"Ler poesia exige destreza. É preciso habituar-se à engenhosidade do texto e ultrapassar os artifícios e simulacros de que se vale a poética para chegar ao sigilo a alma do poema. Afinal, é o verbo que se faz escrita. Não é num passar de olhos que se pode captar aquilo que, apesar de milagrosamente feito, foi demoradamente elaborado.
O poema é uma entidade cuja importância e significado variam de pessoa a pessoa. É isso que caracteriza a sua grandeza e não a banalidade de um discurso que se esgota na primeira abordagem. O poema que se dá logo a entender é pobre de vitalidade e torna-se fastidioso à leitura.
Claro e conciso é o poema. Mas em torno dele tecem-se os maiores equívocos,talvez pelo fato de nascer de um mistério, mas não ser um mistério. Um poema é coisa táctil, afago ou agressão, um aroma que gratifica o faro. Mais que um enredo, é um enleio, musa/medusa que nos envolve nas malhas de uma intriga que instiga, desliza e prende, fascina."
Hugo Mund Júnior (1933----)
Poeta e artista plástico catarinense