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Contos-->Vingança e Alto Risco -- 02/06/2002 - 13:17 (Alexandre Leonel de Oliveira) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

1


UM tiro passou zunindo rente aos ouvidos atingindo brutalmente as partes de madeira que separam as salas, enquanto Edy se atirava para o lado para um movimento acrobático perfeito e mesmo antes de tocar o chão suas pistolas automáticas já estavam atirando e atingindo mortalmente seus agressores, era óbvio que Edy havia chegado perto de descobrir algo muito importante, pois a recepção, calorosamente mortal demostrava isso .
Apesar do perigo Edy gostava da adrenalina, da emoção e caçar bandidos era mais que uma profissão, era uma questão de honra, pois fizera a promessa no dia da morte de seus pais quando foram mortos a mando de políticos corruptos, que jamais desistiria, jamais descansaria enquanto não visse erradicado todo o mal.
Edy Barros Motta fora o delegado mais durão e honesto que a procuradoria da P.F.B. (Policia Federal do Brasil) já conhecera . Incansável e persistente não descansava enquanto não obtivesse justiça doesse a quem doesse. Sim esse era seu pai.
Foi assim o preludio a morte de seu pai, enquanto investigava o trafico de drogas em aviões de cargas do exército.
Edymar estava meio agitado andando de um lado para o outro em sua sala, aguardava uma informação que poderia desmascarar de uma vez pôr todas todos os responsáveis por detrás de tal máfia.
O telefone soa estridentemente rasgando os pensamentos inquietantes de Edymar.
- Departamento de policia, Edymar Barros Motta falando .
- Edy, aqui é o coruja, já tenho as informações que você estava procurando:
As gravações, os vídeos e uma surpresa para você !
- Do que você esta falando, que surpresa é essa ? você sabe que ...
- Ora, ora, ora pega leve chefia, já falamos demais pôr telefone e você sabe disso tanto quanto eu, pôr favor me encontre no local combinado. Desligou.

- Senhorita Vaz, ligue-me pôr favor para minha esposa Vitoria e diga que vou me atrasar para o jantar; disse Edymar ao sair apressadamente.
Eram quatro horas da tarde e o transito começava a ficar caótico, mas do Morumbi à Av. Paulista era rápido pôr isso a indiferença do Coruja. Bem agora é só seguir com o carro a um estacionamento e pronto.

Edymar não era paulistano nasceu na Bahia, foi criado lá, teve uma vida difícil lutou muito para chegar onde está, estudou e agora, já pôr muitos anos se tornará um profissional muito competente e seus inimigos sabem disso.
Entrou rapidamente pois o MASP ( Museu de Artes de São Paulo) fecha cedo e Edy corria o risco de ficar de fora. Lá estava o Coruja homem de estatura baixa e olhos grandes o que caracterizava o seu codnome , parecia muito impaciente andando de um lado para o outro até que ele avista Edy, e quando o avista quase que instantaneamente caminha em sua direção andando rapidamente, estava suando.

- Chefia, cumprimentando Edy com um leve balançar de cabeça, pensei que não viesse mais, já fiquei de mais aqui , e tenho a impressão que estou sendo seguido.
- Como ?!
- Há um vazamento de informação, é essa a surpresa e você corre risco de vida , olha não temos muito tempo para bate papo, aqui esta o material que você tanto estava esperando, isso é o suficiente para incriminar muita gente grande que podem...

A conversa é cortada por um guarda do museu avisando que o
mesmo encontrava-se fechado à dez minutos.
Edymar estava ansioso por essas informações, mas teria que deixar para amanhã, pois prometera à Victória, sua esposa, não chegar muito tarde, mas antes passou no escritório para deixar as informações ali guardadas pois não tinha o hábito de levar trabalho para casa. Acelerou na Pinheiros rumo à Castelo até Alphavile onde mora, embora São Paulo não fosse quente como a Bahia, ( não tinha comparação) Edymar aprendeu a gostar da cidade. O motivo de sua pressa era que Edy Jr. Seu único filho chegaria esta noite da Bahia onde estivera por seis anos na academia da P.F.B.


Edymar e Victória amavam Edy Jr. , o criaram com toda disciplina e flexibilidade , investiram muito para que se tornasse um homem de bem, foram vitoriosos até certo ponto, pois não contavam com a rebeldia juvenil e inata, mas enfim Edy Jr. se firmou , deixando as drogas, criou um pouco de juízo , terminou os estudos , saíra um adolescente e voltara um homem, assim ansiava Edymar.




2




Ao chegar em sua casa Edymar parou em frente a câmera de segurança onde normalmente um vigia o identificaria e abriria o portão eletrônico , mas nada aconteceu, buzinou , nada, achou estranho, algo estava errado, os vigias não tinham o hábito de deixar a portaria vazia, mesmo no horário de jantar revezavam-se. Tirou a arma do coldre, desceu do carro, caminhou cuidadosamente até a portaria, olhou pelo vidro, espantou-se, arregalou os olhos como que não acreditando no que via, os vigias caídos envoltos em sangue, Edymar perdeu a cor, empalideceu-se, lembrou-se das palavras do coruja que disse que havia um vazamento de informação e que sua vida corria perigo, portanto se isso tivesse alguma ligação com o caso, sua esposa também corria perigo, preocupado, correu até o carro e pegando o celular ligou imediatamente para a casa, após o primeiro toque para sua surpresa atenderam.
- Vict...!?
- Eu sabia que ligaria senhor Edymar, disse uma voz masculina, se estiver falando da portaria, já deve ter encontrado os vigias, uma pena terem reagido, poderiam ainda, quem sabe estarem vivos.
- O que querem, quem são vocês? Perguntou Edymar, com a voz um tanto sufocada .
- Quem somos nós não importa, o que queremos no momento é que você se dirija a sua casa, ah!!! Não desligue o celular pois se o fizer sua esposa, como é mesmo o nome dela? – perguntou ironicamente e como que respondendo sua própria pergunta falou :
- Victória não é mesmo, encantadora; Morrerá!!! Não tente nem um truque senhor Edymar, pois neste momento está sendo observado por um dos meus homens.
- Seu canalha, se tocar em Victória eu...!
- O senhor não está em condições de exigir absolutamente nada, agora, por favor faça exatamente o que lhe pedi ou sofrerá as conseqüências.
Ao longo de sua vida Edymar passara por varias situações de perigo, enfrentou todas com toda coragem, se sentiu medo ao enfrenta-las não havia se dado conta disso, mas neste momento o medo o dominou sua esposa à quem amava profundamente esta em perigo e o pior é que se sentia culpado por isso e se algo saísse errado jamais se perdoaria, decerto seu filho não havia chegado, pois não o mencionaram.
Já esperava por algo assim após o coruja Ter lhe dito que ouve vazamento dentro do departamento, mas o Coruja só havia passado esta informação esta noite de modo que não houve tempo de tomar as devidas e necessárias providências e agora era tarde demais, estava à mercê dos bandidos.
_ Está me ouvindo Sr. Edymar?
_ Sim. Respondeu com ódio.
_ Entre devagar e lembre-se que temos várias armas apontadas para a sua esposa.
Edymar aproximou-se de sua casa em direção à porta da sala, tocou a maçaneta e com passos firmes, porem lentos entrou. Victória estava sentada em uma cadeira no meio da sala, os bandidos haviam se dado ao trabalho de empurrarem os móveis para os cantos, para que a mulher fosse um alvo fácil. Victória era negra, alta e muito bonita, estivera por todos esses anos alheia ao trabalho de Edymar, embora soubesse do perigo, sempre respeitou seu trabalho, seus horários irregulares e noites sem dormir, fazia poucas queixas. Edymar em breve se aposentaria e em fim teriam uma vida normal e tranqüila.
Quando o avistou, correu desesperadamente ao encontro de seu marido em prantos, porém foi brutalmente impedida de se aproximar. Num gesto de protege-la, Edymar pulou diante dos opressores, quando um forte soco em seu abdômen o fez cair de joelhos, retorcendo-se de dor.
- Porque, porque isso tudo? Ela não tem nada com tudo isso, deixe a em paz.
- Calado! Disse o homem que parecia ser o cabeça da operação, você sabe o que queremos, recebemos a informação que seu agente Coruja lhe entregou os filmes, as fotos e nós os queremos, custe o que custar.
- Porque não os pegaram enquanto nas mãos do Coruja ou logo após ele me entregar? Porque envolver inocentes? Porque? Perguntou Edymar amargurado.
- Perseguimos o Coruja, mas o subestimamos pois ele nos despistou conseguindo nos atrasar e quando conseguimos finalmente localiza-lo as pistas já estavam em suas mãos e qualquer tentativa de aborda-lo, Senhor Edymar, poderia força-lo à comunicar o Departamento e isso nos prejudicaria, de modo que mudamos os nossos planos e com o nosso informante descobrimos o seu endereço, portanto aqui estamos.
- Não estão aqui comigo, não os trago para casa, estão bem guardados.
- Vamos Edymar, não brinque conosco. Agarrando Victória violentamente pelos cabelos, levantando-lhe o queixo, encostando sua arma em sua nuca, Victória gemia e chorou desesperadamente.
Edymar disse agonizando:
- Por favor não. Eu lhe digo onde estão, mas não a machuque.
Disse ainda de joelhos.
- Isso mesmo, é bom colaborar, vamos, diga, já demoramos demais aqui. Disse o homem acendendo um cigarro.
- Está no departamento e qualquer tentativa de pega-los seria inútil, está no cofre da minha sala, onde o delegado Mauro Caval está de plantão junto com mais quarenta agentes, o que torna impossível pelo menos esta noite pega-los.
- Quem lhe disse que nós vamos pegá-los? nosso agente infiltrado o fará, mas antes temos de nos certificar de que realmente não esteja com você. Rapazes, Procurem! Disse enfaticamente.
Seus homens impiedosamente o revistaram rasgando-lhe as roupas, também o carro e após certificarem-se notificaram seu chefe que fez um sinal à outro capanga que rapidamente executa Victória.
Edymar não queria acreditar, ergueu-se desesperadamente e cambaleando correu até Victória só para tomar alguns tiros pelas costas e cair sobre o corpo inerte de sua amada, antes do último suspiro balbuciou:
- Eu te amo, me perdoe!
Os bandidos imediatamente despiram-se, jogaram suas armas, enquanto outros espalhavam galões de gasolina por toda a casa e atearam fogo, à fim de não deixarem pistas e sumiram na noite.
O fogo tomou conta da casa toda causando um alvoroço total, os vizinhos com mangueiras e baldes tentavam controla-lo até a chegada dos bombeiros.








