Usina de Letras
Usina de Letras
153 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62214 )

Cartas ( 21334)

Contos (13261)

Cordel (10450)

Cronicas (22535)

Discursos (3238)

Ensaios - (10357)

Erótico (13569)

Frases (50609)

Humor (20029)

Infantil (5429)

Infanto Juvenil (4764)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140799)

Redação (3303)

Roteiro de Filme ou Novela (1063)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1960)

Textos Religiosos/Sermões (6187)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Cordel--> -- 29/01/2003 - 00:14 (Daniel Fiúza Pequeno) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


O baixinho comedor


Autor: Daniel Fiúza.
28/01/2003

Na cidade de caucáia
Morava Pedro valente
Cabra criado na praia
Essa estória não mente
Dava rabo-de-arraia
Era pior que lacraia
Brigava feito serpente.

O cabra era conhecido
invocado e brigador
Muito grande e atrevido
Cara forte e vingador
Brigar com ele é perigo
Melhor é ser seu amigo
Dizem que muitos matou.

Um dia Pedro valente
Brigou com a guarnição
Bateu até no tenente
Deixou a tropa no chão
O povo canta em repente
Do homem quase demente
e seus feitos no sertão.

Já caçou onça com a mão
já matou um lobisomem
Lutou sumô no Japão
E qualquer bicho ele come
Matou e comeu dragão
Lutou com tigre e leão
Só pra matar sua fome.

Mexer com Pedro valente,
É grande temeridade
Podia perder um dente
Ou correr pela cidade
Se fosse chamar parente
E mesmo juntando gente
Apanhava de verdade.

Mas Pedro era bem casado
Com uma mulher bonita
Por ela Pedro era amado
Tiveram à Maria Rita
Tinha um ciúme danado
Pedro era invocado
Puxou a mãe à cabrita.

A menina era formosa
Com a mãe bem parecida
Bonita e muito charmosa
Do Pedro muito querida
Moça faceira e dengosa
Como a mãe Maria Rosa
Do mundo vivia escondida.

Namorar Maria Rita
Nenhum rapaz se atrevia
pois até um olhar evita
Se o pai dela descobria
E mesmo fazendo fita
Não adianta se grita
O moço ali morria.

A menina só chorando
Por não ter um namorado
Ouvia a música do Wando
Sonhava ter um amado
Mas o tempo foi passando
Os rapazes se casando
Ela sem sonho alcançado.

De tanto ficar sozinha
Pensou em fazer besteira
O seu amado não vinha
Da loucura tava a beira
Cabra macho ali não tinha
Sem ninguém pra sua caminha
Pensou até em ser freira

Chegando nessa cidade
O baixinho comedor
Tinha fama e qualidade
Todo mundo comentou
Na pensão da Soledade
Esse homem de verdade
Logo ali se hospedou.

O baixim tinha freguês
Papava qualquer mulher
Vestiu saia tinha vez
Menos quem mijava em pé
Como padre e escocês
Viado não tinha vez
Mulher macho ele não quer.

Além de ser garanhão
O baixinho era macho
Brigava feito leão
Não corri por ser baixo
Tinha fama no sertão
Da briga corria não
De ninguém era capacho.

Andando um dia na praça
Conheceu Maria Rita,
Que passeava com graça
Sozinha olhou aflita
Sua atração não desfaça
Quando pelo baixim passa
Seu coração salta e grita.

E desse dia em diante
O namoro começou
O baixinho confiante
logo a menina papou
A partir daquele instante
Pelo baixinho galante
Maria Rita gamou.

Quando ficou sabendo
Da estória esquisita
E do baixinho comendo
Sua filha Maria Rita
Pedro foi pra lá correndo
Trucidar tava querendo
Com uma idéia maldita.

Ao encontrar o baixinho
Mandou ele se explicar
Queria explicadinho
Aquela estória tão má
Ou morria picadinho
Com dor e devagarzinho
mandou o baixim rezar.

O baixinho calmamente
Para seô Pedro falou:
- Você pode ser valente
Mais não e dois não senhor
Não tenho medo de gente
Tô pronto pode vir quente
Se quiser brigar eu vou!

- Sua filha eu já tracei
Agora não tem mais jeito,
Mas dela até que gostei
para mim foi um prato feito
Foi a melhor que papei
O macho dela serei
Comigo tenha respeito.

Pedro valente espumava
pondo fogo pela venta
A cabeça fumaçava
Na hora a raiva aumenta
E furioso rosnava
Gritava e desconjurava
Matar um hoje ele tenta.

Com um revolver na mão
Meio louco ameaçava
Na outra tinha um facão
Cortar o baixim tentava,
Mas não acertava não
Esse baixinho era o cão
muito esperto ele pulava.

Errou todos os seis tiro
No chão o facão fez racho
- No braço agora eu me viro
A luta é macho com macho!
Atracaram-se num giro
Numa luta que admiro
vendo quem baixava o facho.

Dizem que a luta durou
Mais de seis horas e meia
o som ensurdecedor
soava na briga feia
A pendenga só acabou
Quando a multidão jogou
Nos dois um monte de areia.

Até hoje ninguém sabe
Quem ganhou aquela briga
Comentário aqui não cabe
Sobre o baixim duma figa
Antes que a estória acabe
O povo fala o que sabe
Sem querer fazer intriga.

O baixinho foi embora
E Maria Rita ficou,
Mas antes dele dar o fora
A menina ele embuchou
Que por ele, ainda chora!
Eu não sei dizer agora
Se um belo dia voltou.

Pedro valente amansou
Não gosta mais de brigar
Um marido ele arranjou
Pra sua Maria casar
No seu canto se acalmou
Uma rede nova comprou
Para o seu neto esperar.

E o baixinho safado
Dizem que se aposentou
De filhos ele tá lotado
Ninguém ainda contou
Agora come amarrado
Tá quietinho o danado
Com a mulher que casou.

Aqui termina a disputa
Do Pedro e do baixinho
Que fizeram grande luta,
Mas ninguém ficou sozinho
O baixinho cria truta
Pedro planta araruta
Pra engordar seu netinho.



Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui