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Artigos-->Che Guevara -- 18/11/2007 - 09:26 (Paulo Maciel) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Che Guevara



Enquanto muita gente comemorava os quarenta anos da morte de Che Guevara, amigo meu muito querido, desde os bancos escolares, ficou sinceramente estupefato com a opinião que manifestei em jornal desta cidade a respeito do reverenciado Che, que ele me disse considerar o maior homem da história, depois de Jesus Cristo. Ele simplesmente não acreditou que partira de minha caneta a carta que o matutino estampou, em resposta a manifestação de outra pessoa, certamente um militante da esquerda mais radical, o que quer que isso signifique hoje em dia.

O choque do meu amigo foi tão grande que apesar de minha afirmativa de que se tratava realmente de convicção tudo que escrevera a respeito do líder argentino que teve presença extraordinária na revolução cubana, ele continuou cético. Sempre me teve por liberal, talvez até um libertário e foi duro para ele, depois que discutimos animadamente durante um bom tempo, aceitar minha posição.

Naquele momento tornei claro que, em geral, distingo as ações dos homens públicos em duas grandes vertentes: as do político, do governante e as da pessoa propriamente dita.

No caso de Che Guevara as coisas são perfeitamente compreensíveis: há o homem e o governante, o revolucionário e o administrador público, o mito e a figura de carne e osso. E às vezes uma não se parece nada com a outra. Chegam a ser aparentemente antípodas, contraditórios.

Se o Che não tivesse sido morto da forma como foi, se aquele fotógrafo não o retratasse qual um Jesus Cristo abandonado e seviciado, a face tranqüila, quase de santidade que é das mais conhecidas pelo mundo afora, se nada disso tivesse acontecido o Che Guevara não seria o Che Guevara que conhecemos até hoje.

Se, pelo contrário, tivesse envelhecido no poder ao lado do companheiro e amigo Fidel Castro não teria chegado a ser o Che que o mundo adora, a juventude idolatra, sem saber realmente de quem se trata, e os mais velhos como meu querido amigo dos bancos escolares já não saberiam onde se encontrava o porta-retrato com sua efígie, muitos talvez lamentassem a forma brutal de suas ações políticas na Cuba que continua comunista e ditatorial, uma das mais antigas do planeta.

Então, é preciso que meu querido amigo dos bancos escolares compreenda que o Che Guevara que eu enxergo não morreu naquele instante nem daquela forma, que o retrato que divulgam como sendo seu é u´a montagem que acopla a figura do Cristo à sua, coisa que um comerciante sem escrúpulos mas com inegável capacidade de venda divulgou incessantemente, por todos os meios, inclusive agora pela Internet.

Lamentavelmente o Che de minha imaginação continua a praticar atos de muita crueldade, defende seu regime fechado, ajudou a liquidar os adversários políticos, a quem chama de traidores da revolução, silenciou a imprensa, fechou os sindicatos e mantém presos inúmeros – dezenas, centenas, ninguém sabe! – de opositores, intelectuais, estudantes, poetas, todos que desejam uma Cuba livre dessa opressão que já dura quase cinqüenta anos.

É claro que ele ajudou a fundar excelentes políticas e programas nas áreas de saúde, ele que era médico, e de educação, transformando seu pequeno feudo num dos mais avançados nesses setores, mas nada disso paga o preço da falta de liberdade, da excessiva pobreza, do racionamento de alimentos, da inexistência de perspectiva de mudanças, dos salários miseráveis, da falta de desenvolvimento, da parada no tempo de seu povo.

Minha vantagem sobre meu querido amigo dos bancos escolares é que mesmo no tempo em que tive profunda admiração por Che e por Fidel Castro, em que, jovem, estive apaixonado por eles, nunca os vi como revolucionários românticos, libertadores com grandeza de espírito, como democratas. Tão logo assumiram o poder e se comportaram da forma que é peculiar aos tiranos, compreendi o que iria acontecer com seu pais.

Já disse alhures que toda ditadura é nefasta, seja ela de direita ou esquerda, familiar, empresarial, não importa. Qualquer delas tem o condão de mutilar as iniciativas, de cercear a liberdade, de embrutecer as pessoas, e não posso pensar de modo diferente no caso de Cuba. Se fizesse isso teria que tolerar a ditadura de Pinochet, no Chile, que fez as mesmas coisas que Fidel Castro e Che Guevara, mas é execrado pela esquerda.

Já ouvi de gente decente, e até inteligente, que seus ídolos, seus paradigmas continuam a ser Stalin, o bom pai, Mão Tse Tung e Fidel Castro. Ele poderia ter acrescentado perfeitamente o nome de Hitler, pois no plano da humanidade não há diferenças básicas entre eles, salvo se forem anotados ao lado do nome de cada um o número presumível de cidadãos de seus países que eles mataram e, nessa ordem, Hitler leva nítida vantagem, ganha por mais de três corpos dos dois primeiros...

Salvador, 17 / 11/ 2007





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