3



Edy Jr. dirigia por trinta e seis horas, viera em seu carro esportivo envenenado de salvador até São Paulo, os anos na Bahia lhe foram valiosos, se formara em direito pela corporação, mas tinha planos de seguir os passos do pai, se tornaria um agente da P.F.B, de fato isso já havia sido arranjado e se tudo estivesse certo se encorporaria logo que se estala-se em São Paulo, da corporação recebeu todo treinamento em tecnologia e artes marciais, mas o que mais gostava e se dedicou mais foi numa luta ancestral que na academia não ensinavam, teve de aprender nas ruas de Salvador, até que um mestre baiano decidiu ensinar-lhe, sim Edymar Jr. tornara-se muito habilidoso e inteligente, porem não era arrogante, a humildade herdara de seus pais embora fosse jovem tinha determinação.
Ao som dos Raimundos uma banda de rock nacional estava chegando, atrasado é claro, não teve muita sorte com os pneus e borracheiros parecem nunca terem pressa, mas enfim estava chegando. Edy Júnior não pode deixar de notar os carros de bombeiros, de resgate e viaturas policiais que abriram caminho por ele, subiu-lhe um frio na barriga, não sabia porque, mas não deu importância.
Ao se aproximar da casa de seus pais Edy pôde notar a agitação pelo local, tantas pessoas, policiais, custou-lhe acreditar no que via, a casa de seus pais fora incendiada, os bombeiros custando à conter as chamas, Edy em completo choque não conseguia esboçar nenhuma palavra, mas no fundo, bem no fundo já sentia uma perda enorme, a de seus queridos e amados pais.
A voz de um policial militar o fez despertar para a terrível realidade:
- Para traz, para traz, por favor.
As pessoas se aglomeravam atrapalhando o trabalho dos bombeiros que corriam por todos os lados. Edy Jr. pergunta:
- Edymar Barros Motta !? Gritou ao policial em meio à multidão que o impedia de se aproximar.
- O que disse? Perguntou o policial com os braços abertos afastando os curiosos.
- Edymar e Victória Motta oficial! são meus pais, como estão? Agora já mais perto do homem que disse: O Senhor mora aqui?
- Não, é a casa de meus pais e quero saber como estão. Disse já irritado.
É melhor o senhor falar com o tenente Jamir, disse levantando a faixa para que Edy passasse e apontou para o tenente que era um homem grisalho, fora de forma e estava parado entre alguns policiais, preenchendo relatórios.
- Com licença, tenente Jamir... falou Edy aproximando-se do homem.
- Sim?! Respondeu meio desconfiado.
- O que deseja?
- meu nome é Edymar Mota Júnior, sou agente inoperante da P.F.B. disse apresentando o distintivo, sim Edy estivera estudando, envolvido com a Corporação, mas ainda não havia começado à trabalhar oficialmente, regressava para isso, prosseguiu: _ Esta é a casa de meus pais, estou chegando agora de viagem e gostaria de saber como eles estão.
- Olha rapaz... (pigarreou) , os bombeiros estão neste momento entrando na casa e visto terem chegado já no clímax do incêndio, não puderam conte-lo rapidamente, de modo que se houver vitimas, possivelmente serão fatais, e ainda mais, há um agravante, os vigias desapareceram.
- Mas, como desapareceram? Tem eles algo à ver com tudo isso?
Perguntou um tanto confuso.
- Ainda é cedo para conclusões, mas por favor me acompanhe.
Edy segui o tenente até a cabina dos vigias, o tenente parou na entrada.
Edy tal qual o tenente parou a entrada da cabina e olhou tentando conter o espanto, a poça de sangue no chão era evidência da crassa violência contra os vigias.
- Por isso acionamos a homicídios – comentou o tenente.
- A corporação já foi acionada tenente – perguntou Edy com ar de preocuparão .
- Sim quando soubemos que o proprietário era delegado P.F.B logo os acionamos, venha meu rapaz vejamos se os legista tem algo a nos dizer.
Edy os acompanhou pedindo no intimo que eles não o tivessem, mas no fundo bem no fundo já esperava o pior; e o pior aconteceu, os legista informaram que encontraram os cadáveres carbonizados de uma mulher e três homens.
Ao receber a notícia Edy Jr. não pode conter o desespero e correu ziguezagueando burlando a barreira de policiais que faziam menção de segura-lo porem sem sucesso, sim correu e entrou na casa condenada, revirou o local com os olhos até encontrar, e achou os corpos que logo pode identificar, sim eram seus pais não precisava de uma confirmação dos legistas seu coração já havia identificado seus pais alem da lógica é claro, sim seus pais em meio a fumaça e os destroços, um corpo sobre o outro numa poesia dântesca como Romeu e Julieta; a cena horripilante o fez desviar o olhar, as lágrimas não podiam mais ser contidas, ajoelhou-se em meio as cinzas e serrando os punhos jurou que descobriria o que aconteceu e não descansaria até vinga-los .


4



Passaram-se uma semana desde que seus pais foram mortos, aos poucos Edy foi estabilizando seus pensamentos e dando inicio as investigações, negou aos apelos de seu tio de voltar a Salvador e morar lá, pois tinha outros planos visto agora estar participando ativamente das atividades da corporação, o delegado Caval assumira o comando das investigações de seu pai, Caval, apesar da austeridade cravada em seu rosto possuía uma voz calma, porem firme, suas ordens poucas vezes foram questionadas ou discutidas talvez fosse por isso que agora perdera a calma e esmurrara a mesa.
- Eu é que dou as ordens aqui, já disse que você deve Ter paciência e não se envolver, não somos vingadores, somos profissionais, profissionais!
- Já fazem uma semana que meus pais foram brutalmente assassinados e que aqui ninguém sabe me dizer o porque, eu tolerei todo esse tempo na esperança de que algo fosse feito por vocês, mas nada foi feito, agora o senhor pede para que eu não me envolva? Isso é um absurdo! Eu quero a verdade doutor Caval, apenas a verdade, de certo meu pai investigava algo muito sério e eu quero saber, tenho o direito de saber como filho e membro da Corporação.
Os dois se encaravam enraivecidamente, Caval tinha uma feição dura, fechada e um olhar profundo, a idade dava ao seu rosto o tom da experiência, uma vantagem que Edy não tinha, era muito jovem, embora aparentasse mais, tinha vinte e seis anos, seu cabelo rastafari e seu modo de vestir-se causou muitos comentários no Departamento, mas conseguia convencer o mesmo “duro” Caval que seria um bom disfarce para futuras investigações, mesmo assim manteve o olhar de desafio, o silêncio parecia interminável, aqueles segundos pareceu-lhe horas até que Caval fala, agora num tom ameno:
- Edy, Edy, você me lembra muito seu pai, na determinação é claro! Olhando para Edy dos pés à cabeça.
- Você tem razão, como filho você tem direito de saber, seu pai estava investigando o tráfico de drogas em aviões militares, isso não é segredo para ninguém, seu pai havia chegado perto de descobrir ou denunciar todos os envolvidos, pessoas poderosas, capazes de qualquer coisa para impedi-lo, é até onde sabemos, no entanto com a morte de seus pais, voltamos à estaca zero.
- Como assim?! Não é possível que apenas meu pai investigava o caso, alguém mais deve saber.
- O caso meu rapaz... disse o delegado, voltando-se para uma gaveta de onde tirou um maço de cigarros e após acender um:... É que seu pai tinha razões suficientes para não confiar em ninguém, preferiu contratar investigadores, ex-membros da Corporação, para fazerem alguns serviços particulares para ele.
- Então, como chegaram até meu pai, até sua casa, como sabiam que ele estava tão perto de descobrir algo?
- Vazou!
- O que disse?
- Houve vazamento dentro do departamento, sim, existe entre nós um delator, um traidor desgraçado!
- E o que a supervisão da procuradoria está fazendo à respeito?
- Foi pedido uma auditoria, mas isso leva tempo, por isso o caso está parado, teremos que ir por partes.
Edy deixou a sala totalmente abatido, quando ouvia que a lei no Brasil era burocrática e injusta, não concordava totalmente com isso sabia que ainda existiam pessoas insubordináveis, interessadas em que a lei fosse cumprida, mas a indiferença, a apatia daqueles em que a lei fora confiada o deixara agora revoltado, precisava de um tempo para pensar, precisava sair e relaxar.
Rumo à casa no alto da Lapa, onde morava qual parte dos muitos bens que seu pai deixara, além duma conta bancária gorda de um seguro de vida, dirigia pensando na conversa que tivera com o delegado Caval. Apesar do esforço de mostrar empatia, Caval não o convenceu, é certo que ele sabe mais do que diz saber, talvez fosse imaginação sua, mas Caval parecia estar escondendo algo. Bom, pensaria nisso depois, tinha que dar inicio à investigação e já tinha um ponto de partida, paciência seria sua maior arma e por falar em armas, precisaria obter mais algumas, quem sabe Dute, o comerciante poderia ajuda-lo, mas não hoje, tinha que relaxar, aliviar a tensão.
Ao chegar em casa, Tigor o pitbull e Esparo o rottwaller, seus cães o recepcionaram alegremente, ainda eram filhotes, comprara à poucos dias, cuida-los exigiria tempo, mas contrataria uma governanta e um adestrador, ao olhar em volta reforçou a idéia de contratar uma governanta, meias espalhadas pelo carpetes, CDs fora do lugar, muita bagunça , ligou o som, um CD do SOFT CELL começou à rolar, pegou a toalha e foi para o banho enquanto pensava para onde iria aquela noite.


