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Artigos-->A HUMANA SOLIDÃO -- 15/08/2007 - 21:11 (Francisco Miguel de Moura) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
A HUMANA SOLIDÃO



Francisco Miguel de Moura*



“No homem nada é mentira, tudo é real, menos a realidade do mundo”. Não sei se alguém já subscreveu esta frase. Senão, é minha. Nascemos sozinhos, apesar da festa. Morremos sozinhos, apesar da farsa. Mas, enquanto civilizado, o homem busca desesperadamente viver em companhia de outro, mesmo que seja de um irracional. Nossa sociabilidade é incontestável, precisamos de cidades, junto um do outro. É a busca do reconhecimento. Nestes tempos amargos de globalização e neoliberalismo às avessas, mais do que nunca os jovens estão cada vez mais sozinhos, assim resume o escritor Ulisses Tavares, numa de suas palestras. Imaginem-se os velhos. Quais são as diversões de hoje tanto de uns quanto de outros? Televisão, computador, videogame, etc. Converse com uma tevê ou com um computador, mesmo nos famosos bate-papos, e veja, e sinta a frieza e a inconsistência da comunicação. Quem vive sozinho num “apê” faz isto pra não ficar doido. Sair aos shoppings (“chopens”), aos parques, praças, passeios, avenidas é uma temeridade. Quem hoje tem coragem de abordar um desconhecido na rua, no ônibus? Não se mora mais em pequenas cidades, todas são grandes e desiguais, e as pessoas cada vez mais têm medo de ladrão, assassino, idiotas (que saem atirando a esmo), traficantes, malfazejos de todas as espécies. E aí, como é que fica? O sozinho vai às compras falar com a mercadoria, gastar dinheiro, empanturrar-se de cerveja e tira-gostos, olhando quem vai e quem vem, sem comunicação. Outros ficam horas, até dias e noites, nas praças de alimentação, a comer, beber, ir ao banheiro, sair, voltar, sem objetivo.

Outrora ir ao cinema era um passeio e uma diversão, normalmente em companhia de alguém. Onde se perdeu esse hábito? Há poucas casas de exibição e menos filmes bons. Principalmente nos fins-de-semana. Quando se volta pra casa, cai na tevê, no devedê etc. E pronto. Não, há o apelo dos jovens às boates, aonde vão “ficar” (encontros amorosos, no dizer dos velhos). Freqüentam a droga pesada ou mesmo a maconha, o tabaco, o álcool, para guardar suas mazelas piores no corpo. Em suma vão gastar a saúde.

E a alma? Onde é que fica a alma? Hoje ninguém mais procura ler um bom livro de poemas, contos, crônicas ou biografias. Vai-se cair no “bestesseller”, geralmente “americanalhado”, aquela xaropada toda, nada tendo a ver com a realidade do mundo, pouco lhe criando sonhos que, no sentido artístico, são tolamente “irrealistas”. Ou “no mundo moderno”, “na droga”, “na política suja”, “nos crimes e absurdos morais”. Tudo passa, o mundo adoece o homem, que vai cair nos livros de auto-ajuda. Não que eu tenha nada contra. Mas a preguiça e os desgastes mencionados não lhe fornecem meio de levá-la adiante e assimilar quase nada.

Se desde jovem os homens gostassem da arte, lessem poemas, recitassem-nos, se ouvissem boa música, se cantassem-na, se escrevessem poemas tinham a quem e como contar suas desgraças, sua solidão. E na velhice seriam saudáveis e sábios.

A única saída para o mundo, podem crer, é mudar, mudar lentamente. É nos orientalizarmos. Essas mudanças rápidas, “maquinizadas” da chamada “última geração” vão nos levar brevemente ao caos.



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*Francisco Miguel de Moura é escritor brasileiro, mora em Teresina.







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