Primeiro mês de governo
Logo começa o recesso
Mas os seus salários gordos
É que não tem retrocesso
Foram todos descansar
Não tem ninguém pra contar
Lá no prédio do congresso.
Fui no palácio da Alvorada
Só tem guarda no portão
Fui na Granja do Torto
Também tava lá não
O congresso tá fechado
Onde meteu o danado
Meu presidente da nação.
Vou vortá sem ver o Lula
Onde vou deixar o jabá
Pois eu trouxe com carinho
Daquelas bandas de lá
E o requeijão o que faço
Vai ficar embolorado
Ele num vai agüentá.
Para não perder a viagem
Peguei no cerrado daqui
Um punhado de jatobá
E um montão de pequi
Pra temperar o arroz
Não vou deixar pra depois
No outro ano volto aqui.
O que falar pra turma
Que pediu favôres!
Eles confiaram em mim
Até a amiga Dolôres
Que não confia em ninguém
Lá das bandas do Itanhêm.
Vou mentir prá esses senhores?
Eu vou é contar pra eles
Que o Lula é manhoso
Falava de quem viajava
Do Presidente Cardoso.
Queimou a língua nos ares
Já foi pra vários lugares
Comendo só do gostoso.
O que dizer pra dona Chica
Que pediu desse um recado
Que seu marido Nenzinho
Tá até hoje desempregado
O que vou falar com Bela
Que pediu arranjar pra ela
Uma casa noutro estado.
Fiz mais uma tentativa
Tornei ir no Alvorada
Vi guardas e muitas emas
Mas o Lula... nada!
Voltei liguei a televisão
Olhe quem vejo irmão...
O Lula meu camarada!
Eu aqui em Brasília
Na casa dos meus pais
E o Lula bem folgado
Com Itamar em Minas Gerais
Mas isso ninguém se mete
Pois o homem do tupete
Deve saber o que faz.
E taí minha viagem
Espero que no ano que vem
Possa ligar para Lula
Antes de sair de Itanhém
Mas com a gasolina subindo
Meu dinheiro vai sumindo
Nem sei se volto também.
Airam Ribeiro
Brasília, 21/01/03
Na casa de minha querida mãe Valdenice
