resultado do esforço recebido como remuneração. Para a economia o gasto excessivo por bens e serviços gera uma demanda crescente de ocupação dos não-proprietários possibilitando que mais pessoas saiam da faixa marginalizada da população que subsiste.



Por outro lado o consumo exagerado gera uma escassez de materiais em médio prazo encarecendo os produtos e diminuindo o valor da moeda de forma a gerar inflação e a desequilibrar a sociedade. As pessoas deixam de comprar produtos e serviços, os proprietários têm seus lucros reduzidos, os negócios declinam, os não-proprietários ficam ociosos e por fim são dispensados para adequar à nova demanda do mercado.



Numa sociedade capitalista ocorrem muitos desvios de psique por parte dos que conseguem progredir acumulando muito capital, quanto também por parte dos excluídos. Os primeiros perdem a noção, em muitos casos, do verdadeiro papel da moeda e vivem do luxo para o luxo. Gastam de forma a não importar com o valor-benefício que a moeda proporciona, porém a vantagem deste comportamento é que é gerador de ocupação para os não-proprietários. Já os segundos, vivem as frustrações de não poder adquirir bens ou serviços essenciais para sua existência. Regram a vida de forma a continuarem a existir por dias melhores.



A escala de valores da sociedade bem como sua ética define as relações aceitáveis que o capital proporciona. Assim, o código moral, de leis, de comportamento e regras sociais abraça o capitalismo e lhe dá legitimação. O próprio sistema é gerador de desequilíbrio principalmente quando não existe uma boa relação entre proprietários, não-proprietários e governo.



Uma pessoa no capitalismo pode ser proprietária, não-proprietária e governo ao mesmo tempo. O relacionamento entre pessoas deriva da complexidade de links entre família, proprietários e governo. O grau de relacionamento que uma pessoa tem é, por vezes, decisivo para que ela seja bem sucedida em sua remuneração.



A amizade entre pessoas é um canal enorme na estrutura de decisão que faz uma pessoa obter uma remuneração elevada ou de conseguir uma ocupação e participar da partilha pela produção de produtos e serviços de uma sociedade.



O capitalismo também faz a partilha da geração de divisas numa sociedade. Só que distribui de forma desigual conforme os quesitos anteriormente abordados de mérito, sorte ou hereditariedade. Os que ficam de fora devem ser assistidos pelo governo, cuja transferência para esta atitude é custeada pelos proprietários e não-proprietários.



Quando não existe mérito para a acumulação de capital e o mesmo não foi adquirido por sorte ou hereditariedade o estado se encarrega por vias legais de subtrair a quantia que o agente não tinha direito de possuir. Como exemplo os bens e direitos acumulados pelo tráfico de drogas. O confisco de terras improdutivas em que a lei exige que seja produtiva. E muitos outros motivos.



No caso da hereditariedade para ser válida o agente não deve participar diretamente ou indiretamente da morte da pessoa que deixou o capital de herança para si. É o fator moral aqui que faz a lei ser válida e permite uma regra clara que torna as relações entre pessoas mais amigáveis e estáveis.



O governo administra proprietários e não proprietários. É responsável pela temperança no relacionamento entre as partes. Ele é o equilíbrio entre os grandes e os pequenos. Exerce seu poder de polícia quando necessário. Como regulamentador prevê punição para delitos e excessos. Orienta os administrados quanto ao rumo a tomar através de campanhas, atos públicos, propagandas, programas e projetos.



O poder surge da ficção do capital e está na relação de quem pode influenciar por meio da moeda uma grande quantidade de pessoas. A influência pode ser de forma direta ou indireta. De forma direta quando o bloqueio do capital por parte do agente dominante faz com que haja uma diminuição no padrão de renda dos não-proprietários. De forma indireta quando a relação de diminuição no padrão de renda não é identificada de imediato mais ocorre um distanciamento da progressão da renda por um fator de bloqueio que impede sua progressão.



Acumular bens é um gerador de status. O consumo cria artigos de luxo, de desejo, de prazer, de conforto e de satisfação. Então uma pessoa que se cerca de inúmeros artigos de necessidade terciária tem a sensação de segurança, de estar bem protegida, de privacidade e de comodidade. A pessoa passa a ser o que tem de produtos ou o que pode utilizar de serviços.



A volatilidade do capital garante um grau de ocupação elevado. Se uma economia as pessoas estão dispostas a somente poupar capital então não haverá equilíbrio das contas e o sistema capitalista entra em colapso pela falta de compradores de produtos e serviços. O estado deve incentivar os administrados a poupar pouco mais que seu excedente, para que este num futuro possa adquirir bens e serviços mais elevados.



