Mata. O pajé. O Pajé e os Rios. O pajé e a noite. O Pajé e seus utensílios de uso e vestimenta. Uma criança ao lado do Pajé. A criança.
Mara já moça. Mara na floresta. Mara parada olhando para as água se olhando para o chão, observando formigas, coçando o pé.
Imagens do Pajé a ensinar pajelanças para Mara.
Mara, muitas vezes, demonstra que não quer... nada quer.
( Demonstração, ,por imagens intercaladas, do poder do velho ).
Mara na leitura do futuro, curando á distancia, transformando-se em animal, tornando-se invisível.
Pajé ( abençoando-a com o tambor sagrado, falando em dialeto de velho ): Todos os poder que índia Mara, mia fia possui... o mais minguinho deles até de pajelança, só serve se for pro bem, mia fia; jamais nunca pro mal.
Passam duas luas.
Outra dia aparece mulher picada por cobra. Pajé tenta salvá-la, mas ela morre.
P: Precisei doce. Donde de tava?
M: Tava na cabicera do rio, buscando umas prantinha: os lírio amarelo.
Chuva intensa.
Índia outra: Pajé! Ta chuvendo dimais. Parece coisa feita.
P: A chuva num é apropriada.
Índia outra: Parece di incumenda. A chuva tá caino somente num lugar.
P: Adonde, fia?
Índia outra: Na minha roça de manioca. Ta melano tudo.
P: Ou é castigo diargum deus ou é malefício de gente.
Índia outra: U povu ta triste, pajé. Ta infelicitano a gente da tribo.
P: Isso pode sê obra de uma força do mal. (pajé olha para Mara que está absorta ao longe, cruzando uns gravetos).
P: Mara! (ela para o que está fazendo a escutar). Mara! (olha de lado com certa dureza). To te chamano, muiézinha. (Ela se levanta).
P: To sabendo se suas mardade. Pois fica sabeno que posso mardizê vossuncê!
M: Esses poder são meu. Já nasci co-eis.
P: Mara!
M: Posso fazê co-eis o que eu quisé. E na tribo tem é munta mardade recramando punição. Paga de mar com o mar e inté co’a morte, quano perciso fosse. ( Mara faz um movimento e some. O Pajé entristece. Pega do tambor ritual e chama os deuses. Entoa um canto monótono, lamentoso. Fica em silêncio. Câmera afasta. Mostra a cabana. Cabana ao longe. Mais longe. Fade out lento.) (Fade in para o o Pajé pegando veneno e pondo no peixe salgado pendurado num varal que Mara havia de comer. Ela entra repentinamente na tenda. Pegou o peixe e jogou para fora. Pôs-se a morder u’a mandioca, cuspindo os pedaços no chão).
P: Isso não coisa que se come anssim.
M: Não to comendo. To só mostrano que tenho vontade de come.(joga fora a mandioca).
P: Mas, se ta com fome, pru quê não comeu o peixe?
M: Pruquê minha fome num é de peixe invenenado. E uma coisa lhe peço, meu pai. Num use no meu de-comê de boca os seus poder de veneno. Vai secá a mão de quem me invenená diessa forma. (outro movimento e se transformas em um animal que foge. Num momento o Pajé toma arco e flecha e aponta mas logo desiste. Fade out. Trazem um índio entrevado numa padiola).
P: Que qui sucede?
Índia outra: Esse índio caçador, pajé. Tava caçano quano ficou entrevado. Ele ia atirá num bichin da floresta quano ficou desse jeito. Nem se mexe co’as ponta dos dedo.
(Pajelança. Mara entra de repente).
M: Entrevado ta. Entrevado fica até morre de fome. Pruquê tua boca não abrirá nem pra falá e nem pra comê, por vontade minha. ( e saiu).
(Sons e barulhos da mata. A câmara acompanha os pés de Mara. Na porta da cabana ela para. Abre repentinamente. O Pajé está pegando uma água da bilha para beber. Ela olha. Laça a bilha, fala umas palavras mágicas e a bilha se torna animal).
M: Uma coisa lhe peço, meu pai. Não use nos meu di-bebê os seus poder de veneno. Pruquê eu fazo secá a mão que tenta me invenená diessa forma.
( Dia seguinte. O Pajé sai pelo mato e vai para o açude. Na beira ele a vê deitada dormindo.Rapidamente ele a toma e a afoga. Fade para enterro da índia na beira do lago. O túmulo na beira do açude. O túmulo sozinho. Fade para um túmulo coberto de flores. Casal de índios se aproxima e pega das flores. Eles desfalecem e morrem )