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Artigos-->O PODER PESSOAL E OS ÍDOLOS -- 07/09/2007 - 21:36 (Francisco Miguel de Moura) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O PODER PESSOAL E OS ÍDOLOS



Francisco Miguel de Moura*





Todos possuem um oculto poder pessoal. É a base de todos os outros poderes: físico, político, moral, ético, filosófico, religioso, social. Poder de respirar, de andar, de falar, de escolher, salvo em condições muito especiais (fala-se dos encarcerados). Poder de viver, sobretudo, e poder de dispor da própria vida. Mas, facilmente, esse poder cede terreno à sedução das ideologias, da idolatria às pessoas, aos objetos, ao mercado, ao dinheiro – este, a principal mercadoria, a que compra tudo.

Um dia destes presenciei um caso para mim muito singular, porém hoje corriqueiro: uma moça na rua, ao celular, em conversa íntima, familiar. Inesperadamente surge seu namorado pelo local e quer falar-lhe; ela primeiro faz-lhe um gesto amoroso e depois explica em duas palavras que ligará depois. Conclusão: hoje se namora mais pelo celular do que por qualquer outra forma, pagando caro. De maneira que, contrariando a sabedoria popular, dir-se-ia que mais vale um celular na mão e um namorado distante do que um ou mais namorados à vista. Essa moça cede seu poder pessoal à sedução da ideologia tecnológica. Será que o que não se resolver pessoalmente fica fácil resolver pelo telefone? Especialmente casos de amor? É um exemplo que encontro. Há outros. Em meio ao estresse e às dificuldades da vida pessoal e em sociedade, encontra-se a “mídia” (imprensa, televisão, jornal, propaganda, internet etc.), e muitos se deixam levar pelas palavras e gestos dos seus líderes e ídolos. Porém, o que são líderes? São aqueles que não têm personalidade definida, em virtude da perturbação do poder pessoal em benefício de interesses mesquinhos, sejam financeiros, econômicos ou de poder e fama. Eles captam a vontade da maioria dominante, incorporam-na, se apossam dos meios de comunicação, governo, igreja, etc. e passam a ser os “sábios”, os ídolos, por quem muitas vezes o povo se sacrifica.

A idolatria ao líder rouba a autenticidade do ser. Ilude, leva principalmente ao caminho coletivo em que o ser se anula. Ela dita a guerra, a tortura, a morte pelas ilusões da riqueza e do poder (e também da pátria). Hitler, Mussolini, Stalin, Lenine, foram líderes do século XX. Fidel e Guevara também. Há sempre uns menos piores. No momento, quem pode dizer o que é Bush? Somente presidente dos Estados Unidos? E Bin Laden? Há tantos outros menores metidos por aí, na pele de cordeiro!

Se não se tiver cuidado em cultivar o natural, o autêntico ser-em-si mesmo, o poder de cada um rui, cair-se-á na idolatria, no não-ser da mercadoria, entra-se para a massa aventureira que dá a vida e o caráter, por dinheiro, poder e glória, admiração e falsos aplausos. Muitas vezes uns zé-ninguéns chegam a “artistas”, “apresentadores”, etc. graças à beleza exterior e à voz empolgante, e ditam sabedoria à massa. Cuidado com eles! Há a idolatria das idéias: isto é muito comum no mundo da política, da religião, da moral e das artes, tal como a das condições de vida, dos prazeres, seja o sexual, seja o do prestígio. Os santos e mártires são uns idólatras de boa fé. Os filósofos e escritores que copiam, imitam os outros, também. Os poetas que se encarnam em si mesmo e se envaidecem dos seus poemas, a ponto de não saberem nada dos outros poetas, pelo que passam a vida inteira declamando-se a si mesmos, quanta idolatria pelo avesso! A idolatria adoece, especialmente a social, aquela que mata e morre pela riqueza, pela posição, pelo prestígio, pois a pessoa deixa de viver sua própria vida para integrar-se à massa.

Literatura de massa, consumo exagerado, moda, clubes, jogos, drogas, inclusive as não proibidas, quanta tolice, quanto mal! Muitos e muitos adoecem para subir. Alcançados os primeiros passos, querem mais. Professores, mestres e doutores, candidatos ao estresse da vida moderna, esfalfam-se fazendo cursos e mais cursos. Para quê? Vão parar nos livros de auto-ajuda, para suprirem a auto-estima que perderam. Auto-estima é outro nome do seu poder pessoal engolido pela idolatria.

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*Francisco Miguel de Moura, escritor brasileiro, mora em Teresina. E-mail: franciscomigueldemoura@superig.com.br

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