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Artigos-->Poupança e endividamento -- 02/11/2007 - 18:18 (Paulo Maciel) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Poupança e endividamento





Lembro que tempos atrás, quando o Fundo de Pensão a que sou filiado aumentou demasiadamente os limites de empréstimos para aposentados e pensionistas, escrevi um artigo questionando a medida, aparentemente benéfica para todos nós. Minha objeção restringia-se ao que entendia ser um estímulo ao endividamento, algo que dirigentes responsáveis não deveriam patrocinar.

Agora, em ponto bastante maior porque destinado a milhões de beneficiários do INSS, constato que o mesmo procedimento, circunstancialmente aplaudido por muita gente, e principalmente pelos donos dos bancos e algumas espeluncas financeiras, cristalizou-se de tal forma, alastrou-se por toda a sociedade que passou a ser a segunda maior linha de financiamento do país, atrás apenas dos relativos à compra de automóveis.

O segundo maior banco privado , por exemplo, estampa nos jornais e revistas anúncios divulgando as benesses do seu crédito consignado, exibindo foto glamurizada de um casal de aposentados, gente aparentemente de renda alta, ele que veste camisa Gucci e que certamente não usa esse tipo de financiamento. Eles deviam publicar o retrato da mulher cafuza, sem dentes, que mora em casebre na zona rural do Piauí, mostrada pelo Globo Rural (domingo, 28/10), cliente preferencial dessa linha de crédito, que diz lamentar o empréstimo que contraiu, cuja prestação reduziu sua aposentadoria a um valor que não lhe permite comprar todo o alimento de que precisa. Remédios e roupas ou material escolar para os netos, nem pensar!

Segundo a Revista VEJA, que se baseia em dados do Banco Central do Brasil, relativos a setembro, o total de empréstimos consignados – o inofensivo nome pelo qual é conhecido o financiamento descontado do contracheque dos aposentados e pensionistas pelo INSS – chegou a R$61,0 bilhões, vou repetir, SESSENTA E UM BILHÕES DE REAIS, ou seja, mais de 2% do PIB do país! E olhe que esse programa começou há pouco tempo!

É inacreditável que o governo federal, além da criação desse sistema de empréstimos, faça propaganda de sua iniciativa, como se ela realmente se caracterizasse como um valor de cunho social. É o estímulo ao endividamento descontrolado da população, sobretudo dos mais pobres, dos milhões que percebem o menor benefício, correspondente a um salário mínimo. Você não pode andar na zona bancária sem que praticamente seja assaltado por rapazes e moças que, através de folhetos e de oferta verbal, lhe disponibilizam os tais empréstimos.

Fico imaginando as pressões que milhares e milhares de aposentados e pensionistas sofrem de filhos, netos e outros parentes para assumir dívidas que lhes permitam comprar bens e serviços e realizar viagens, muitos deles que já são responsáveis pelo sustento da família.

Sempre ouvi dizer, desde menino, que um dos papeis dos pais e governantes é estimular a poupança e a parcimônia de gastos. Enquanto não completei a maioridade meu pai, por exemplo, que recebia um salário família de seu empregador, depositou na Caixa Econômico, durante 252 meses o valor desse benefício, que foi transferido para o meu nome quando completei 21anos, uma importância registrada na pequena caderneta que me enchei os olhos!

Pois vejam bem como são as coisas hoje em dia: segundo o articulista econômico Mauro Halfeld pesquisa da FECOCOMÉRCIO do Rio de Janeiro apurou que apenas 13% de uma amostra de brasileiros tinham algum dinheiro poupado!

Enquanto isso a direção do INSS diz, com grande orgulho, que já foram feitas mais de 21 milhões de operações de crédito consignado com quase 9 milhões de aposentados e pensionistas. Somente em setembro passado foram liberados créditos de 700 milhões de reais! Isso significa que praticamente a metade dos que recebem do INSS já possuem empréstimos consignados.

Pode ser que eu esteja remando contra a correnteza, que minha posição seja equivocada e que, afinal, o governo esteja certo. Mas, se esse tipo de coisa resultar em graves problemas sociais logo mais eles virão à tona.

Salvador, 02/11/2007





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