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cronicas-->Um pequeno ensaio sobre a chuva -- 10/03/2002 - 12:00 (Marcelo Rodrigues de Lima) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Um pequeno ensaio sobre a chuva

Marcelo Rodrigues de Lima


A chuva pode ter diversos significados para cada pessoa. Mas mesmo entre as que gostam e odeiam, em uma coisa, ambas devem concordar na capacidade que ela tem de nos deixar presos em algum lugar.
Menos mal se estamos na rua. Nos abrigamos em qualquer lugar e nos distraímos com as coisas ou pessoas que podemos ver.
Mas se estamos em casa as coisas complicam. Ficamos presos em um lugar que conhecemos e logo não podemos fugir nossa atenção a nada que não seja nós mesmos.
Somos entregues as nossas felicidades ou na grande maioria das vezes as nossas tristezas. Vai de cada um saber como lidar com o que aparece em um dia chuvoso dentro de casa. Especialistas em dias assim podem sugerir TV e pipoca para a primeira opção e vinho, sentado em frente à janela, para a segunda. Mas os resultados da última ninguém pode prever. Ressaca ou trinta e oito. Quem sabe?
Quantos não são aqueles que buscam em caixas velhas, recordações idem? Fotos, aquele vinil usado naquela festa, um velho paletó onde o primeiro amor derrubou cerveja, aquele pedaço de papel com um telefone sem nome ou até mesmo aquele caderninho de endereços de amigos quer não se vê há anos.
Lembrar para que? Estava tudo dentro de uma caixa. Se as colocamos lá é porque não queremos mais lembrar delas. Isso é só um estágio antes da lata de lixo. E não deixe que o cheiro de mofo misture-se com o segundo copo de vinho.
Mas ao invés de recorrer a tudo isso, poderíamos correr a TV, sem nenhum compromisso sentimental ou intelectual. O tempo passa mais rápido, e com o final da chuva pode-se comemorar. É simples, já que a força que não nos permite ligar a caixa mágica é a mesma que nos fazem ver todas as fotos, bem devagar, ligar para o desconhecido do papel, escutar as mesmas antigas músicas, tentar sentir o cheiro da bebida, lembrar quem é a pessoa que mora em tal endereço.
Depois de tudo isso, é esperar que a chuva passe e abrir a janela para ver o que ela trouxe. Do lixo que apareceu em frente de casa até o céu que convida a um sorriso de liberdade, já que a chuva, para quem está no lugar errado, é um teste de resistência sem prêmios.
Mas o estranho de tudo isso é imaginar as pessoas, que, tristes com a chuva e com o que ela pode trazer, fogem de casa assim que o céu começa a escurecer e vão se esconder no meio de uma multidão de desconhecidos. Fazem o caminho inverso de todos os outros que riem com os pingos na janela.

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