O questionamento desse texto, leitor, é bem simples: quem lhe fez acreditar nos “poderes eternos”? Se a ideologia institucional o acomoda socialmente, interrogue a si mesmo, até quando vai ficar na defensiva.
Conforme os estudos do filósofo francês Michel Foucault, devemos entender a História, assim como a Filosofia e outras ciências, do ponto de vista de seus discursos criadores. O poder é um grande discurso, subdividido em categorias específicas, atendendo os interesses de quem o institui. Ou seja, um discurso jurídico impregna-se dos setores militar e religioso, apoiado na legislação do estado. Nesse complexo e contraditório país, onde CPI`s são arquivadas como cartas secretas, deputados e senadores enclausuram-se com seus paletós de aço na arrogância do status e manutenção política de seus interesses.
Chamamos isso de “práticas do direito”, onde coerção e favoritismo estão na ordem do dia. É o que Edgar Morin, sociólogo, exemplica como “política má”. Os saberes produzidos pela ciência são utilizados por essas personas do poder, comprometidos com o monopólio do conhecimento em detrimento da vontade coletiva.
O poder é um projeto de diversas culturas (ocidentais, orientais e árabe-muçulmanas) na configuração de seus privilégios, algo verificado como autoritarismo social, repressão enquanto medida de controle governamental. Não apenas isso, mas a ordem que rege a constituição cultural e espacial de um povo.
Nessa perspectiva, vale ressaltar a imposição de quem controla o legitimismo do poder (Senado e Câmara Federal), o controle ostensivo é uma filosofia de vida (um conceito normatizador): greves não serão reconhecidas, tampouco salários reajustados. Assim como projetos que atendam minorias étnicas, reconhecimento de cidadania, setores civis e outros, ficam para segundo plano. Aliás, as eleições estão próximas...
Ao mesmo tempo, fico feliz em saber que esses poderes não são definitivos – mesmo sendo encarados como religião – a não ser que os encaremos como imutáveis. Penso que um colapso social será inevitável, como estratégia de pressão contra os símbolos do consumo e falta de consciência das elites, levando-se em conta a miserabilidade das massas ansiosas por alternativas de inclusão social em qualquer lugar do planeta. |