5


Quando estava para pegar o elevado, lembrou-se que em santa Cecília existia um lugar que costumava ir com a rapaziada do colégio, continuou na São João rumo ao Espaço Retrô, lugar barra pesada, mas estava afim de encarar. Na entrada , apresentou-se como oficial e entrou.
O Espaço Retrô tinha um ambiente escuro e nos cantos se escondia os tipos mais esquisitos, bateu-lhe o arrependimento, percebeu que não tinha mais pique para isso, mas já que estava lá resolveu ficar, tomar alguns drinks e sair. E foi o que fez, porém distraidamente esbarrou num grandalhão, não teve culpa, num ambiente escuro isso era normal, mas o rapaz não quis entender e ficou praguejando mesmo depois de Edy se desculpar, visto que não adiantava discutir Edy resolveu sair e dar por encerrado e foi o que fez, porém até chegar ao seu carro tinha que atravessar por uma praça, foi quando escutou um grito:
- Hey, crioulo!
Edy ignorou.
- Hey, negro sujo!
Edy virou-se e pode ver quem gritara essas palavras, o grandalhão em quem esbarrara acidentalmente e com ele mais cinco, Edy logo identificou aqueles jovens corpulentos como neonazistas, skinhead, um grupo de aceclas de Hitler, racistas e maldosos.
- Vamos lhe ensinar qual é o seu lugar, negro e se você sobreviver, poderá ensinar isso para outros como você. Edy pensou em se identificar, mas com certeza isso de nada valeria para aqueles delinqüentes apenas cerrou os punhos e esperou o ataque, o grandalhão atacou-lhe com um soco cruzado, Edy abaixou-se e pôde sentir o golpe zunindo por cima de sua cabeça, levantou-se socando-lhe o baço com tanta força que o rapaz caiu gemendo enquanto outro vinha em sua direção ameaçando socar-lhe, Edy chuto-lhe as partes genitais e socou-lhe o queixo, só para ser atacado pelos quatro restantes de uma só vez, achou melhor sacar a arma e identificar-se e quando percebeu que não viram a arma, atirou para o alto, os agressores pararam só que instantes seguintes, a praça estava cheia de viaturas e policiais militares que os renderam, Edy foi algemado juntos de seus agressores.
- Policiais, se pegarem em meu bolso meus documentos perceberão que estão cometendo um erro.
Disse Edy tentando se identificar, porém foi socado por um deles.
- Cala a boca safado! Quando eu perguntar você fala e isso será no distrito. Uma hora depois na delegacia, Edy consegue identificar-se e ser liberado. O delegado fez questão de se desculpar e pedir que os policiais também se desculpassem com Edy, que decidiu não apresentar queixa deles, os rapazes porém não tiveram a mesma sorte, passaram a noite na prisão, apenas uma noite, mas com certeza levaram uma lição disso, Edy tinha certeza.
Em sua cama Edy ria sozinho enquanto lembrava da noite que tivera e da cara do policial quando teve de deixa-lo onde estava seu carro, também lembrou-se com ira do forte preconceito que sofrera e sabia que se não fosse sua posição social seria tratado pior do que seus agressores...adormeceu.



6


Era Sábado, Edy pulou da cama num susto havia perdido a hora, pretendia levantar-se cedo para colocar as coisas em ordem, pois daria inicio às investigações sobre a morte de seus pais. O delegado Caval não permitiu que ele participasse das investigações que seu pai havia dado inicio, deu à Edy tarefas sem maior importância no departamento, pois julgava que Edy estava mais interessado em vingança do que justiça, Caval tinha razão com respeito à uma coisa, Edy queria vingança, mas errou quando não deixou que Edy participasse do caso, pois agora Edy agiria por conta própria, sem que Caval desconfiasse, nem Caval nem qualquer que fosse o traidor na corporação, não até que não houvesse mais como omitir seu envolvimento.
No departamento, entregou alguns relatórios, deu alguns telefonemas e após isso dirigiu-se à mesa de Maga. Maga era mestra em computadores e era ela que controlava os registros de contatos da corporação, um serviço de alta confiança, Maga dispunha de senhas de programas de proteção que dava acesso aos arquivos, de modo que só ela e os delegados de cada plantão tinham acesso às informações de registros.
Edy a conhecera no sepultamento de seus pais, Maga pareceu-lhe naquele dia muito abatida, sentindo a morte de amigos inestimáveis, sim inestimáveis foram as palavras que usara para descrever a amizade que tinha com os Motta e em momentos à sós com Edy, disse que poderia contar com ela no que precisasse.
Bem, agora chegara o momento que ela poderia fazer isso que prometera, será que Maga cumpriria com suas palavras? Edy tinha que tentar, mas não ali, em qualquer outro lugar, nunca ali.
- Olá, Maga!
- Olá, Júnior que bom reve-lo, como está? Poderíamos conversar qualquer dia desses!
Era tudo o que Edy precisava, as coisas começavam muito bem. Com o sorriso quase na orelha diz:
- Você tem razão Maga, gostaria e preciso muito falar com você mesmo, pode ser hoje, almoce comigo!?
- Ah, então é isso, precisa falar comigo, puro interesse!
- Não é bem isso Maga! “disse um pouco envergonhado, se sentiu um verdadeiro mercenário, mas não tinha outra alternativa, estivera a semana toda correndo atrás do funeral dos pais, dos documentos relacionado com os bens herdados, não tivera tempo e agora precisava unir o útil ao agradável visto Maga ser uma linda jovem.
- Desculpe Maga, mas tive uma semana cheia e fiquei muito chocado com os acontecimentos, só ontem à noite saí e mesmo assim não foi legal, agora se você me perdoar poderemos almoçar juntos. O que você me diz?
- Ok! Você me convenceu.
- 12:30 no Alpapone, combinado?
- Combinado!
Edy notificou sua saída ao Departamento, tinha assuntos a resolver. Na verdade Edy veria um antigo conhecido de seu pai. Dute ‘O Comerciante’, era assim que o conheciam muitos investigadores, agentes, seguranças de alta classe, Dute tinha uma enorme loja de armas na Bela Cintra, mas também trabalhava com equipamentos sofisticados de espionagens.
Na loja Edy foi rápido, já tinha em mente o que precisaria, Dute não estava, saíra a negócios, um funcionário muito qualificado o atendeu e depois de executar todo o procedimento burocrático que existia para adquirir armas, Edy se apressou, pois estava em cima da hora para o encontro com Maga, encontrariam-se no Alpapone, um restaurante italiano na Francisco Morato Avenida, o percurso fora rápido, o difícil fora estacionar, pois embora fosse Sábado havia muito movimento ao meio dia, por fim conseguiu estacionar.
Ao entrar Edy chamou a atenção das pessoas, ali estava um negro alto e musculoso, seu cabelo rastafari e suas roupas largas e coloridas o destacavam ainda mais. Varreu o local rapidamente com os olhos à procura de Maga, lá estava ela, percebeu que a moça retocara a maquiagem ressaltando ainda mais a sua beleza.
- Desculpe o atraso! Disse beijando-a no rosto.
- Esqueça, não estamos em Londres mesmo, atrasos no Brasil são praxe.
- Você já pediu? Perguntou Edy sentando-se.
- Uma cerveja por enquanto.
Pediram lasanha até se fartarem, conversaram sobre coisas sem importância, sobre vários assuntos, Edy relembrou sua estada na Bahia e Maga de uma viagem que fizera ao Rio de Janeiro, riram bastante, houve um momento de silencio que Edy achou melhor quebrar.
- Bem Maga, como já deve saber, tenho algo a lhe dizer.
- Pode falar à vontade, por favor!
- Preciso de um favor seu, é um assunto muito delicado e tenho de saber se posso confiar em você.
- É claro que pode confiar em mim!
- Maga, preciso de alguns nomes, dados, qualquer coisa, de possíveis contatos de meu pai.
- Você quer dizer os últimos contatos?
- Isso mesmo!
- Mas você não foi excluído das investigações Edy?
- Sim, mas estou investigando por conta própria e esse é o meu ponto de partida, posso contar com sua ajuda?
Maga foi compreensiva, fornecera alguns nomes e possíveis áreas de atuação dos mesmos, visto que não tinham residências fixas, o que tornara o trabalho de Edy ainda mais difícil.
Não, Edy não esperava que essa longa jornada em busca da justiça fosse fácil, o estranho é que começara à gostar de tudo isso, fizera dessa busca uma questão de honra.