Não é interessante para o capitalismo ter classes econômicas C1, D e E muito elevadas, pois estas classes tem pouco poder de compra. O ideal para uma economia capitalista é que a remuneração do proprietário não passasse a 3 vezes o somatório de todas as despesas e reinvestimentos (incluindo os não-proprietários). Porém num sistema capitalista não existem limites para lucros e ganhos. Sendo parte do montante excedente retirado através de mecanismos como o imposto de renda. Mas se os preços individuais forem considerados abusivos o poder público pode intervir de forma a limitar o lucro para aquele excesso específico.



Se o proprietário dos meios de produção tiver consciência e limitar seu lucro e reinvestir grande parte dele estará fortalecendo a cadeia produtiva e seu patrimônio. O reinvestimento implica em gastos e na geração de ocupação causando grande benefício para a sociedade como um todo.



Se os não-proprietários tiverem a noção que é necessário especializar, então procurariam por novos conhecimentos, novas técnicas, novas estruturas de comportamento, novos paradigmas a seguir e conseguiria ter um diferencial dentro de sua profissão que o tornaria atrativo por um proprietário de capital que quisesse desenvolver um negócio rentável.



Todo o sonho de um não-proprietário é tornar-se um proprietário de capital. E uma vez proprietário o sonho para ser conseguir status, por sua vez passa a ser a obtenção de poder. Outras formas derivantes paralelas também são sentidas como a culturalização, busca pelo lazer, visão de mundo, sintonia com o corpo e mente,...



O capitalismo não é cruel com o ser humano, o seu uso é que deve ser regulamentado pelo governo. Numa sociedade em que todos desejam ganhar é necessário um convite ao bom-senso para que todos os agentes da sociedade também dividam suas obrigações para que o lucro seja repartido mais justamente entre todos os envolvidos.



Quando uma perda é um lucro? Quando o limite imposto ao capital preservará um conjunto de pessoas de um prejuízo incalculável à vida, dignidade, consciência e caráter humano. Uma atividade capitalista deve ser regrada de acordo com as diretrizes básicas da sobrevivência, do meio ambiente, da propriedade e do esforço individual.



A ruptura do capitalismo para outro sistema requer em mexer com inúmeros valores sociais em que a sociedade está assentada a mais de 500 anos. Qualquer modelo que a substitua passará pelas mesmas fases de divisão de poder, mudança de paradigmas, como dividir o capital de forma mais equânime e busca de um novo referencial.



O capitalismo é responsável pelo atraso econômico? Não. O responsável pelo atraso econômico brasileiro é a forma de pensar dos agentes. Os negócios são predatórios, há que se criar uma cultura para um modelo auto-sustentável. O governo da mesma forma que tenta gerir os administrados não-proprietários que estão no limiar da pobreza também deve gerir os proprietários com instruções e informações para melhor manter seus negócios e assim aumentar a capacidade de alocação de agentes nas empresas privadas.



A moeda como fator de expansão ou retração: o multiplicador econômico determina se uma economia está acelerada ou não. Assim, se as pessoas estão circulando demais a moeda na economia isto pode gerar um fator inflacionário pela disputa da demanda de produtos e serviços. Mas isto é sentido em segmentos que tem pouca concorrência. Em seguimentos com bastante oferta este efeito não é tão sentido.



No mundo capitalista, uma medida governamental deve ser seguida de outra medida que regulamente o efeito da primeira. E como cascata o governo deve agir sempre na frente para prever o comportamento do mercado e assim, dimensionar as ações necessárias para o equilíbrio em pleno emprego.



O governo não pode retrair investimentos em áreas estruturais, pois o atraso na modernização das estruturas físicas determinantes para o escoamento da produção pode ter um prejuízo sem precedentes para o futuro. O estado deve prever o crescimento e adiantar os benefícios materiais para atender a demanda necessária dos negócios, ou seja, pela construção e reforma de estradas, pontes, ensino, portos, aeroportos,...



O capitalismo selvagem e a aversão ao capital são elementos contrários ao sistema capitalista. O primeiro por agir de forma predatória, não respeitando direitos e o segundo por querer destruir uma base de troca que foi inventada com a formação da humanidade e que já está enraizada em cada um. Existe capitalismo no socialismo puro. O que difere ambos é a divisão do capital que rege por outras fontes de pensamento.



Não tente fugir do capital, pois em qualquer sistema ele te acompanhará. Aprenda a viver de forma harmoniosa com as relações de troca já estabelecidas. Para que num futuro as bases de troca evoluam e as pessoas possam ser mais felizes. Lembre dos japoneses que após a segunda guerra mundial estudaram muito em outros países e voltaram ao Japão e melhoraram os produtos e serviços de seus instrutores.



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