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Artigos-->MILAGRE DA LUZ -- 18/11/2007 - 22:46 (Carlos Rogério Lima da Mota) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


Há dias em que acordamos com o pé esquerdo, completamente desorientados, com o horizonte turvo, dominado por uma estranha força sobrenatural, que nos persegue até o último pó de areia do universo terrestre, almejando possuir-nos de alguma forma. E, hoje, estou num desses dias, acordei completamente sem vontade de falar, de ver pessoas, de ouvir qualquer sussurro, com uma pressão tão forte em minha cabeça, dando-me a sensação de que o epílogo de minha história chegou ou está breve.



Levantei da cama, fui ao toalete, lavei o rosto. Ele parecia ter envelhecido séculos e mais séculos... Que falta de coragem eu estava para permanecer diante daquele espelho, na verdade, o revelador-mor de minha também nada nobre alma. Abaixei a cabeça e, ao sentir uma brisa vinda da janela, tive a nítida impressão de que havia ouvido uma voz. Sei lá! Era tão doce que meu corpo, em poucos minutos, encontrava-se relaxado, como se eu tivesse bebido garrafas e mais garrafas de vinho do Porto... Que sensação extasiante!



Fui à cozinha e, ao virar o primeiro corredor que terminava diante de um bebedouro, percebi algo me seguindo; ao agachar-me, um copo espatifou-se contra a parede. Naquele momento, a calmaria deu lugar ao medo. Afastei-me devagar até a uma cadeira, nenhuma resposta era sensata para aquilo, aliás, havia apenas uma: eu estava ficando louco! O que mais pensar? Cabisbaixo, trêmulo em demasia, respiração acelerada, disse para mim que tudo não passava de um sonho, daqueles amedrontadores, que mais machucam do que elucidam os ditos mistérios da eternidade.



Levantei e fui à frente da casa... Estava tudo vazio! Não tinha ninguém para conversar, desabafar. Nuvens negras cobriam o céu e uma ventania levava para longe todas as minhas mais íntimas esperanças de retornar à realidade - a nada aprazível realidade de outrora.



_O que faz sozinho aqui fora? –perguntou-me do nada uma voz meiga e profundamente tocante, talvez a mesma de há pouco, às minhas costas.



_Eu... O que está acontecendo? – virei-me, quando tive uma surpresa inesperada. A dona daquela voz era linda, usava um vestido todo branco, adornado por uma luzerna celestial - Quem é você?



A mulher limitou-se a sorrir, insistindo na mesma pergunta.



_QUEM...QUEM...É VOCÊ?- repeti, ainda mais assustado.



_Eu sou você!



_EU? Como assim? Eu sou homem e você... bem... você é uma...uma...mulher!



_Não me refiro às diferenças que opõem homens e mulheres; refiro-me a algo maior: SUA CONSCIÊNCIA! Lembra-se de que dia é hoje? – disse, com um sério semblante.



_Não! Que dia é hoje? Você... você...quer me deixar louco? Que dia é hoje?



_O dia em que você prometeu, no leito de morte de seu irmão, há 4 meses e meio, cuidar da esposa dele, até que sua sobrinha, nos últimos meses de gestação, nascesse e conhecesse esse mundo a que muitos negam o amor divino ou se escondem por trás de palavras, cuja semântica não é capaz de alterar o futuro, estabilizar o presente ou desenterrar o passado.



_Minha... sobrinha? Que sobrinha?! – pairou o silêncio, sendo logo interrompido pelos berros do rapaz. MINHA SOBRINHA ESTÁ NASCENDO HOJE? É, eu prometi acompanhar toda a gravidez de minha cunhada e não o fiz... Meu Deus! E agora?



_Há dois caminhos no labirinto em que se encontra: corrigir uma promessa e fazer do futuro a morada dos bons; ou pertencer apenas à vida dos inúteis, cujas palavras não se medem, não se validam diante daquele a quem tudo vê, tudo sente e tudo ama...



_ Por favor, me ajude...Eu me arrependo por ter sido tão negligente!



A mulher, aparentemente compadecida, ainda que com a face serena, estalou os dedos apenas... Como por magia, a tranqüilidade repousou sobre o lugar e o rapaz, ao invés de atordoado, falante, encontrava-se na cama, debaixo de um edredom, dormindo.



Toca o celular. São 3h da madrugada. Ele pula da cama, logo lhe surge a imagem da sobrinha, e, após confirmar o nascimento da menina, corre para o hospital. Todo o assunto de outrora permaneceria em seu subconsciente, de onde ele jamais poderia desenterrar, por força do trato entre a tal “mulher” e o irmão morto do rapaz.



_Você foi divina, senhora! Como lhe pagarei por ter relembrado meu irmão de sua promessa? – perguntou o irmão do rapaz, em plano superior celestial.



_Meu maior recebimento é fazer os humanos felizes, próximos da divindade que hoje nos envolve e que, no futuro, se assim merecerem, também os envolverá.



_Estou aqui há pouco tempo, mal sei o nome de meu guardião, por isso, você que tanto me ajudou, poderia me informar o seu nome?



Ela sorriu entre um manto de nuvens e de lá, sob ecos, foi possível ouvir:



_Sou aquela que levou ao mundo dos homens o filho do dono da luz...

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