esses foram dias de paz e encantamento.
a construção das horas fez-se em descobertas esorrisos
ah, minhas manhãs douradas,
minhas noites em claro,
meus versos guardados num pulsar amoroso, terno,
tudo que ganhei dessa vida doce, que me abre olhos
para novas belezas, para novas angústias,
tudo sentimento do mundo que habito.
não posso viver sem as tempestades.
são meus próprios lampejos, meus lumes,
meus perfumes de amor e desejo.
houve alguma despedida.
um tanto dolorosa, mas tão comovida
pelos murmúrios que ecoam ainda.
tão úmida de encantos e tão necessária,
que rasgou nosso peito em ternura.
o perdão que pedi foi quase tão silencioso,
quanto brisa fresca de tarde primaveril.
como aquele momento do poente,
onde o sol vai deitar-se no horizonte
por ser necessário que a noite venha.
ai, que essas doçuras, esses encantamentos
preenchem horas, dias,
fazem da vida uma canção tamanha
a provocar-me o poema da alegria.
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