Trinta anos! O Quinteto Violado comemora desde o segundo semestre do ano passado (durante um ano) os seus trinta anos de carreira artística. Quando eu lembro que no Teatro Manguinhos (cedido por D. Hélder) o Grupo Acauã se apresentava eu pensava: se fosse no Rio de Janeiro ou na Europa, um grupo com esta qualidade faria imenso sucesso.
Numa ida a Nova Jerusalém, uns garotos, ao verem os cinco violeiros, gritaram: "lá vêm os violados". Pronto, até o nome nasceu do povo: Quinteto Violado.
No espetáculo apresentado no SESC Tijuca (Rio de Janeiro) a péssima acústica não anulou o brilho dos três ciclos apresentados: natalino, carnavalesco e junino. E mais um momento especial de passagem de alguns sucessos, tais como: Acauã, Asa Branca, Palavra Acesa e Juazeiro. Valeu como síntese, embora sempre fiquemos reclamando: não teve Algodão, a Bachiana, Sodade, Imagens do Recife, enfim: o espetáculo deveria ser de muitas horas para satisfazer o mínimo das nossas exigências.
Houve apresentação na sexta, no sábado e no domingo. Na sexta, após o espetáculo, saímos com o pessoal do Quinteto. Ali mesmo na Barão de Mesquita (Bar do Peixoto) comemos uma carne-de-sol regada a chope gelado até as duas da matina.
No domingo voltamos lá. A casa estava mais cheia, com muita gente de pé, a platéia, mais jovem que a de sexta, dançou durante todo o espetáculo.
Por falar em dança, é sempre muito bom ver um balé tão jovem (Brasílica) dançar tão bem os nossos ritmos, os nossos folguedos, mantendo e renovando a nossa expressão cultural. Pastoril, guerreiro, maracatu, ciranda, baião, caboclinho e, principalmente, frevo! Às vezes a coreografia era mais de balé que uma representação do povo dançando na rua. Mas a fidelidade está no "segredo" do Balé Popular do Recife (do qual o Brasílica é "filho"): o "banco de passo". Antes de coreografar qualquer dança popular tradicional, os dançarinos aprendem os passos corretos, autênticos. Depois disto, qualquer coreografia pode ser feita, pois a autenticidade está garantida pelo molejo, pelo jeito de dançar.
Depois de cultura pernambucana na veia, sentimos renovadas as nossas energias e a segunda-feira não parece tão maçante.
É isto.
Manoel Carlos Pinheiro
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