7



Edy decidiu começar pelos nomes que julgava mais acessíveis, ou seja, pelos nomes e endereços de São Paulo e região, o nome De Vilha era o primeiro de sua lista, e assim começara a sua busca.
De Vilha, segundo Maga, possuía uma boate na vila Madalena, uma faixada para seus trabalhos de informação e contra informação, Edy conhecia o lugar recentemente inaugurado e de muito bom gosto o que forçou Edy a se trajar adequadamente se quisesse entrar.
No balcão o “bar-men” servia cokteis freneticamente enquanto fazia malabarismo, entretendo os convidados, seria difícil Ter a atenção dele de modo que Edy varreu o local com os olhos a procura de outra alternativa, talvez um segurança, uma dançarina , o lugar estava cheio de belas garotas, que talvez pudessem lhe dar informações sobre De Vilha, foi quando notou uma mesa rodeada de seguranças, estes não tão próximos é verdade mas notava-se nitidamente o cuidado excessivo com algumas mulheres e dois homens ali .
Um deles era jovem demais para ser De Vilha , o outro provável mente, loiro, mais ou menos 40 anos , batia com a descrição de Maga, exibia um sorriso malicioso para uma das garotas em quanto acendia um charuto cubano.
Edy sentou- se ao balcão pediu uma bebida e passou a observa-lo, tinha de Ter certeza, pois se bancasse o idiota não poderia mais contar com a ajuda do homem.
- Hei amigo, fez sinal a um dos balconista para que chegasse mais perto.
- Pois não !?
- Me diga amigo, aquele ali na mesa , é Jorge De Vilha, o dono da boate?
- Sim senhor é o próprio.
- O que sabe sobre ele?
- Pouco senhor, mas infelizmente não posso lhe dar atenção neste momento, quer dizer, mais que o necessário, desculpe, disse sorrindo tentando ser polido.
- Tudo bem, disse Edy prolongando a conversa, mas serei breve, sabe me dizer se ele costuma receber pessoas estranhas em sua mesa sem prévio aviso ?
- Impossível senhor , os seguranças não permitiriam, agora se me der licença preciso trabalhar.
Edy procurou entender a atitude do bar-men, o Brasil se encontrava numa situação difícil, arranjar um emprego não era fácil, de modo que ninguém se dava ao luxo de perder um.
Agora que tinha certeza que era mesmo De Vilha, tinha de se aproximar dele.
Caminhou até o mais perto possível da mesa de Jorge De Vilha , os seguranças ao notarem sua aproximação, desconfiaram e logo foram em sua direção.
- O que pretende?
Edy um tanto sarcástico :
- Nossa que simpatia, também gostei de vocês.
- Não banque o espértinho amigo e...
- Calma amigo pretendo falar com De Vilha, diga que sou da Policia Federal, ele se interessará em falar comigo.
De fato se interessou, pediu que seus convidados o desculpassem e se retirou da mesa, fazendo sinal para que Edy o seguisse.
De Vilha dirigiu-se a uma discreta porta por traz do bar seguindo por um estreito e curto corredor, Edy o seguiu e logo a traz os dois seguranças , até entrarem por uma porta que dava acesso a um requintado escritório, não muito grande porém aconchegante.
- Ainda não me disse seu nome senhor, disse o homem fazendo sinal para que Edy sentasse.
- Edymar Barros Motta Júnior.
- He, hei, heiii ! Disse Devilha descontraidamente, abrindo os braços e colocando os pés sobre a escrivaninha .
De fato as aparências enganam, pensou Edy, o homem que viu a pouco com aspecto sério e educado se mostrava agora totalmente ao contrario as suas expectativas, não que isso fosse problema , afinal não estava ali para julgar etiqueta e sim para colher informações.
- Esse nome não me é estranho...
- Não, cortou Edy, realmente não é , esse nome era também o de meu pai, sei também que ele fez contato com o senhor antes de morrer.
- Você andou fuçando os arquivos da corporação, cortou, De Vilha, secamente, essas informações são altamente confidencias e se cair em mãos erradas pode se fatal para os contatos e isso me inclui.
- Fique despreocupado senhor, falou Edy, mais secamente ainda, tomei o máximo de cuidado e não guardo nada que faça menção ao senhor ou qualquer outra pessoa, e garanto que se me ajudar com suas informações, a vingar meus pais pagarei por elas.
- Escute, rapaz o problema aqui não é dinheiro, disse levantando-se e acendendo um charuto, e pelo que sei sobre Edymar Motta, ele tem um filho, um único que ainda estava na academia da corporação e se você é realmente quem diz ser é muito jovem e inexperiente, estará colocando a sua vida em risco e a de quem o ajudar, de modo que sua vingança poderá sair mais caro do que imagina.
- Desculpe senhor, mas dispenso sermões, e posso assegurar que nada que disser, mudará minha determinação de vingar meus pais e obter justiça e aja vista não poder me ajudar procurarei quem possa, ou esteja disposto, concluiu Edy fazendo menção de retirar-se, afinal não tinha certeza do quanto De Vilha sabia , portanto, não pretendia humilhar-se.
Sua experiência era apenas acadêmica, isso é verdade porém, concluiu Edy, isso não significa que fracassará, prometera a si mesmo que vingaria seus pais a qualquer custo, e faria isso.
- Calma rapaz, não disse que não ajudaria, só estou alertando-o dos risco e dizendo-lhe que isso não é um treinamento acadêmico e que se você não tiver bagos poderá dar-se mal e prejudicar os contatos.
De Vilha naquele momento pareceu a Edy Jr. o homem sério do inicio, porém Edy sabia que toda aquela preocupação era consigo mesmo, Jorge De Vilha não estava preocupado com a segurança de Edy Jr. e sim com a sua própria, medo de ser apanhado por quem quer que estivesse envolvido na máfia brasileira .
- Escute rapaz, prosseguiu Jorge só para ser cortado por Edy.
- Senhor não gosto de ser chamado assim, tenho certeza que não esqueceu meu nome, mas se o acha comprido demais, pode me chamar de Edy.
De Vilha calou-se por um instante, houve silêncio na sala e os dois se encararam por alguns segundos.
O silencio foi quebrado pela gargalhada ecoante de Jorge De Vilha:
- Começo a gostar de você rap...Edy, mas como estava dizendo, direi apenas o que sei e garanto, pode acreditar não é muita coisa, espero que o satisfaça.
- Qualquer coisa para mim será um bom começo. Disse Edy tentando conter a euforia.
- Bem, prossegui De Vilha, um tanto apreensivo, seu pai pediu-me informações de alguns nomes de generais brasileiros e colombianos que poderiam estar envolvidos no trafico de armas e drogas, eu apenas fiz alguns contatos superficiais e consegui nomes significativos.
- Que nomes são esses?
De Vilha olhou-lhe fixamente e disse:
- General Brás Silva do Brasil e general Pláblo Rincho da Colômbia, ambos contam com o apoio de alguns Políticos que tem por testa de ferro um traficante poderoso do Rio de Janeiro, pessoas influentes que lucram com a guerrilha.
- Tem mais a acrescentar a essas informações senhor De Vilha?
- Mais que isso resolverei o caso para você “rapaz” disse De Vilha provocativo.
- Eu sugiro que procure saber quem é esse tal traficante e assim saberá quem matou seus pais.
A conversa com Jorge foi mais do que Edy previra, as informações apesar dos nomes, não eram o suficientes, Edy precisaria de provas alem de saber quem esta realmente envolvido pois só assim não será surpreendido por traidores.
Edy precisará fazer novos contatos e o próximo nome é Eduardo Pena o Coruja.



8



Margarete (maga) organizava suas coisas para mais um dia de trabalho, consultou sua agenda e constatou que havia muito o que fazer, sua sala mantinha o mesmo padrão das outras salas com diferenças apenas operacionais , arquivos estritamente secretos e sistemas de seguranças cuja as senhas conhecidas apenas por ela e Caval o atual delegado no departamento depois da morte de Edymar Motta .
Não havia muitas mulheres no departamento , com tamanho grau de responsabilidade e Maga sábia disso por isso procurava dar o máximo de si mesma para mostrar estar a altura de tal cargo.
Lembra-se com ternura como foi-lhe dado tal cargo, pouco depois de voltar da reciclagem na academia da corporação, na ocasião criou-se a maior polemica sobre o assunto mas Edymar Motta o falecido delegado, pai de Edy Jr. garantira todos os direitos à maga . Edymar confiava em Margarete, alem da moça ser tratada como uma filha por Victória , as lembrança encheram seus olhos de lagrimas e se não fosse o som estridente do interfone em sua mesa estaria em prantos.
O som a irritou prontamente, era simplesmente irritante , parecia Ter sido projetado com tal finalidade e se assim fosse cumpria o seu papel.
Do outro lado da linha, Caval pedia para que Maga fosse até a sua sala, normalmente, não a chamava tão cedo, apenas quando se tratava de um assunto que ele julgava ser importante.
- Com sua licença senhor ?
- Entre senhorita Margarete, sente-se por favor, Caval tinha uma aparência dura e fria o que fazia qualquer pessoa se sentir desconfortável em sua presença e com Maga não era diferente.
- Bem, foi logo falando, vou logo ao assunto assim ganhamos tempo, hoje pela manhã o agente Edymar Jr. veio a mim com um pedido de licença para cuidar de assuntos pessoais , embora não me revelasse que assuntos são esses temo que Edymar Jr. esteja se ocupando a investigar a morte de seus pais e se esse for o caso poderia estar arriscando sua vida e as investigações.
- Desculpe interrompe-lo senhor disse Maga desconfiada, não estou entendendo porque esta me dizendo essas coisas poderia eu ajuda-lo em alguma coisa ? Disse Maga dissimuladamente .
- De fato pode Sr.ta., basta manter a determinação de não revelar assuntos confidenciais à membros não autorizados na corporação ou qualquer que seja a pessoa .Por um instante maga teve a impressão que Caval sabia de algo.
- O Srº está insinuando que eu tenha sequer ponderado tal crime ? Revelou Maga sua indignação a Caval.
Caval não era nem um tolo e se estava tocando nesse assunto, era por que ou sabia de algo ou desconfiava que Maga já havia passado essas informações para Edy o que faria com que ficasse de olhos nela a impedindo de novos contatos.
- Escute Srª. Só estou lembrando-a de suas responsabilidades com a corporação –prosseguiu Caval de forma cínica porem firme.
- Acho que não preciso dizer quer estou ciente dos meus serviços e responsabilidades à anos senhor , portanto me sinto profundamente ofendida.
Maga não fez esforço algum em disfarçar sua raiva pela atitude suspeitosa de Caval.
- Há mais alguma coisa que gostaria de me dizer?
- Não, creio que já falei tudo, e se você tiver bom juízo pensará em tudo o que lhe disse e ficará longe de encrencas, disse Caval levantando-se e acompanhando maga até a porta. – tenha um bom dia.
A conversa que tivera com Caval foi o suficiente para tirar-lhe a disposição de trabalhar. Era certo que Caval não tinha certeza de suas suspeitas mas Maga sabia que ele ficaria na sua cola até descobrir algo, de modo que precisava alertar Edy, é claro que não usaria o telefone do departamento pois poderia estar grampeado e confirmaria aquilo que para Caval não passava de uma suspeita.



