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Contos-->Festa das bruxas -- 14/06/2002 - 10:27 (Ridamar Batista) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O outono chega, trazendo a beleza de seu colorido, forrando o chao das estradas com tons multicolores, de folhas que se desprendem de seus galhos, com a magestade de quem sabe já ter cumprido sua missao e que a hora é mesmo de partir, deixando atrás de si o encanto de seu reinado. Como é sabia a natureza! Para morrer, fazem uma festa alegre e colorida, chamada outono.
E nesta época, quando os caminhos se vestem de mil cores, os homens criam as suas histórias, contam seus casos que serao repetidos ao longo do inverno, sentados em alguma salinha aquecida pela lareira num canto de seus lares.
Assim foi que eu ouvi este conto,contado aquí por estas bandas, num destes dias de começo de outono, quando o frio já começa entrar pela janela, assim meio sem graça, com medo de ser rejeitado...quando as pessoas já se reunem nas salas, aquecida, onde se bebe um bom vino, se come um bom queijo, fundido aquí mesmo na mesinha acolhedora e onde se conta muitos casos.
Contaram-me que os camponeses lhe contaram.
Aquí, a mayoría das pessoas em algum momento de suas vidas, já foi campones. Se vive uma relaçao muito íntima com o tempo, com suas mudanças, com a mudança das estaçoes, festas de igreja e datas pagas, introducidas no calendario cristao com o nome de um santo qualquer, ou de vários como é o caso do dia de todos os santos, 1 de novembro. Na verdade esta data festeja uma tradiçao de origem celta, dedicada ao mundo mágico das fadas, duendes, elfos,ninfas e silfos, salamandras e ondinas. Um dia consagrado aos seres que permeiam o espaço etéreo entre o mundo objetivo e o subjetivo.
Pois entao,contaram-me que neste dia, todas as bruxas tem a permissao de fazerem o que quizerem com os infelizes mortais, nao crentes nelas. Costumam festejar seu dia, junto com os humanos, aos quais elas muito apreciam. Isso só é permitido neste dia.Claro que a grande mayoría destehumanos nao acreditam nesta conversa, mas um deles, este sim, jura que isso é verdade. Porque? Veja lá.
Numa tardinha, meio nublada, assim querendo chover, o dito homem saiu de sua casa para pastorear seu rebanho de ovelhas,como era fim de verao, o pasto escasso, teve que se afastar um pouco de casa, porem andou ali mesmo, por volta de sua propriedade.
Existe ali, perto uma gruta, uma fenda aberta entre umas pedreiras, creio eu, restos do leito do velho e querido Guadiana, fenda esta muito usada para abrigar andarilhos e nômades ciganos, que passam por estas terras, desde toda a sua história. Tal abrigo muito usado já é de propriedade comum, pois aquí a intemperie é sempre uma realidade que nunca se sabe quando chega, temos até um adagio popular “ de España, nem bons tempos e nem bons casamentos”, realmente sao muito temperamentais.
Assim que o justo homem, distraído pelo caminho de sua costumeira andança, recolhendo seu rebanho que buscava um ramo verde aquí, um cardo espinhento alí, um resto de girasol tardio acolá, senta-se para descansar sobre uma pedra, na entrada da tal gruta, justo no dia 1 de novembro a tardinha.
A tarde se fazia bonita, o ceu desenhado em tons divinos,olhando aquela imensidao a sua volta, se perdeu em divagaçoes. Mal havia entrado o sol,do outro lado surgia uma linda lua cheia, trazendo consigo todo seu feitiço. Encantado, e vale toda a ambiguidade da palabra, o homem começou a ouvir sons de mil violinos que tocavam em harmonia uma linda ária cigana. Olhou para os lados e nao podia ver de onde viña aquele som tao belo, cada vez mais perto de si. Até que pode ver pela fresta da pedra onde estava deitado, que dentro da caverna havia uma festa, e que festa! Tudo estava arrumado com luxo e beleza.Mulheres maravilhosas, jovens e velhas, todas lindísimas, dançavam felices, semi nuas, envolta de veus multicoloridos e vibrantes, uma dança que ele jamais havia visto. Os homens dançavam felices em carícias lascivas e obcenas, em beijos apaixonados. Bebiam, comiam e dançavam, e a música que viña lá de dentro era um extase total. E ele ali, do lado de fora da gruta, abobalhado, porque nunca houvera visto alguem dizer que isso pudesse acontecer ali, perto de sua casa, uma festa tao luxuosa, com tanta gente bonita e rica. Mas o encantamento era tao grande que o nosso campones nem ousou questionar nada. Parado, admirando pela brecha, as mulheres dançando e retirando aqueles veus, se desnudando aos seus olhos, dançando tao leves que mais pareciam estar fora da terra, levitando, assim um pouquinho acima do chao, de tal forma que seus pés nao tocavam os belíssimos tapetes que forravam o chao da gruta.
Encontrava-se totalmente embevecido, se assustou quando uma voz lhe falou mansamente aos ouvidos, como se fora uma voz angelical, sinfónica.
_Vem dançar comigo?
Imaginem só, como ficou nosso amigo campones, todo sujo, cheirando a ovelhas, mal vestido, e sendo convidado para uma festa daquelas?
Quando se olhou, em uma fraçao de segundos, para avaliar as posibilidades de aceitar ao convite,se viu vestido como um princepe! Estava lindo! Muito bem posto, o traje lhe caía bem como se fora seu por toda vida, se sentia a vontade dentro daquela roupa, sem pensar muito aceitou o convite e entrou gruta a dentro e dançou e bailou e comeu e bebeu, como se fora em sonho. As mulheres vinham a cada momento trazer-lhe vino, comida e carinho. O homem estava atonito, mas seguia adiante, aproveitando a festa. Num determinado momento, de lucidez talvez, guardou um daqueles bocados deliciosos, que lhe ofereciam, no bolso, para levar e mostrar para sua mulher, porque era algo incrível.
A gruta era toda enfeitada de fitas, caiam do teto, como estalatitas, gotas de ouro cintilantes como se fossem estrelas, moviam-se no ar, luas, sois, cometas, tudo em dourado, tudo como se estivessem soltos, bailando tambem. No chao, os tapetes tinham a maciez de algodao recem colhido, por várias vezes quiz ir embora, mas a embriagues e os cariños daquelas mulheres iam prendendo-o ali, cada vez mais. O interessante é que ele nao conhecia ninguem e todos lhe pareciam conhecer de muitos anos. Mal seu copo se esvaziava e estava lá a bebida, cada vez mais saborosa, descia por sua garganta como se fosse mel.Sentia uma certa embriagues, porem nada que lhe causasse dano.Um sentimento luxurioso lhe envadia a alma, um que de culpa, mas que nada! Logo o sentimento ia embora. Era tudo tao insólito que continuava, para ver no que dava.Olhava de soslaio lá fora, para ver se tudo corria bem, para certificar-se de que realmente aquilo estava acontecendo. Enfiou a mao no bolso, sim o doce estava lá.Para nao ter dúvidas, colocou um pouco mais daqueles bombocados no bolso.Queria muito mostrar aquilo para sua mulher. E neste estado de felicidade total, acabou por dormir nos braços daquela com quem bailava a ultima música. Era uma jovem bonita, cabelos longos e negros,caídos displicentes por sobre os ombros nus, alvos e perfumados de uma fragancia inesquecível, daquelas que ficam em nossa alma para sempre. Dormiu acariciado pelas maos de fada daquela que o havia cuidado com tanto zelo.
Manha seguinte, sol a pino, ovelhas berrando a sua volta, solavancos de sua mulher aos gritos, ele totalmente embriagado e todo sujo de merda humana, com uma dor de cabeça de matar, tròpego, desentendido. Fedia mais que tudo, sua mulher esbravejava e lhe dava empurroes, querendo uma explicaçao para tamaña imundice. O pobre homem, em sua total ingenuidade contou-lhe o ocorrido e enfiou de novo a mao no bolso para lhe provar que nao era mentira, cadê os bombocados? Era pura merda que tinha no bolso. Enquanto tudo ia acontecendo o povo foi juntando e se fartando de rir da história do bêbado. Ele jurava porque jurava que havia participado de uma festa ali, bem dentro da gruta, que qualquer um podia ir certificar, porque a gruta estava toda enfeitada! Que nada! Nem sinal de vida. É que o homem tinha participado da festa das bruxas, que acontece naquele lugar, e naquele dia, sempre que é lua cheia. Voce nao acredita? Pois pode crer, elas existem e fazem sua festa com os humanos, sempre que eles dao oportunidade a elas entrarem em nosso mundo.
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