"Viva e esteja por dentro da alma e do corpo de seu amor".
Jan Muá
Poeta candango
COMENTÁRIO
Amar é um desejo, uma fantasia, uma ação e também uma fixação. É a aposta da maior parte dos humanos. Apesar dessa dimensão universalista, boa parte dos homens e das mulheres passam a vida sem entender as dimensões do amor e sem perceber o que é realmente duas pessoas se amarem.
Entre os muitos discursos possíveis que definem e se debruçam sobre o fenômeno do amor, este pensamento de Jan Muá exibe uma síntese bastante verdadeira. Sua grande verdade consiste em declarar que são parcialmente ou totalmente inúteis os esforços das pessoas que querem amar sem se entregarem de alma e corpo umas às outras. A fantasia e a prática do amor, com todo o cortejo de ilusões e de vantagens existenciais e humanas deve revestir-se de uma só linguagem: a linguagem da unidade da alma e do corpo numa entrega total. O amante que quiser usufruir do corpo da pessoa amada só fisicamente e por fora, estará agindo aparentemente como um robô e comprometendo a continuidade de sua relação. De outra parte, a pessoa que radicaliza a fantasia e individualiza a relação sem dar muita atenção ao outro no que ele tem de humano, de belo, de agradável, de prazeroso e de essencial na totalidade da relação, está trilhando um caminho de solidão e de incompreensão que minimiza a indispensável contribuição do parceiro. A fórmula feliz parece ser a doação total, do corpo e da alma, dos dois, sem restrição. Amar com a alma total desfrutando de um corpo, ou amando apaixonadamente o corpo com as forças profundas e totais que vêm da alma, pode ser a lição que deveremos aprender nas nossas relações de amor. Seria bom transformar uma relação íntima numa relação de vida e de amor, como também seria maravilhoso transformar em vida de amor a simples vida sofrida de todos os dias que muitas vezes se arrasta sem emoção. Viver não deve ser apenas existir. Não deve ser apenas passar os dias, indiferentes à novidade e às boas emoções. Viver com alma é vivermos acordados e inteligentemente voltados para algo que vale a pena e que pode fazer a diferença.
Aprender, por isso, a viver em amor, participando da alma e do corpo de seu amante ou de seu amor, parece ser o território demarcado da vida pulsante, sem céticas interrogações. Tente isso. Vai experimentar outra alma e outra vida. Com certeza.