Hoje minha alma está negra
A minha realidade se revoltou
Quebrou-se na antiga regra
A tristeza na descrença se juntou
A luz da felicidade é cega
O nada com o nada se encontrou.
Sonhos triturados no liquidificador
Nada a oferecer para ninguém
O sofrer não ameniza a minha dor
Não sei chora, não sei rezar também
Desiludido, cansado sinto o amargor
O infinitamente vazio é meu porem.
Meu amor é egoísta sem perdão
Meus dias são instantes de lucidez
Esqueci como se doa o coração
Um sentimento egoísta que se fez
Não sei separar o real da ficção
Nem conheço da vida suas leis.
Sou bicho selvagem sem amigo
Desconheço tudo ou enlouqueci
Ignoro as próprias coisas que sigo
No extremo da convivência esqueci
Não sei porque tanto eu persigo
O que não existe, e o que nunca vi.
Afastam-se logo os que me amam
Os que ficam sofrem por amar
Se me tocam, me ouvem ou clamam
Partem de mim, querem me deixar
Tenho punhais que ferindo chamam
Os sofrimentos de quem quer ficar.
Sou só em mim, sou um ser sozinho
Minha passagem é apenas um trilho
Quando passo apago meu caminho
A minha luz é escuridão sem brilho
Embriago-me de desilusão e vinho
Amanheço-me bêbado nesse delírio.
