POR QUE TANTAS MENTIRAS?
Filemon F. Martins
Nestes últimos tempos, o domínio da mentira tem prevalecido sobre a verdade. A mentira, repetida e colorida com vivas cores, tem manipulado grande parte da sociedade que, aos poucos, vai assimilando a banalização da violência, da falta de caráter, da imoralidade, da corrupção, do crime e da desonestidade, aceitando, de forma passiva o que acontece, como se tudo fosse normal.
Afonso Romano de Sant’Anna, em seu poema A IMPLOSÃO DA MENTIRA, diz tudo: “Mentiram-me. Mentiram-me ontem e hoje mentem novamente. Mentem de corpo e alma completamente. E mentem de maneira tão pungente que acho que mentem sinceramente. Mentem, sobretudo impunemente. Não mentem tristes, alegremente mentem. Mentem tão nacionalmente que acho que mentindo história a fora vão enganar a morte eternamente. Mentem, mentem e calam, mas nas frases falam e desfilam de tal modo nuas que mesmo o cego pode ver a verdade em trapos pelas ruas. Sei que a verdade é difícil e para alguns é cara e escura, mas não se chega à verdade pela mentira nem à democracia pela ditadura. (...) Mentem partidariamente, mentem incrivelmente, mentem tropicalmente, mentem hereditariamente, mentem, mentem e de tanto mentir tão bravamente constroem um país de mentiras diariamente”.
Não seria necessário acrescentar nada, mas nos dias que correm, o Congresso Nacional está votando a prorrogação da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF) para 2011. Ora, a CPMF foi criada em outubro de 96, com a promessa de que os recursos seriam destinados à saúde, além de ser uma contribuição provisória. Mentira. Já em março de 99, a Emenda 21 prorrogava até 2002.
E não parou por aí, porque em maio de 2002, a Emenda 37 prorrogava até dezembro de 2004. Mais uma vez em dezembro de 2003, a Emenda Constitucional nº 42 prorrogou a CPMF até dezembro de 2007. Deveria acabar, conforme promessa do governo à sociedade, agora em dezembro de 2007, se não fosse a quebra de pacto do governo para prorrogar o indigitado imposto até 2011.
Mas será que os recursos arrecadados pela CPMF foram aplicados na saúde? Por que, então, a saúde continua um caos? Por que os medicamentos têm preços exorbitantes? Por que as filas nos hospitais são intermináveis? Onde está a assistência médica gratuita prometida quando da criação da CPMF? O drama é geral, em todo o País, é possível ver doentes varando a madrugada, espalhados pelos corredores de postos e hospitais para conseguir atendimento médico. Até quando vamos pagar este tributo, criado há mais de 10 anos, sem que haja resultados positivos para a saúde dos brasileiros?
No entanto, o Presidente Lula adora afirmar: “estamos no caminho certo”. Que caminho certo é este, que nos leva ao caos em todos os setores? Veja a educação. Estamos erradicando o nosso alto índice (mais de 70%) de analfabetismo no País? – Não! E que futuro teremos?
A aviação civil está em crise, não obstante as ordens do Presidente para que seus subordinados arrumem a casa. Exige mês, dia e hora para terminar, enquanto isso, o aerocaos na aviação tem ceifado vidas da mesma forma que as estradas esburacadas e intransitáveis do Brasil têm arrebatado inúmeras vidas.
Os jornais noticiaram que em processo junto ao Tribunal Regional Federal – 3ª Região, constatou-se que a Agência Nacional de Aviação Civil enviou, por engano, (?) um documento que, anexado ao processo, propiciou julgamento diverso do que pretendia a Desembargadora Cecília Marcondes, caso o documento não tivesse sido juntado ao processo. Apurou-se na CPI do apagão aéreo que se tratava de documento interno, contendo sugestões e normas de segurança, sem nenhum valor, de acordo com nota da própria ANAC. Outra mentira? Má-fé da ANAC?
No setor de Transportes, o Ministro afirma estar investindo maciçamente em estradas seguras e ferrovias. Como se sabe, as ferrovias, em sua maioria, estão sucateadas. E as estradas brasileiras, com exceção daquelas em que se pagam caros pedágios, estão e continuam em condições lamentáveis, aumentando o preço final dos produtos para os consumidores e tirando a vida de muitos brasileiros.
Em minha cidade, Ipupiara, Bahia, saindo da BR-242, o acesso é feito pela BA-156, cujas promessas de manutenção de asfalto se arrastam anos a fio, como outras estradas em diversas regiões do País. Outro dia, comentei com amigos que, enquanto não acontecer um fato insólito, não haveria solução do problema, já que todos os pedidos foram frustrados. Sugeri que nas eleições para Governador ou Presidente, os eleitores anulassem o voto, de tal forma que não se contabilizasse um voto sequer para qualquer político. Quem sabe assim, os holofotes da televisão se voltariam para a região e buscariam respostas para atitude tão radical.
Do contrário, vamos continuar depositando nossos votos na urna e assistir os desmandos e o festival de mentiras neoliberais que foram incorporadas do governo de FHC pelo governo de Lula, já em segundo mandato, recheado de incompetência, vendendo ilusões e sugando o sangue, o suor e o bolso dos trabalhadores, servidores, pensionistas e aposentados do Brasil. Chega de mentiras e de CPMF!
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