Aguerrida agremiação surgida nos anos 80, na forja da proximidade da queda do regime militar, na contrapressão do caldeirão que começava a explodir pela saturação do regime de força, o Partido dos Trabalhadores foi criado e conseguiu rápido a simpatia e o apoio da intelectualidade, das universidades, dos profissionais de imprensa, dos servidores públicos, não sendo, por incrível que pareça, unanimidade nas camadas menos favorecidas, dominadas e controladas pelo coronelismo político.
Lutando pela ética, pela moralidade, apresentando denúncias e forçando apurações de corrupção, prometendo um país novo e diferente se chegasse ao poder, o partido foi adquirindo confiança e seduzindo as massas, quando seu líder principal, Luis Inácio Lula da Silva, depois de quatro disputadíssimas eleições finalmente chega à presidência e com expressiva votação. Era a esperança no poder. O brasileiro votou na esperança e ganhou uma lambança.
O tal processo de mudança, para trás, começou logo após a apuração, nos conchavos para formação do governo, fazendo acordos com Deus e o Diabo, sob pretexto de obter condições de governabilidade. Os tradicionais expertos da política viram aí a oportunidade de continuar mamando e até mandando. Misturando jacaré com cobra d!água, o governo entrou num terreno lamacento e são conhecidos os sucessivos episódios de escândalos, de forma até então inédita.
Mas, diga-se a bem da verdade, no apagão aéreo, depois de muita zorra, o presidente escolhe um xerife para botar ordem no setor, nomeando Nelson Jobim para Ministro da Defesa, um cidadão que, como ex-presidente do STF e político experimentado, mostrava-se adequado para o momento. E Jobim é do PMDB, da base do governo.
Entretanto, a coisa ficou complicada de entender. Quando eu pensava que o PT ficara satisfeito com a escolha de Jobim, na condição de Xerife, para botar ordem na casa, eis que Valter Pomar, petista histórico e ortodoxo, faz sérias restrições ao Ministro, arrolando-o como tucano.
Mas, acho que há um equívoco. Jobim não é tucano. É figura de proa do PMDB, que é da base de apoio do Governo, onde pontuam José Sarney e Renan Calheiros. E, entre essas duas citadas figuras e Nelson Jobim, ainda prefiro aceitar o recém-nomeado Ministro da Defesa, para, se não acabar, reduzir a bagunça em que estava se transformando o setor aéreo.
Assim, o Governo perde muito mais com essa disfarçada proteção e blindagem à sujeira de Renan Calheiros, uma fruta caindo de podre da apodrecida árvore da corrupção, do que com a nomeação de Jobim.
O que é difícil de entender é o fato de não ter o PT exercido pressão e dado um belo chute em Renan por salpicar de lama o Governo, o Congresso, o ambiente político e, por decorrência, a nação. É essa a idéia e o caminho de defesa do trabalhador?
E por quê o medo de Renan? Ele é alguma caixa-preta que guarda revelações bombásticas? Será?
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