9



Edy estava agora livre pelo menos por uns tempos para dar continuidade as suas investigações, no inicio Caval relutara em dar alguns dias de licença mas , mais uma vez Edy mostrara se insistente de modo que Caval cedeu.
Caval mostrou-se desconfiado e disse que se Edy estivesse agindo fora dos procedimentos legais estaria na rua, e não estava blefando, mas Edy estava decididamente envolvido e não desistiria, precisava de mais tempo para se organizar e também treinar colocar seu corpo em forma pois sabia que precisaria mais do que cérebro em suas investigações. Durante seus anos na Bahia tornou-se muito ágil aprendendo toda sorte de artes marciais inclusive capoeira sua agilidade o destacara como um perfeito acrobata, seus conhecimentos em judô, karatê com as habilidade da capoeira o tornou um super atleta capaz de saltos acrobáticos e golpes fatais, treinava avidamente quando foi interrompido por sua nova porem idosa empregada.
- Senhor Edymar ! disse meio sem jeito, aparentando certo receio de interromper Edy.
- Sim dona Marta , respondeu enquanto rodopiava no ar num salto mortal – Algum problema ? Tocou o tatame com os pés leve como um ginasta.
- Não senhor, é que encontra-se a sua espera uma moça, disse que precisa falar com o senhor urgente.
Edy enxugou o rosto molhado de suor , pendurou a toalha no pescoço e caminhou até a sala de onde pode ver maga que demostrava uma nítida impaciência , a moça como desconfiava era maga , Edy conhecia poucas pessoas em São Paulo por isso a dedução.
- Ora! Que surpresa agradável você por aqui! Vamos entre por favor, você está bem me parece um tanto inquieta, impaciente?
- Edy, o seu pedido de licença as perguntas que andou fazendo, enfim o seu comportamento nos últimos dias levantaram suspeitas, Caval desconfia de algo e agora está grudado em mim feito goma de mascar, desconfio que daqui para frente teremos de tomar muito cuidado ao fazermos contatos.
- Tudo bem Maga não precisamos nos preocupar já tenho informações suficientes para dar continuidade as minhas investigações, deixarei de fazer contato com você por uns tempos assim recuperará sua credibilidade no departamento.
- Edy quero que saiba que estou do seu lado e se precisar da minha ajuda ; pouco me importa o que Caval pensa eu irei ajuda-lo.
- Disso não tenho duvida Maga, mas de que adiantaria sermos expulsos da corporação? Desta forma dificultaria e muito minhas investigações e jamais pegaríamos os assassinos dos meus pais.
- Tudo bem Edy que seja como você quer, mas tome cuidado esta lidando com gente muito perigosa. Escute, agora tenho de ir a esta altura Caval deve estar aos pulos já estou fora a horas, mas por favor eu insisto tome cuidado.
- Está bem Maga, obrigado por se preocupar e por tudo que tem feito por mim não esquecerei o que esta fazendo eu prometo.
Edy despediu-se de maga temendo ter envolvido de mais a moça em sua sede de vingança, mas agora só poderia caminhar para frente e decifrar de uma vez por todas tais intrigas.



10




Foi um longa procura por toda Zona Oeste de São Paulo Freguesia , Morro Grande, Zatt, Mirante, e num apartamento modesto no Jardim Cidade, uma vila bem urbanizada Edy, conhece então Eduardo Pena o “Coruja”.
O condomínio não apresentava segurança alguma, não havia um porteiro ou mesmo tranca no portão de acesso o que facilitou e muito para entrada de Edy.
O elevador quebrado obrigou-o a subir pelas escadas no caminho encontrava senhoras que assustadas o encarava com desconfiança, era obvio que ali as pessoas se conheciam e um estranho não passaria desapercebido.
Verificando no bolço mais uma vez só para Ter certeza do endereço, Edy continua escada acima , sexto andar apartamento 65, era este, o coração de Edy batia mais forte neste momento pois estava preste a dar um longo passo em suas investigações.
A campainha estava sem o botão de contato de modo que quem a tocasse levaria um choque, não, não se tratava de um sistema de segurança sofisticado era falta de manutenção mesmo, o que obrigou Edy bater repetidas vezes na porta.
Ninguém atendeu, tentou de novo, ninguém , o endereço era este tinha certeza mas isso não significaria que o encontraria em casa, mas não poderia desistir agora que viera tão longe decidira esperar e esperou, esperou por longas duas horas até que um homem aparece das escadarias, de estatura pequena e um rosto marcado com um nariz afinado, só podia ser o Coruja.
O homem ao ver Edy apavora-se e corre escada a baixo, Edy sai em seu encalço.
- Ei você?!, espere! O homem corre ainda mais, o pavor estampado em seu rosto era nítido Edy precisaria Ter cuidado, um homem apavorado com o currículo do Coruja poderia ser muito perigoso.
- Eduardo Pena espere só quero conversar é sobre meu pai Edymar Motta, gritou Edy.
O Coruja ao ouvir as palavras para o rosto e o peito molhados de suor, ofegante.
- O que disse?
- Vim falar sobre meu pai, sou Edymar Jr.
- Como me encontrou, como sabe meu nome, disse olhando para traz preocupado se mais alguém poderia chegar.
- Escute não tenho nada para lhe dizer, cai fora daqui e me deixe em paz, está bem, disse passando por Edy agora subindo as escadas.
- Olha não vim até aqui para sair sem as informações que desejo, diga o que quero saber e nunca mais te procurarei o que garantirá seu medíocre esconderijo por mais alguns tempos.
- O que quer dizer com medíocre? Perguntou voltando-se para Edy.
- Quero dizer que se eu te encontrei outros te encontraram se é que você me entende.
- É você deve ser filho de Edymar mesmo o poder de persuasão é o mesmo, vamos subir e veremos em que posso te ajudar.
O apartamento era uma bagunça só latas de cerveja por sobre a mesa, caixas de pizza sobre documentos equipamentos de espionagem amontoados no canto da sala e uma pistola semi-automática no sofá.
A casa estava quase vazia o Coruja vivia como cigano mudando-se de um lado para o outro, tudo para não ser encontrado por seus inimigos o que seria morte na certa.
- Como me encontrou acabei de me mudar? Disse surpreso fazendo gesto rapa Edy sentar-se.
Edy procuro um lugar onde não tivesse nada no sofá e sentou-se.
- Posso garantir que não foi fácil um pouco de ajuda de uma miga alguns contato e o máximo que consegui alem do seu nome foi a placa do seu carro, há lamento te informar mas você tomou uma multa de radar na avenida principal.
- Droga, preciso dar um fim neste carro mas sabe como é , é minha paixão.
- Algumas paixões nos levam para o buraco. Retrucou Edy secamente.
- Tem razão mas não veio até aqui para me ensinar as técnicas do amor, vamos ao que interessa .
- Pois bem, iniciou Edy, meu pai estava bem perto de resolver o caso do trafico de drogas e armas em aviões do exercito, soube que um General do Brasil e um General da Colômbia tem recebido ajuda de outros políticos brasileiros e colombianos dentre esses um poderoso traficante do Rio de Janeiro, sei que você tinha informações valiosas para meu pai, eu as quero para terminar o que meu pai começou e vingar sua morte e de minha mãe.
- Quem mais na corporação esta te ajudando sobre o este caso, quem é o delegado responsável da operação? Perguntou levantando-se e dirigindo-se até a geladeira a procura de uma cerveja, apanhou uma para ele e jogou outra para Edy que foi logo abrindo e dando boas goladas, o calor era sufocante.
- Ninguém mais, apenas eu. Edy achou melhor não mencionar Maga para protege-la caso o Coruja não fosse tão de confiança. Não confio em ninguém na corporação.
- Bom, faz muito bem pois existe um canalha na corporação envolvido nessa sujeira.
- Você tem certeza disso?
- Sim tenho, essa pessoa atrapalhou as investigações de seu pai desde o início, porem sem muito susseso, Edymar estava preste a fechar o caso, já tinhas os nomes, as fitas de vídeo, k7 e as fotos ,eram as provas que seu pai precisava e estaria tudo acabado, ficaria a cargo do governo decidir o que faria se encobriria ou convocaria uma CPI, mas tudo dependeria das provas, por isso sua morte, o delator desesperou-se, ficou esperando até que tudo estivesse nas mão do seu pai, planejou o crime e executou. No dia em que seu pai foi morto, poucas horas antes eu havia entregue a ele tais provas o que foi sua sentença de morte.
- Mas como souberam, se você e meu pai mantinham total segredo, papai devia desconfiar do traidor na corporação; e como você não foi pego por esse assassino? Edy estava indignado e enraivecido.
- Entendo seu ódio, disse cabisbaixo o Coruja, cometemos um erro crucial não nos contatava-mos em hipótese alguma por telefone, particular ou celular mas o telefone de seu escritório estava limpo de grampos, Edymar assegurara isso mas parece que estava-mos enganados.
- Por que pensa assim, Pena?
- Por que após ter ligado para Edymar, marcando um encontro no MASP fui seguido, consegui despistar os perseguidores e avisar seu pai, entregando tudo para ele, conseguimos sair sem sermos abordados pelos bandidos , por não ser eu o alvo principal pude escapar mas seu pai sofreu as duras conseqüências. Todo este tempo fiquei escondido sem ter em quem confiar sem nada poder fazer mas agora acho que essas informações serão usadas em justiça.
- Restou algo das provas que você conseguiu?
- Não claro que não, a não ser o nome do tal traficante e do traidor dentro do departamento, este ultimo não tive tempo de dizer a seu pai. Levantando-se mais uma vez Eduardo Pena vai até a cozinha seguido pelo olhar curioso de Edy, de frente para um fogão antigo retira um pasta de documentos de dentro do forno e entrega a Edy.
- Aqui está os nomes e também uma provável localização do esconderijo de Fernando Carioca o traficante testa de ferro do General Brás Silva.
- Brás Silva é o nome do General brasileiro envolvido caso ainda não saiba, esses nomes apenas servirão de trampolim para uma retomada nas investigações terá de conseguir novas fotos e filmagens se quiser ver esses canalhas atras das grades, eu sugiro que capture Fernando Carioca e o informante e arranque uma confissão deles e deixe o resto com a correjodoria é uma luta muito longa para ser ganha por um só homem meu jovem.
Edy dá uma rápida olhada na papelada entregue pelo Coruja e surpreende-se com a informação.
- O que Putumaio!!? Edy não pode conter a surpresa.
- Isso fica na Colômbia, Putumaio é a principal região produtora de coca da Colômbia, tem certeza disso Pena?
- O que acha, devo responder esta pergunta? Respondeu um tanto irritado o Coruja.
- Não se ofenda ,disse Edy dobrando e guardando os papéis no bolço da jaqueta, a pergunta foi retórica.
- Sei que como investigador tem seus méritos Pena mas a anos as autoridades brasileiras estão atras de Fernando Carioca e nada conseguem.
Pena dando um forte trago em sua cerveja responde com ares de indiferença.
- Quem disse que querem encontra-lo? Esta informação é quente pode confiar.
- E confio, partirei amanhã mesmo para Colômbia e...
Pena corta-lhe a palavra com uma gargalhada ecoante.
- Não é tão fácil assim meu jovem, não poderá entrar no país como agente federal, há restrições.
- E mesmo que consiga não poderá trazer Fernando para o Brasil sem ser barrado pelo governo Colombiano.
Edy esmurra a pequena e velha mesa da sala quando percebe que está de mãos atadas.
- Droga, droga você tem razão preciso pensar em algo e rápido.
- Poupe seus neurônios rapaz talvez eu possa te ajudar .
- O que tem em mente Coruja?
Os olhos de Eduardo Pena brilham com seu entusiasmo ao falar.
E Edy pareceu concordar com sua proposta.


