Preciso me lavar desses poemas,
rasgar todos os versos ruins
e queimar o peito que inspira.
Devo extirpar o cancro
que me move feito gado,
essa dor gloriosa de conhecer
o final da estória
que eu mesma desinvento.
Mas qual nada!
Sou há muito vacinada,
dessensibilizei-me das lágrimas
de dor,
daquelas das doenças todas,
das maldades.
Só não consigo me erradicar
dessa tua cicatriz.
Lílian Maial |