(in O Herói Desconhecido de González Pecot-che, extraído da Revista Logosofia Ano 2-nº3).
Ele alimentou durante a sua juventude todos os sonhos a que tinha direito. Era um jovem saudável e inteligente. Sonhou com um futuro promissor em sua carreira. Sonhou com o amor de sua vida. Sonhou com uma família. E tudo isso se transformou em realidade.
Durante toda sua vida trabalhou incansavelmente, cultuando os conceitos que dão sentido ao existir, como o de honestidade, responsabilidade, respeito, o de fazer o bem e o de ser útil à humanidade.
Criou uma família respeitável ao lado da companheira inseparável e sempre dedicada. Teve com essa mulher quatro filhos. Todos se formaram num curso universitário, concretizando, nesse ponto, mais um sonho daquele pai.
Deixou a vida tranqüila do interior para, no auge de sua vida profissional, vir para a Capital do Estado, a fim de que seus filhos tivessem condições de estudar em boas escolas. Sempre afirmava: "Na Capital os recursos são em maior número."
Nunca deixou o seu país. Nunca viajou por lazer. Renunciou a todos os atrativos da vida mundana para se dedicar com sua querida esposa, aos filhos. Tudo era para os filhos. A sua vida era os filhos. Queria vê-los bem e juntos de si.
Sempre foi um atleta. Nadava. Jogava "pelada" no campo de várzea do bairro onde morava. Fez o tiro-de-guerra e o exército, na época da guerra, preparando-se para ir ao "front" se fosse preciso.
Trabalhou, estudou, educou, ensinou, amou, chorou, sentiu dores físicas e morais. Quantas vezes foi incompreendido, injustiçado e mal interpretado!?!?
Nada lhe foi fácil conseguir. Possuiu automóveis numa época em que os carros eram importados e usados. Eram poucos os que podiam comprar um carro zero.
Ele é da época em que o telégrafo, o código morse e o telefone eram os maiores inventos de comunicação, sem falarmos no rádio.
Participou ativamente da vida social de sua cidade, Belo Horizonte. Foi um dos sócios fundadores do "Minas Tênis Clube". Praticava os seus esportes naquele lugar. Ajudava o "professor Macedo" na ginástica com as crianças. Ia ao Parque Municipal. Freqüentava o Cine Brasil. E passeava pela Praça da Liberdade.
Conviveu com Fernando Sabino, Juscelino. Freqüentava a casa do Dr. Tancredo Martins. Era muito amigo de seus filhos Públio e Tancredinho. Cantou no rádio. Rádios Mineira e Inconfidência. Fez música. Tocava piano. Gostava de festas. Basta dizer que conheceu sua prometida em um baile no Minas.
Andou, correu e fazia o trajeto subindo e descendo as escadarias da rua Aimorés para chegar no horário de exercer suas funções na Secretaria das Finanças, após as aulas na Faculdade de Odontologia. Todos os dias, pela manhã, lia o jornal para se manter bem informado, estar em dia com as notícias.
Esse é meu pai, um herói desconhecido, em meio à multidão, como tantos outros. É um cidadão brasileiro, mineiro, Um exemplo de vida.