Os dias se passaram rapidamente desde sua conversa com Eduardo Pena o Coruja.
O vento cortava-lhe a face e a umidade de Jundiaí, interior de São Paulo fazia doer-lhe os ossos.
O pequeno aeroporto nos arredores da cidade quase passara desapercebido na escuridão da madrugada de Sexta-feira.
O modesto aeroporto, foi o lugar mais seguro que puderam achar para se encontrarem.
Sua viagem clandestina até Caquetá Colômbia deveria ser um segredo.
- Moço, se o senhor Pena não vem teremos que partir sem ele, ou então não conseguiremos pousar em Caquetá sem toparmos com traficantes.
Gritava o piloto de meia idade e cabelos totalmente grisalhos, tentando fazer-se ser ouvido por Edy pois o barulho do bimotor era ensurdecedor.
- Está bem espere mais cinco minutos e se ele não aparecer, partimos sem ele.
- O senhor é quem manda, gritou o piloto em resposta.
Os faróis de um antigo, porem conservado Maverik iluminava a sinuosa estrada que levava até o aeroporto, Pena acelerava seu carro pois apercebia-se de seu atraso.
- Parece que poderemos partir, Pena está chegando gritou Edy, aliviando o piloto impaciente.
- Já era sem tempo, retrucou o já irritado homem.
Pena não perdeu tempo desceu do carro e foi ao encontro de Edy.
- Desculpe o atraso Edy, sabe como é furou um pneu e...
- Ora vamos Pena não precisa desculpar-se, podemos partir?
- Sim claro mas espere um minuto. E correndo até o piloto certificou-se de que seu carro ficasse seguramente guardado no aeroporto.
Minutos depois estavam em pleno vôo o bimotor sacolejava como uma caminhonete velha em uma estrada esburacada, mas foi só por alguns instantes até atingir a altura de trafego adequada.
João Lázaro tinha sessenta anos de idade, e trinta e cinco desses anos passara viajando por toda América Latina, com autorização do Governo Federal tinha livre aceso para suas viajem, a qual usava para transportar pequenas cargas de banana, e quinquilharias para nativos em todo Norte da América.
Claro que não estava autorizado a transportar passageiro em hipótese alguma, mas uma boa soma de dinheiro podia mudar essa situação e fazer valer a pena o risco.



11




Algumas horas passaram-se desde o início da viajem, Edy apesar da ansiedade pegara no sono.
O Sol preenchia o interior do avião, castigando a face de Edy que dormia envolto em um pequeno cobertor.
Ao acordar com as risadas debochadas do piloto que conversava com Eduardo Pena sobre suas aventuras no norte do Brasil, pode apreciar o límpido céu, desprovido de nuvens que permitia a ele esbaldar-se com a rica paisagem do norte do país e suas divisas.
- Quanto tempo falta para chegarmos? Perguntou Edy bocejando.
- Esta vendo aquela pequena trilha lá em baixo? Perguntou Lázaro.
- Sim estou, o que tem ela? Perguntou Edy indiferente.
- Pois bem é nela que desceremos. Lá estará alguns rebeldes a sua espera e do senhor Pena.
- Tem certeza que são confiáveis? Perguntou Edy desconfiado.
- Ninguém é confiável num país em plena guerra civil Edy, devia saber disso. Retrucou Pena ceticamente.
- Ora não sejam dramáticos senhores segundo o pouco que me contou senhor Pena, eles serão muito colaboradores.
- Espero que sim ou então estaremos encrencados. Edy aparentava preocupação.
- A final quem são nossos aliados? Voltou a perguntar, Edy agora sem esconder a excitação.
Eduardo Pena apressou-se a explicar.
- Como deve saber a guerra civil na Colômbia divide-se em três facções as FARC Forças Armadas Revolucionárias, ELN Exército de Libertação Nacional e os paramilitares que combatem a guerrilha.
- Soldados da ELN estão interessados em mais poder, e acham que entregando Fernando Carioca as autoridades Brasileira de mostrarão seu poder junto as outras facções.
- Não corremos o risco de sermos seqüestrados como paga para o “imposto para paz”? Edy engolia em seco.
- Não precisa preocupar-se com isso, disse Pena com um sorriso amarelo no rosto. É certo que anteriormente fazendeiros e grandes empresários, eram seqüestrados e hoje qualquer pessoa que tenha alguns dinheiro na Colômbia é um alvo em potencial, mas acho que esse não é o nosso caso, não é?
- Tem razão acho que fiquei um pouco temeroso. Edy mal pode esconder seu constrangimento.
A pista clandestina que do alto parecia uma estreita trilha, situava-se no interior da floresta tropical da Colômbia a beira do rio Caquetá.
Durante muito tempo esta pista era o meio mais utilizado para o trafico nas Américas, mas com a chegada das tropas Norte Americanas (USA) em auxilio ao combate a guerrilha, a pista foi bloqueada e era constantemente vigiada.
Os poderosos e influentes Lideres rebeldes de conluio com traficantes, passaram a utilizar cada vez menos as pistas clandestinas.
Aeroportos militares podiam transportar armas e levar drogas sem serem descobertos, facilitando o trafico que alimenta a guerrilha.
O pequeno avião pousa levemente aos olhares de soldados de idades variadas e rostos marcados de uma dor antiga que não há previsão de passar.
Ao descerem são recebidos pelo comandante Rulio Chagas da ELN.
- Pena sabe falar Tupi-Guarani, espanhol ou qualquer coisa, como vamos nos comunicar? Edy Estava desnorteado num país estranho, rodeados de pessoas que exalavam ódio e violência, era corajoso, disso não havia duvida, se não o fosse não teria chegado tão longe, mas mesmo sua coragem tinha limites de coerência e sensatez .
- Um tanto tarde para pensar nesses detalhes não é mesmos meu rapaz? Disse o Coruja.
- Não me chame de rapaz. Irritou-se Edy com a ironia. Que faremos?
- Não faremos nada , conheço um pouca das várias línguas faladas aqui e o Comandante Rulio fala português perfeitamente.
- Senhor Pena, senhor Edy não posso mais ficar aqui. Disse João Lázaro apressando-se. Tenho de partir mas dentro de uma semana voltarei com novas cargas e apanharei vocês novamente, no entanto se algo der errado procurem em Bogotá Raul Asprilha e ele os ajudará a retornar para o Brasil sob qualquer condições, tome, este é o endereço e entregue isso a ele ou devolva a mim caso vá tudo bem, adeus.
O pequeno mas potente avião parte rumos aos céus azulados de Caquetá deixando Edy e Pena para traz.
- Senhores por favor queiram nos acompanhar assim como o amigo de vocês não podemos ficar mais tempo por aqui.
Rulio Chagas era homem rude e truculento seus soldados o obedeciam prontamente e transpareciam uma certo fascínio pelo homem.
Uma trilha fora perseguida a pé por Edy, Pena e os guerrilheiros esses últimos o faziam com se estivessem andando numa das ruas de Bogotá ou coisa parecida.
O que não podia se dizer de Edy e Pena que penavam em carregar suas mochilas.
A trilha desfechava-se em uma estrada poeirenta onde jipes Tracionados aguardavam Rulio e os seus.
Seguiram por mais quarenta minutos estrada adentro até entrarem novamente na densa floresta Tropical.
Em todo caminho não se falou uma única palavra até que o silencio foi quebrado pelo comandante Rulio da ELN.
- Acamparemos aqui por esta noite amanhã falaremos sobre o plano, tomem, armem sua barracas e fiquem atentos, a floresta é território de traficantes impiedosos. disse o comandante arremessando uma barraca pesada sobre Edy.
Durante a noite uma chuva tropical contribuíra para baixar o forte calor mas os mosquitos e pernilongos pareciam escolher Edy como seu único alvo.
Ao acordar Edy mal podia acreditar nos seus próprios olhos o desespero tomara conta da sua alma fazendo-o ficar imóvel diante da serpente que deslizava-se para dentro de sua barraca.
Mas antes que pudesse esboçar qualquer reação, mãos firmes agarram a víbora pela cabeça tirando-a de dentro da barraca.
Um soldado diz algumas palavra numa língua desconhecida para Edy.
Enquanto segurava a cobra com uma mão com a outra munida de uma faca corta-lhe a cabeça e bebe seu sangue.
Edy levanta-se de um pulo e pergunta a pena:
- O que ele disse?
- Ele disse que terá sorte em suas consecuções e o sangue da cobra lhe dará poder contra seus inimigos. Ele quer que você beba também.
- Não obrigado diga a ele que dou minha parte a ele e que tenha boa sorte. Edy estava enojado.
O soldado bebe o que restou pronuncia mais alguma palavra e parte.
- Vamos Edy Rulio quer nos ver.
- Senhores, dormiram bem? aproximem-se por favor.
Uma prancha servia como mesa e um enorme mapa encontrava-se no centro.
- Vejam, estamos a uma hora de estrada do acampamento de uma das frente das FARC, fontes seguras nos informaram que Novo Escobar se encontra escondido ali comandando o trafico em quanto Pábulo Rincho o General Brás Silva negociam em Bogotá. A esta altura poucos soldados estão de vigia são muitos seguros de que ninguém os atacará, nos aproveitaremos disso e os surpreenderemos.
- Que história é essa de Novo Escobar? Cochichou Edy para Pena.
- É assim que Fernando Carioca é chamado pelos Colombianos, já devia saber disso.
- Claro que não sei acaso venho sempre a Colômbia?
- Não, mas lê jornais, não lê?
- Senhores algo que eu possa ajuda-los ? irritou-se o comandante. nesta operação envolve a vida de meus homens não tolerareis displicência, portanto sigam minhas ordens.
No acampamento preocupem-se com seu alvo e com suas vidas o resto é conosco, entenderam?
Tomem vistam isso, jogou um saco de roupas e coturnos, e virando-se foi falar com seus homens, passar orientações motiva-los encoraja-los a lutar por seus objetivos.
Em quanto vestia-se Edy observava o comandante e seus homens e perguntava-se:
Será que tudo isso vale a pena?
Arriscar suas vidas por causas que pouco demonstram sinais de mudança é claro que Edy não sabia o verdadeiro significado por de traz da atitude desses guerrilheiro, alguns talvez o tenha outros talvez não, mas o que importa?
Edy tem um motivo, sim uma vingança que realmente valeria o alto risco que corria.
Seus pais era tudo que tinha mas foram arrancados dele, foram vitimas da violência e crueldades de pessoas que ainda estavam impunes e Edy as faria pagar.
- Pena Você sabe que o que fez já é o bastante, não precisa arriscar-se mais do que já arriscou-se, não precisa ir e sabe disso. Disse Edy com as mão no ombro do Coruja que estranhou o contato afastando-se.
- Não faço isso por mim ou por você faço pela memória de uma grande amigo e afinal de contas alguém precisa estar lá para protege-lo. O Coruja demostrava segurança em sua palavra mas não o bastante para convencer Edy.
- Tudo bem se prefere assim, que assim seja.
Em quanto falava ouviu-se a voz do comandante.
- Atenção homens desmontar acampamento partiremos daqui dez minutos estejam todos prontos.
Edy em sua roupa de soldado era um típico Colombiano sua cor negra fazia-o mesclava-se com os outros soldados negros mulatos e mestiços, o clima pesado, perigoso e fazer parte da guerrilha, nem se fosse por alguns dias, o fizera amadurecer rapidamente.
- Onde Escobar está escondido só existe uma estrada e esta encontra-se muito bem vigiada. O comandante, agora era outra pessoa, Edy podia ver sangue em seus olhos escuros e traiçoeiros.
- Cerca de cinqüenta homens bem armados guardam o local, prosseguiu ele, por isso tomaremos o acampamento pelo lado sul levara um pouco mais de tempo mas teremos mais chance de pega-los de surpresa .
O que seria feito em uma hora levara duas, mas os soldados enfim estavam apostos e aguardavam um sinal de seu comandante.
Que o fez sem hesitação.



12




Que sandice era aquela em que estava metido, não reconhecia a si mesmo nunca em toda sua vida avia atirado em pessoas, os alvos de papelão na academia não sangravam nem contorciam-se de dor.
Aquilo era guerra? Claro que não, que ingenuidade a sua guerras de verdade não eram direcionadas ao um único alvo onde apenas os realmente envolvidos morriam, não, nas guerras, civis, pessoas inocentes morriam.
Mulheres, crianças velhos todos morriam indiscriminadamente, mas aqui não, só envolvidos é que perdiam a vida.
Será que isso justificava?
Pouco importava agora, sobreviver era parte de sua missão encontrar Fernando Carioca era outra.
Em meio ao fogo cruzado Edy esgueira-se por entre tendas e barracas, invadindo uma a uma, faz poucos reféns mas muitos mortos.
No entanto algo lhe chama a atenção soldados davam cobertura para um homem que esforçava-se a manter-se vivo.
Só podia ser ele, só podia ser Fernando, Escobar ou sabe-se lá deus como esses Loucos os chamavam, mas tinha que ser ele.
Aos tiros de metralhadora abriu caminho por entre soldados tiros cortavam o silencio da mata pássaros voam a procura de proteção do desconhecido enquanto seus lares, as arvores ganham marcas de projéteis fumegantes.
Um galpão era o objetivo do vilão, Edy conseguira chegar até ele no entanto soldados determinados, deram suas vidas para impedir seu avanço.
Dentro do enorme galpão caixas e caixas tomavam o lugar, divisórias determinavam as separações das salas e no centro do lugar inteligentemente arquitetado para uma fuga rápida um helicóptero estava pronto para partir.
Protegido para não ser atingido Edy dispara tiros certeiro eliminando três soldados que cobriam a retaguarda.
- Fernando Carioca!!!?
- Quem quer saber o Rambo? Disse sarcasticamente.
Crivando a caixa que protegia Edy.
- Edymar Motta, agente federal, Renda-se e sairá daqui vivo.
- Ah!! cala essa boca cara você não tá num filme em holliwood, e é claro que não vou com você.
- Escute se vir comigo garantirei sua proteção, isso se colaborar.
- Se deve tá doidão meu irmão se eu voltar não duro uma noite e se sabe disso.
- Escute você terá que confiar em mim ou então morrerá , e não terá chance de provar sua inocência.
Gargalhas preenchem o galpão, o deboche do bandido irritava Edy mas Fernando morto de nada valeria, teria de leva-lo vivo.
- Escute não existe mais lugar para mim no Brasil pelo menos não agora, não irei com você nem que a vaca tussa como dizia minha falecida avó, ah não sou inocente de coisa alguma! Novas gargalhadas.
Portanto me faça um favor me deixe em paz!!
Fernando Carioca começa atirar freneticamente contra Edy que nada pode fazer a não ser esperar uma oportunidade para contra atacar.
E assim que pode é o que faz, tiros certeiros atingem o ombro e mão direita de Fernando, fazendo-o cair de costa com o impacto dos projéteis.
Fernando nada pode fazer a não ser render-se ao insistente agente.
- Desgraçado!!! Urg.
- Melhor aguardar sua forças ou então não sobrevivera.
- Maldito eu.....
As dores angustiante fazem-no perder os sentidos.
Enquanto Edy baixava-se para verificar os sentidos do seu prisioneiros soldados sobrevivente entram inesperadamente atirando.
Um tiro passou zunindo rente aos ouvidos atingindo brutalmente as partes de madeira que separam as salas, enquanto Edy se atirava para o lado para um movimento acrobático perfeito e mesmo antes de tocar o chão suas pistolas automáticas já estavam atirando e atingindo mortalmente seus agressores.
Seus reflexos salvara sua vida o que não podia dizer dos atiradores.












13


O exercito de libertação não fez nenhum esforço para encobrir o ataque, destruíram o acampamento roubaram o que podiam e picharam as iniciais facçonicas ELN por toda parte.
Fernando Carioca fora levado para um hospital em Bogotá, depois de receber no local alguns cuidados e enquanto recuperava-se Edy tratou de informar-se com o bandido, que relutou é verdade mas depois abriu o bico.
Fernando Carioca falou sobre uma nova transação entre o General Brás Silva e o Colombiano Pábulo Rincho.
O lugar da transação era secreto até para ele mas o agente duplo infiltrado na Corporação ficara de fazer a segurança da fronteira o que facilitaria a negociação.
Se Edy queria desmascarar de uma vez por todas esses corruptos teria que agir e rápido.
Desta vez, teria que contar com a ajuda de alguém do poder mas quem?
O testemunho de Carioca era a peça chave, fundamental para o caso.
Mas algo mais teria de ser feito.
Edy precisava de Fernando Carioca vivo por isso tratou de informar a imprensa brasileira da prisão de Fernando de forma anônima é claro.
Isso garantiria a vida de Fernando por algum tempo, até que a Policia Federal brasileira o resgata-se.
Edy conseguira um acordo com o governo Colombiano, que se eles conseguissem manter Fernando recluso poderiam dividir ou tomar da ELN os méritos do feito.
- O que pretende fazer agora, como espera enfrentar a FARC e Brás Silva sozinho. O coruja estava céptico.
- Não os enfrentarei só. Edy olhava fixamente para frente enquanto andava rumo ao jipe seguido pelo Coruja.
- Como assim, digo o que tem em mente?
- Precisamos voltar ao Brasil em especial a fronteira para ser preciso.
- Fronteira, o que faremos na fronteira ? Perguntou perplexo o Coruja.
- Temos um encontro com pessoas muito importantes. Edy estava com um estranho brilho no olhar, o Coruja sabia que algo maluco estava por vir.


