Contrista-me saber que meu futuro
Se liga ao meu passado de maldade.
Se, no presente, o medo mais me invade,
Não posso da virtude estar seguro.
Existe um ponto lá na eternidade
Em que serei angelical e puro,
Mas qual será o remédio com que curo
O vício de sentir tanta vaidade?
Eu sei quais são os males que me afetam
E fiz promessas mil de contenção,
Mas, quando os meus desejos se projetam,
Ansioso por vingar-me dum irmão,
Aí os meus sentidos não se aquietam
E fica mais distante a salvação.
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