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Artigos-->A FALTA DE ENERGIA DO GOVERNO -- 20/11/2001 - 22:09 (Domingos Oliveira Medeiros) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
A FALTA DE “ ENERGIA” DO GOVERNO


( nos dois sentidos)











Ao arrumar uma velha estante, onde repousam papéis, documentos pessoais, livros diversos e até coisas sem qualquer importância, deparei-me com um artigo publicado, em agosto de 1988, na Revista Seleções do R. Digest, que anunciava um futuro promissor para o Brasil, no campo energético.





Naquela oportunidade, a previsão era a de que o Brasil, carente de combustíveis de origem fóssil, poderia ser o primeiro país do mundo a libertar da gasolina os seus veículos, fazendo-os rodar, num prazo aproximado de oito anos, exclusivamente com álcool, o combustível do futuro.





Tal previsão baseava-se no fato de que o Brasil possui um imenso território, além de abundância de água e sol, três dos ingredientes necessários para produzir safras e mais safras dos vegetais de onde o álcool pode ser destilado. Além do mais, que a cana-de-açúcar é das plantas que melhor se dão no Brasil, sendo a tecnologia de seu processamento das mais avançadas do mundo.





Considerava, ainda, que o álcool pode ser extraído da mandioca, do babaçu, do eucalipto e até do capim, o que poderia, inclusive, estimular as várias e economias regionais. O investimento inicial no programa do álcool já alcançava o patamar de dois bilhões e meio de dólares. E não era para menos, já que as vantagens detectadas registravam o grande poder combustível do álcool, aliada à sua queima com mais eficiência do que a gasolina, provocando menos calor e proporcionando mais ou menos a mesma quilometragem, sem exalar poluentes tais como: o chumbo ou o enxofre e, de quebra, evitando a saída de recursos para o exterior: em 1980, o País já teria gasto, com a importação de gasolina, cerca de nove bilhões de dólares.





O artigo nos dava conta, também, de algumas dificuldades iniciais, como, por exemplo, a falta de cooperação entre setores do próprio governo; e, também, a lentidão, por parte da comunidade financeira, no provimento de fundos para os projetos, além, de rivalidades regionais que surgiram, ninguém sabe precisar exatamente como, nem de onde, mas que estariam, tais rivalidades, pondo em risco o êxito do Programa , o Proálcool.





Dificuldades à parte, a verdade era a de que o Programa, aos trancos e barrancos, caminhava na direção correta. Oficialmente, vinha-se misturando álcool à gasolina desde 1964, numa proporção de 18% a 20%, limite até o qual os motores à gasolina (os motores ainda não adaptados) podiam funcionar com relativa eficiência.





Decorridos nove anos da previsão de substituição total da gasolina pelo álcool, com todas as vantagens dela decorrentes, o que vimos foi de estarrecer: mudaram-se os planos. Mudou-se o futuro energético, o futuro do Programa . Passaram, inexplicavelmente, os responsáveis da época, a apostar em outro combustível. Abandonaram o Álcool pelo Metanol, apesar de suas nítidas desvantagens, a começar pela caveira que o identificava, como medida de segurança.





Posteriormente, não se falou mais no metanol. Acabaram com o Instituto de Açúcar e do Álcool, que supervisionava e coordenava as ações relativas a produção, distribuição e exportação daqueles produtos. O tempo foi passando, e as grandes questões nacionais, como sempre, foram sendo deixadas de lado, sob diversas alegações, muitas das quais sem razões de ordem técnica ou legal que as justifiquem. Nem políticas. Sem que o povo fique sabendo, exatamente, o que possa ter acontecido. Aliás, muita coisa importante que acontece ou deixa de acontecer no Brasil a população não fica sabendo.





A previsão do artigo, aqui aludido, parece, a exemplo de tantos outros projetos, ter sido fadada ao insucesso. Há um mistério qualquer, que não deixa o Brasil dar aquele salto de qualidade. O salto para o desenvolvimento sustentado. Muitas idéias e projetos são abandonados, por vários governos, sem que haja elo causal capaz de justificar o abandono.





Quem não se lembra,


do Movimento Brasileiro de Alfabetização, o MOBRAL, criado com a missão específica de acabar com o analfabetismo no País? Não deu certo. Acabou-se;





Quem não se lembra,


do Banco Nacional da Habitação, que foi extinto, tendo suas funções sido transferidas para a Caixa Econômica Federal mas que, em pouco tempo, e até hoje, deixou em seu lugar um enorme déficit de milhões e milhões de unidades habitacionais, sem perspectivas de qualquer solução, seja a médio ou a longo prazos, muito menos a curto prazo? Não há notícias.





Quem não se lembra,


da Revolução de 1964, durante a qual, impressionados com os “milagres” alemão e japonês, os então governantes, apostaram na possibilidade de acelerar o crescimento econômico, com o objetivo de o Brasil superar o estágio de subdesenvolvimento e alcançar os países mais adiantados? Na época, dizem os registros, foi preparado um programa de ação de emergência, centrado, principalmente, no combate à inflação e na correção das distorções do sistema de preços e na modernização da estrutura social e econômica. O aperfeiçoamento do parque industrial brasileiro era a tônica dos projetos. O parque acabou, a revolução também. Ainda bem.





Quem não se lembra,


da Reforma Administrativa de 1990, época em que foi lançado, também, vários programas de capacitação tecnológica, de qualidade, de produtividade e de competitividade industrial, pelo governo da época. Previa-se o fim próximo de um capitalismo de poucos riscos e muitos subsídios, dependente do Estado e protegido da concorrência externa?








Quem não se lembra,


das secas do nordeste, das enchentes do Sul, dos assaltos, dos estupros, dos seqüestros, das más condições dos sistemas de saúde, educação, habitação, transporte, segurança, ferrovias, hidrovias, rodovias, dos escândalos, das roubalheiras, do crime organizado, do horário político eleitoral, do horário de verão, e até do terrorismo no mundo todo? Não estou me referindo aos dias de hoje, por incrível que pareça.








Quem não se lembra,


do Decreto-lei 200, editado em 1967, estabelecendo princípios e diretrizes para a organização e funcionamento da Administração Pública Federal ? Acabaram com o Decreto-lei e criaram, no seu lugar, a Medida Provisória. A questão principal, a Administração Pública, continua com os mesmos problemas, acrescidos de outros. Bem piores.





Concluindo:





Um país com as dimensões continentais do nosso, com as riquezas naturais que possui, sua gama de recursos biológicos, flora e fauna, e seus recursos humanos, diversificados, trabalhadores e criativos, não precisava colocar-se de joelhos, diante do capital especulativo internacional, dedicando todo o seu esforço para juntar dólares e, assim, pagar, religiosamente, em dia, os juros e o serviço de uma dívida, sabidamente impagável, que cresce em proporções geométricas, enquanto o povo amarga os frutos de uma política econômica equivocada, imposta pelo Fundo Monetário Internacional, centrada na perspectiva de acumulação de capitais pelos credores internacionais. Aliás, diga-se de passagem, Fundo Monetário Internacional que nunca resolveu qualquer problema brasileiro, apesar do longo tempo em que aqui fincou suas raízes.





O jornalista Carlos Chagas, no seu recente livro “O Brasil Sem Retoques”, volume II, página 778, faz uma ligeira transcrição de outro livro, de autoria de Thomas Skidmore, intitulado “Brasil: de Getúlio a Castello”, cujos trechos, ali contidos, merecem ser aqui reproduzidos: (...) Os defensores do nacionalismo radical, que sempre afirmavam que a industrialização brasileira estava ameaçada de estrangulamento pelos capitalistas estrangeiros, encontravam então maior platéia para seus argumentos. O FMI tornou-se o símbolo daquilo que diziam ser a incompreensão obstinada por parte dos poderes capitalistas em relação aos problemas especiais do Brasil. O governo dos Estados Unidos e o FMI se haviam tornado o bode expiatório das medidas de estabilização que o governo Kubitschek tomava. A imprensa comunista acusava o Ministro da Fazenda (...) de porta-vozes do Wall Street, que estariam condescendentemente, apoiando um plano do FMI a fim de sabotar o desenvolvimento do Brasil”. Em tempo de eleições, vale a pena refletir sobre todas estas questões.











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