Minha Vara é Comprida, Piolho Chato
(por Domingos Oliveira Medeiros)
Amigo Piolho Chato
Seu valor eu reconheço
Sua rima é bem perfeita
E por você guardo apreço
Mas seu argumento é furado
Quem pegou o bonde errado
Foi você, e eu não mereço
Ser assim tão castigado
Pelo meu inconformismo
Acho até que esta questão
Também cheira a nepotismo
Amigo arrumando um jeito
Empregando algum sujeito
Na base do protecionismo
Desculpe, mas vou imitá-lo
Vou ser chato sem perdão
A força do nada inexiste
Isso é pura omissão
De quem age como Pilatos
Ante a evidência dos fatos
O Diniz só lava a mão
Se não ofende ninguém
E age discretamente
Sua palavra é em vão
A mim parece evidente
O surdo-mudo e poeta
Escreve por linha certa
Para quem é não-vidente
Se o gatilho funciona
Por conta de estar sendo lido
Não fui eu quem descobriu
Há um outro intrometido
Que se antecipou primeiro
Adotou seu mensageiro
Sem nada ter entendido
Pois o seu poeta calado
Afirmo e volto a dizer
É mais um caderno em branco
Sem nada nele escrever
Não há como questionar
Não há o que comentar
Palavra de quem é franco
Finalmente, mestre e amigo
Devo-lhe esta explicação
Nunca fui nem sou malcriado
Nem tentei provocação
Apenas e tão-somente
Por entender pertinente
Dei a minha opinião
E pra encerrar a contenda
Sou muito mais seu gatilho
Que só posso admirar
Considero-me seu filho
Na arte de cordelar
Você só tem a ensinar
És espiga e eu o milho
PS.: Amigo Diniz e mestre Piolho Chato, não pensem que lhes quero mal. Abraços. Domingos.