Usina de Letras
Usina de Letras
269 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62171 )

Cartas ( 21334)

Contos (13260)

Cordel (10449)

Cronicas (22531)

Discursos (3238)

Ensaios - (10349)

Erótico (13567)

Frases (50576)

Humor (20028)

Infantil (5423)

Infanto Juvenil (4756)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140791)

Redação (3302)

Roteiro de Filme ou Novela (1062)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1959)

Textos Religiosos/Sermões (6182)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Artigos-->O PENSAMENTO DE EPICURO -- 17/08/2007 - 14:47 (José Virgolino de Alencar) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O PENSAMENTO DE EPICURO



Traduzido e interpretrado por Johannes Mewaldt, Epicuro(421 A.C.), filósofo grego que criou a filosofia epicurista, propugnando por um modo de vida em que se busca a felicidade independente da existência ou não de divindidades, de seres superiores dirigindo nossas vindas. A felicidade e os prazes defendidos por Epicuro não são os prazeres devassos, não é o sardanapalismo de outro filósofo patrício mais chegado a orgias, mas consistia o epicurismo na felicidade vivida na paz de espírito, no usufruto das coisas agradáveis da vida, sem descer aos subterrâneos da amoralidade. Mesmo sem temer aos deuses, Epicuro caracterizou-se por um comportamento recatado, tranqüilo, familiar. Dentro da filosofia epicurista, Horácio cunhou a expressão “carpe diem”, traduzida como goze o presente, mas que não seja dado à palavra “gozo” o sentido de busca de permanente orgasmo, prazer cingido só à atividade sexual.



Vale lembrar que Epicuro, vivendo na era bem anterior ao surgimento do cristianismo, não poderia ter premonitoriamente esse ideal que Jesus plantou sobre a Terra e disseminado fortemente em nossas mentes. Então não se pode estranhar suas idéias pouco convencionais em relação aos dogmas da Igreja atual. O que interessa é a força do seu pensamento, é a consistência da forma em que expressou a sua idéia. A verdade, no âmbito do pensamento filosófico, é busca metafísica, além da física, devendo ser considerado o contexto da época efervescente dos filósofos gregos.



Para não se alongar, vejamos como Johannes Mewaldt mostra o pensamento de Epicuro:







“Para explicar toda a natureza, necessitamos apenas de duas bases ou princípios fundamentais: os átomos, as partículas essenciais, e o vácuo, o espaço..........



No corpo humano e na nossa alma, ambos formados, como todas as outras coisas no mundo, de átomos (o corpo, de átomos mais grossos; a alma, de átomos delicadíssimos), encontram-se em contínuo movimento e eterna modificação. Átomos se separam e são perdidos para nós, outros acorrem e são recebidos em nosso organismo............



Se a ligação desses átomos entrelaçados for dilacerada pela influência de outras massas atômicas, o corpo desfaz-se em seus átomos. Tratando-se de um ser vivo, dizemos então que ele morreu. Os átomos, porém, não se perdem, mas são empregados para a edificação de outros novos seres e objetos, depois de dissolvida a sua associação anterior. Desse modo, a vida e a morte, o nascer e o fenecer, encontram-se em eterna ação recíproca..........



Já que a nossa alma também é formada de átomos, ela se dissolve em suas partes essenciais de modo idêntico ao do nosso corpo. Por isso, depois da destruição do organismo, não é possível a continuação da existência individual da alma. Não há imortalidade da alma. Devemos encarar sem receios essa noção. Depois da nossa morte, nada mais resta de nós do que os átomos espalhados, esvoaçando em todas as direções, e que se tornam material para a criação de outros organismos. Com a morte termina para nós qualquer personalidade individual. Mas, com isso, também termina todo o nosso tímido receio pelo destino da nossa alma após a morte, pois ela não é mais capaz de ser recompensada e muito menos punida. Não há a existência do “além”...................



Devemos seguir corajosamente o caminho que conduz à filosofia do prazer a partir dessa constatação, a princípio talvez assustadora. Pois se nós nascemos uma única vez, se a ninguém é dado viver duas vezes, se não existirmos mais por toda a eternidade, uma vez que tenhamos morrido, essa vida única se nos apresenta como uma tarefa enorme. Para lhe fazermos justiça, isto é, para obtermos a máxima felicidade e o máximo prazer, devemos pôr em movimento todas as forças em repouso no nosso íntimo, que a própria natureza nos conferiu, e sobremaneira as do espírito...........



Acrescenta Johannes Mewaldt:



“Dessa maneira, em conclusões sempre novas e agudas, Epicuro arrancou à morte o seu poder sobre os homens. E, em íntima relação com essa noção, encontra-se a sua luta contra um outro espantalho: o medo aos deuses, da sua ira e das suas punições, que poderiam ameaçar-nos na vida e até depois da morte. Também esse receio, que continuamente renova a perturbação da tranqüilidade da alma humana, que lhe envenena o prazer em todas as suas ações, é totalmente infundado......



Epicuro nunca negou a existência de divindades.........



Devia chegar à conclusão de que os deuses, já que estão livres das agitações dos sentimentos, portanto de qualquer sensação de benevolência ou de ódio, jamais influenciariam na vida dos homens. Eles não recompensam e nem punem homem nenhum; eles não se incomodam conosco; eles não tomam parte no contínuo ir e vir do nascer e do perecer cósmico, mas vivem em total imperturbabilidade, sem paixões, imutáveis, nos espaços entre o cosmo, no “metacosmo” (em latim: “intermundos”).......



Epicuro eliminou com mão delicada os deuses da vida humana e removeu inteiramente o terror que eles impunham. Era esse mesmo o propósito do mestre que, com isso, também baniu da vida dos homens o segundo temor, as ameaças dos sacerdotes com a ira de alguma divindade.....



O epicureu viverá, por causa disso, racional, justa e venturosamente. Pois não é possível vivermos venturosamente se não vivermos justamente, nobremente e racionalmente. Mas, por outro lado, não é possível vivermos justamente, nobremente e racionalmente se a nossa vida não for também venturosa. Uma vida guiada pelas ordins da natureza, racionalmente, será ao mesmo tempo uma vida cheia de felicidade. Será vida sem avidez ou paixão transbordante, sem ambição, sem prejudicar os interesses do próximo, sem violação das leis. Pois as leis, para o sábio, foram feitas, não para que ele não cometa alguma injustiça , mas sim para que nenhuma injustiça lhe seja feita........

Muito longe de ser um egoísta, o epicureu dirige-se para os seus amigos, não para exigir-lhes algo, apesar de que ocasionalmente também poderá fazê-lo, mas sim para presenteá-los, de pleno e bondoso coração. Presentear, porém, só pode fazê-lo aquele que for rico no seu íntimo. O próprio Epicuro o era, e por isso ele foi admirado pelos seus discípulos e pelos seus amigos como se fosse um deus; ele mesmo estava disposto a inclinar-se, cheio de gratidão, perante um aluno que tivesse compreendido integralmente a significação da sua doutrina.”

Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui