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Poesias-->O MIRANTE -- 05/08/2002 - 21:52 (HELTRON ISRAEL) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
São 02:00h, plena madrugada,

Acordo novamente... é tão monótono!

Ah! Dores na coluna fatigada

Encurvam-me tal como num opstótono.



Sair da enferrujada velha cama.;

Seguir em direção a claridade.;

Torcer-se como larva de uma lama.;

Ficar olhando a noite da cidade.;



Na solidão, a vida é tão estranha,

E nesta infeliz mórbida rotina

Quase sempre uma só voz me acompanha.

- O barulho do vento na cortina-.



Aqui do PAPICU vê-se o mirante

E olhando da abertura das janelas

Seu raio luminoso entre as estrelas

Parece um alienígena gigante.



São assim! Os meus dias são tristonhos!

E como de costume, em meio à fome,

Quero acabar com a cólica no abdome

Embora saiba que virão maus sonhos.



Preparo a quente sopa no fogão

E a cada macarrão vou dando um nome

Descrença, desespero, ingratidão...

Não é fácil estar só quando se come!



Depois de degustar de toda mágoa,

Em transe, tenho podres pensamentos.

Contorço como um peixe fora d’água.;

Salivo como um cão sujo e sedento.;



Debatendo-me, vejo, em mil pedaços,

Os corpos de pessoas mutilados:

Cabeça, tronco, pernas, dedos, braços...

Pedindo para serem condenados.



E neste alucinante falatório

Enxergo entre os pedaços a discórdia

Porque uma parte exige o purgatório

Enquanto uma só quer misericórdia.



Não pude compreender e nem pudera!

Porque eu sonhava estar aprisionado

Na cúpula de um ser celenterado

Assim como estivesse numa esfera



Já na sangrenta carne das retinas

Dos meus cansados globos decadentes

O encéfalo escorria nas narinas

Nos meus sonhos bizarros de dementes.



E estava como flechas me espetando

A derme parda quase enrijecida

Aos poucos, como fosse uma ferida

Nocivas sensações vão se agrupando.



Crescendo como um verme prolifera

Na rapidez insana dos seus atos

Devora minha pele e ainda espera

Que cheguem mil baratas e mil ratos



Perdido em calafrios e tremores

Gritava por ajuda a uma almofada,

Não suportava mais aquelas dores

Das alucinações desfiguradas .



...Começo a melhorar ao vomitar...

Nem sei se era sinistro ou se era cômico,

Mas pude ver um homem me chegar

Pedindo a maior parte deste vômito.



Eu dou-lhe e alegremente me agradece

Contando-me um segredo bem guardado:

“A vida não é fácil qual parece

Existe muita coisa do outro lado”.



Fiquei sem respirar curarizado

Assim como se fosse a frágil presa

Que os índios tinham como sobremesa

Nos ritos canibais antepassados



Então me acalmo e finjo não temer.

Meu ceticismo ególatra domina a

Qualquer forma de crença e ainda ensina

“Pra tudo há explicação neste viver!”



Acalmo-me e domino o pesadelo

Toma-me a diaforese desenfreada

Que chega umidecer os meus cabelos

Finalmente esta angústia é controlada.



Mas, de repente, eu ouço uma alta voz

Dizendo que chegada a minha hora

De crer porque a descrença me devora

E o ceticismo impuro o meu algoz,



Diz:- Sou morfeu! Farei-te acreditar

Que a forte dor que tens no coração

É mística tal como a condição

Que nunca conseguistes explicar.



E sou levado então para o meu mundo

Pareço estar jogado na avenida

Como espermatozóide moribundo

Que perde o frágil cílio na partida.



Um raio de luz branca intensa ofusca

E os olhos paralíticos escuros

Perderam-se na inútil e débil busca

Tocando nas paredes e nos muros



Já posso ouvir barulho de veículos

E tento abrir as pálpebras caídas

Mas eu só vejo sombras coloridas

Cobertas com estranhos semicírculos.



Mais uma vez tropeço e vou ao chão

Não quero mais chegar no fim da rua

Já torço pra que um carro me destrua

Tamanho horror contém esta ilusão,



Mas de repente toca-me uma mão

Pedindo pr’eu abrir os olhos cegos

E assim como uma transfiguração

Acordo no meu simples aconchego



E enfraquecendo a minha integridade

Assim então eu pude compreender.

Que a tolerância é irmã da liberdade

E nem sempre há razão pra acontecer,



Mas novamente o ciclo continua

Na vida cotidiana tão moderna

Onde ilusões são músicas eternas

E onde a infelicidade perpetua.;



Que vida é uma roleta giratória

Assim como o mirante que ciclando

A luz que aos outros vai sempre levando

Gravou na minha mente esta memória.

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