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Artigos-->CENTRADO, O QUE É ISTO? -- 12/09/2007 - 21:55 (Francisco Miguel de Moura) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
CENTRADO, O QUE É ISTO?

Francisco Miguel de Moura*



Anda, na cabeça e na boca dos jovens, a palavra “centrado”, como se se referisse putativamente a pessoas com extrema racionalidade, bem informadas, equilibradas, portanto centradas no mundo, na sua profissão, no seu meio etc. Mas eu ainda me pergunto: – “Centrado”, o que é isto? São técnicos em publicidade, administração e propaganda, executivos, estudantes de economia, finanças, jornalismo, especializados na linguagem da informática, os que mais usam do termo. Não tenho nada contra ele, o termo, e eles, as pessoas. O Dicionário do Aurélio registra a palavra assim: “Centrado. Adjetivo. Localizado no centro”. Já o dicionário de sinônimos de Agenor Costa (5 volumes) e o do Prof. Francisco Fernandes (sobre a regência dos adjetivos e substantivos) não registram tal palavra. E tem mais: Francisco da Silveira Bueno (“Dicionário Escolar da Língua Portuguesa”) também não a reconhece. Assim, fica difícil o vulgo entendê-la.

Pergunta-se o porquê desse uso. Aliás, transcrevo aqui um trecho do artigo “Tempo para refletir” de Frederick van Amstel, lido na internete: “O computador é similar a uma miniatura de ambiente de trabalho: é preciso ficar ligado em várias coisas ao mesmo tempo. Existe grande pressão sobre prazos, a posição não é confortável, os resultados nunca são suficientes etc. Portanto, como confirma Donald Norman, para ter boas idéias é melhor se afastar do computador.”

Mas, como é que um administrador ou um executivo vai fazer isto? Prescindir do computador? Comércio, indústria, negócios de qualquer natureza ou tamanho não podem ter preconceitos nem afastar suas ações. Dizem que “negociante é aquele que nega o ócio”. Isto se tornou tão popular que nunca me dei o trabalho de saber se a origem semântica da palavra é esta mesma. Por outro lado, continuando a linha de pensamento abordada neste parágrafo, a arte de administrar é como dirigir um carro; se a estrada é curva para a direita, a direção segue o mesmo rumo; se pende para a esquerda, já o rumo e o da esquerda; mas se é linheira (tem direção reta), mesmo assim o concurso do motorista (administrador) é necessário. Imagine-se o que ocorre nos lugares de trabalho, com tantas pessoas (empresários, chefes, trabalhadores), cada uma com suas emoções, desigualdades e os mais diversos conflitos e desafios de vida.

Outrora, no tempo em que a Igreja Católica pregava o ecumenismo, cujo sentido é universalidade, falava (e ainda fala?) por si mesma: universalidade governada por ela, o mundo lhe sendo todo submisso. Agora, com o poderio e a força dos Estados Unidos, Europa, Japão e mais Rússia (o famoso G-7), fala-se em globalização, comandada por eles mesmos no setor financeiro e no de comunicações. “Centrado” me parece acompanhar o modismo da globalização.



Dentro desse arrazoado, preciso citar novamente o artigo de Frederick van Amstel, quando analisa o mercado. Em todo o trabalho, em nenhum momento ele registra as palavras “centro”, “centrado”, mas afirma: “O mercado pisou no freio e teve o tempo de mudar. Os termos Plano de Negócio, Marketing, Usabilidade, Arquitetura da Informação e até mesmo Design deixaram de ser usados apenas em discurso da boca pra fora. Hoje o mercado já sabe o valor destas palavras, mas ainda está em fase de reconhecimento de campo, tocando apenas nas pontas dos icebergs.”

Já vimos, com exemplos, que “centrado” ainda não foi reconhecido no reino da Lingüística, ciência específica. É apenas registrado como originário na geometria. Da forma como o abordamos, vem se tornando um jargão dos executivos e estudantes de administração, finanças, informática, publicidade, mídia. Não deverá generalizar-se com o significado que lhe dá hoje a rapaziada, visto que nossa língua oferece aos usuários termos muito mais significativos e abrangentes, como foi visto no caput deste artigo.

Meninos, língua asseada não usa de jargões, gírias e palavras inventadas por certas classes para proteger-se do conhecimento das outras. A boa linguagem é sempre limpa e clara, e serve, antes de tudo, à comunicação.

_____________________

*Francisco Miguel de Moura, escritor brasileiro, mora em Teresina, Piauí. E-mail: franciscomigueldemoura@superig.com.br







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