Meu sogro chegou pra mim
Com ar de velho contente
Foi falando que queria
Dar-me um belo presente
Que eu escolhesse o tamanho
Para poder dar um banho
De verniz no ambiente.
Tem até travesseiro?
Esse presente me chama!
Mas aceitei o danado
Pensando que era uma cama
Perguntou quantas alças?
Eu não achei muita graça
Não queria viver na fama.
Como você quer a tampa?
Espantei caí na lama
Onde é que já se viu
Colocar tampa em cama?
O meu sogro é marceneiro
Presentear Airam Ribeiro
Me parecia uma trama.
Mão de vaca ele é
E pra não fugir do assunto
Queria me presentear
Com um caixão de defunto
Não deixei pra depois
Falei que queria dois
Pra levar sua filha junto.
Esse velho marceneiro
Dito no cordel anterior
Já fez a sua carneira
Depois me presenteou
Disse pra ele ligeiro
A morte de Airam Ribeiro
Né agora não senhor!
Pegue carneira e caixão
Pode dar pra sua filha
E mande fazer mais dez
E enterre toda a família
E depois de toda morta
Ficar aqui não importa
Eu volto lá pra Brasília.
Aceitei o tal presente
Guardei num canto da sala
Vez em quando uma visita
Sai da casa sem fala.
Comigo é faca ou navalha
Também ganhei a mortalha
Que ta guardada na mala.
Onde é que já se viu
O velho ta no pinéu
Ta querendo é me ver
Com Zé Limeira no Céu
Depois eu pensei no assunto
Que talvez esse defunto
Com o Zé aprendesse cordel.
Airam Ribeiro
22/01/03
E aceitei o presente, mas ainda vou marcar o dia de ir, pois o professor Zé Limeira está me esperando. Óia aqui vancê véi, tô falano do Zé Limeira originá, matriiiiz, inigualáveeeel, no tempo desse Zé num ixistia crone viu?
Mar memo ocê seno um crone, quero dizê qui sô teu fâ viu Zé Limeira Rissucitado pretim véi azulado te amu tomém.
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