João Lázaro havia deixado um endereço que só deveria ser usado no caso de Edy e o Coruja não conseguissem fazer contato com ele, esse não era o caso, tudo resolvera-se no prazo, mas Edy não podia correr o risco de demorar-se mais na Colômbia por isso teria que usar tal recurso.
- Como disse o piloto, que chamava o contato aqui em Bogotá? Perguntou Edy ao Coruja que o seguia apressadamente.
- Asprilha, Raul Asprilha. Mas ainda é sedo para falarmos com ele Lázaro estará aqui no prazo determinado e poderemos voltar com ele.
- Não temos tanto tempo, até lá poderá ser tarde de mais.
- Você é quem sabe mas ainda acho que deveríamos voltar com Lázaro.
- É como você disse eu que sei, por isso digo que devemos achar Raul Asprilha antes desta noite. Edy estava ansioso e cansado demais para ser educado com o Coruja.
Com suas roupas sujas e ensangüentadas esfolada pela batalha na floresta caminhavam pela ruas da cidade era impossível que não reparassem nele e no Coruja que mancava por causa dos coturnos apertados.
- Droga Edy não podemos ficar andando por ai vestidos assim podemos levar um tiro o país vive uma guerra civil lembra, e alem disso meus pés estão me matando.
- Pare de reclamar, o endereço é esse aqui, logo poderemos descansar.
O Coruja estava exausto, mas não o suficiente para não notar a determinação de Edy.
De certo Eduardo Pena não sabia se isso era bom ou era ruim mas de uma coisa sabia, não tinha o mesmo vigor, que quando na idade de Edy, se forçasse mais, não chegaria vivo ao Brasil.
- Espero que você esteja certo, por que se não estiver, não darei mais nenhum passo.
O lugar era um sobrado rústico mal iluminado, o cair da noite dificultava definir a sua cor, mas isso pouco importava o endereço parecia ser o certo.
Subindo ambos os poucos degraus da entrada rumam a porta e tocam uma espécie de sino para serem atendido.
Um primeiro toque e nada, um segundo e nada.
- Ora Edy de certo não tem ninguém em casa que tal se procurássemos um bom hotel tomássemos um bom banho trocássemos essa roupas imundas e...
O coruja já não fazia questão de disfarçar seu pessimismo e cansaço.
- Escute aqui homem, não vim de tão longe para voltar sem resultados, farei tudo que estiver ao meu alcance para os assassinos dos meus pais pagarem. Portanto não desistirei, não dormirei não comerei se for preciso até obter vingança entendeu. Mas se desejar voltar não o impedirei, sempre foi um homem livre. Mas o que mais admira-me é como uma pessoa tão desprovida de determinação poderia ser um dos melhores informantes do meu pai.
- Ora vamos. Exclamou o Coruja constrangido.
- Sempre auxiliei seu pai em tudo e pude provar meu valor a ele, não será você que depreciará minhas capacidades. Acontece porem que não tenho mais a sua idade e seu ritmo é acelerado demais para mim, não, não voltarei não desistirei desta missão custe o que custar. Mas fique sabendo que faço isso por seu pai que era menos arrogante que você. O Coruja espumava de raiva.
- Isso sem duvida já é alguma coisa. Disse Edy disfarçando a vontade de rir, mas manteve-se serio, mas você tem razão voltaremos outra hora e quem sabem conseguiremos fazer contato.
As palavras ainda estavam em sua boca quando um índio alto forte abre a porta.
- quem são você, perguntou em tupi guarani.
Edy não pode entender uma só palavra.
- Ablas espanhol, português senõr ? Perguntou um tanto incerto.
- Sim falar um pouco português, quem são vocês e o que desejam?
O Índio segurava uma pistola automática numa das fortes mãos.
- Escute amigo, o Coruja estava um tanto tenso, João Lázaro mandou-nos até aqui e entregar isso.
A pequena e leve bolça de couro estava surrada, mas inviolada.
Asprilha a pega com desconfiança e a abre com cuidado, após observar com cuidado seu conteúdo, uma nova reação toma conta do homem.
- Venham, saiam logo da rua, entrem, aqui estarão mais seguros.
Sei que foi um tanto desconfiado, espero que entendam que vivemos um caos Nacional. Mas vamos ao que interessa , fiquem a vontade.
O sobrado embora rústico e mal iluminado por fora, era em muito sofisticado por dentro, uma sala aconchegante, fotos de Raul Asprilha por toda parte vestido em um uniforme galante do exército Colombiano.
Será pensou Edy, que ele ainda é um militar Colombiano?
- Cervejas homens, perguntou levantando-se em direção a pequena porem organizada cozinha, que contrastava drasticamente com o apartamento do coruja, recorda-se Edy.
Edy ao velo pegar as garrafas pode obter sua anterior resposta, um braço artificial, sim uma prótese limitava-lhes os movimentos do braço esquerdo provavelmente isso custou-lhe a carreira no exército.
Edy não estava ali para ser indelicado, fazendo perguntas constrangedoras e sim para obter ajuda para chegar até o brasil , até fronteira para ser mais exato.



14


O Sol escaldante, a sede que parecia-lhe consumir-lhe aos poucos, Maga não gostaria de estar ali, mas essa seria sua ultima missão depois deixaria a Polícia Federal e mudaría-se para o Caribe ou mesmo para os Estados Unidos da América, quem sabe.
Isso no momento não importava, tinha de manter-se concentrada na missão nada poderia dar errado.
Tudo que precisaria fazer é entregar a documentação confidencial ao Geral Brás e voltar para corporação antes que descem por sua falta.
Maga riu-se no intimo em pensar, tantos soldados, tantos agentes, todos preocupado com possíveis invasores da fronteira, eo perigo esta bem aqui na própria cozinha deles.
- Identifique por favor? Perguntou um soldado truculento a moça.
- Agente da policia federal Margarete Alves.
O carro passa livremente pelo portão altamente vigiado do posto quarenta e sete do Acre.
Dentro da vila militar tudo corria tranqüilamente, a não ser por uma leve movimentação próxima ao gabinete do general Brás Silva mas nada de mais pensou Maga.
Mais uma vez identificou-se com os soldados que estavam as portas do gabinete.
- Agente Federal, o Geral está a minha espera.
- Entre senhorita estão a sua espera respondeu friamente o soldado.
- Estão a minha espera, a mim só interessa Brás silva mais ninguém. Balbuciou Maga mais para si mesma do que paro o soldado.
- O que disse senhorita, perguntou, prontamente o soldado.
- Eh, nada Soldado apenas pensando alto.....
Ao abrir a porta o sentimento que passou a ter era uma dor de barriga, acompanhada de um medo, incompreensão era difícil descrever o que sentia ao ver Edy na cadeira de Brás Silva, rodando em uma das mão um par de algemas.
- Surpresa em me ver Margarete? Perguntou Edy inclinando-se na cadeira giratória.
- Sim, mas o que faz aqui, o que significa tudo isso onde está Brás Silva?
- Pensei que fosse General Brás Silva, quando foi que ficaram tão íntimos, foi durante a negociação?
- Não, não sei do que esta falando, não sou íntima de niguem, só estou aqui para investigar um possível envolvimento de um soldado para Caval e....
- Ah, é mesmo e será que Caval poderia confirmar isso para nós?
- Claro que pode não entendo sua desconfiança, está ofendendo-me com tantas perguntas infundadas, ligarei para Caval e ele poderá confirmar tudo para você, mas só que aí ele descobrirá que você está envolvido com as investigações, o que acha?
- O que acho? Acho que não será não será preciso pois ele está bem aqui para confirmar sua estória.
- O que Caval, mas como?
- Chega de mentiras Margarete, você está presa por trafico de drogas e uso indevido de materiais bélicos, conspiração contra o governo brasileiro, o General Brás Silva a aguarda, detido na cadeia da base lá poderão pensar no que deu errado. Caval estava agora onde Maga podia ver.
- O que , absurdo estão enganados, quero um advogado, tenho direito ha um. Maga tornara-se estérica , enquanto soldados algemava-a.
- Você tem o direito de permanecer calada, ou tudo que disser será e deverá ser usada contra você no tribunal.
Maga é levada sem mais expressar nenhuma reação, sabia que Edy havia vencido não sabe como mas venceu.
En1uanto Maga é retirada por dois Policiais do exercito, Caval observa tudo com um certo receio.
Mas aquele garoto falara com tanta convicção que o convencera de tudo.
É claro que só suas palavras não foram suficientes, Caval precisava de provas concretas e Edy mais uma vez o surpreendera .
Primeiro sugeriu que Caval, investigasse Margarete e Caval o fez, no começo achou absurdo a idéia pois Maga mostrara-se tão prestativa com Edy, que Caval a desconfiar que ela o estava ajudando, de fato estava, mas tudo para encobrir seu rastro de crimes contra o governo brasileiro.
A quebra do sigilo telefônico e bancário da mesma ( nada oficial, pois se Maga desconfiasse de algo de certo não conseguiriam pega-la nuca) revelou contatos direto e indiretos com Coronel Brás Silva e uma conta bancária que agordurava-se progressivamente .
Mas o que mais lhe chamou a atenção e lhe deixou abismado, foi quando numa investigação no apto de Maga descobriu um envelope, e nele contendo uma lista extensa de nomes conhecidos no governo que estariam supostamente envolvidos com o narcotráfico, nomes de agentes corruptos da PFB, estes últimos que estão sendo investigados por homens de sua inteira confiança, fotos reveladoras de Brás Silva e Pablo Rincho juntos, gravações telefônicas e vídeos.
Um trabalho que o pai de Edy havia começado e não conseguira chegar vivo ao final.
Mas a obstinação de seu primogênito, havia dado certo e tudo parecia encaixar-se agora ou pelo menos quase tudo.
- Tenho que admitir que fez um bom trabalho rapaz, mas temo que a burocracia está contra nós. Tivemos que usar de artifícios ilegais para deter os suspeitos e isso pode acabar dando em nada.
No rosto de Caval estava estampado nitidamente a indignação.
- Talvez tenha razão delegado, mas temos que ir até o fim das investigações, não vou desistir agora que cheguei até aqui, sugiro que coloque-me secretamente no caso, conseguindo para mim total autonomia nesse caso. Assim conseguiremos no safar dos malditos burocratas.
Caval por um momento parece absorto em pensamentos e finalmente diz:
- É acho que posso conseguir isso rapaz. Os olhos de Caval deixaram transparecer um imperceptível brilho de esperança que toda austeridade do seu rosto não puderam conte-lo.
- Mas o melhor ainda está por vir delegado. Disse Edy com um discreto sorriso. Prometi extraditar Fernando Carioca com vida para o Brasil, em troca do seu depoimento e informações de onde estariam escondidas as armas da negociação entre o coronel Brás Silva e o general Pablo Rincho.
- Bha! À essa altura não encontraremos nada. Disse Caval acendendo um cigarro e andando de um lado para o outro da sala, agora, trazer o miserável para o Brasil, não será problema, nossos agentes já chegaram num acordo com o governo colombiano e Fernando Carioca já está à caminho. Estará pronto para testemunhar assim que recuperar-se dos ferimentos.
- O que?! Já faz quase uma semana que cheguei da Colômbia e ele ainda está recuperando-se? Irritou-se Edy.
- Calma rapaz, ouve complicações, parece-me que os ferimentos infeccionaram, foi isso. Logo tudo estará resolvido aprontarei as coisas para você, não se preocupe rapaz.
- A propósito delegado, não quero ser indelicado, mas não me chame de rapaz.









15




Os dias passaram-se transformaram-se em semanas.
Edy Jr. com plenos poderes prendeu muita gente, desagradou muita gente poderosa o que o fez esbarrar-se com a própria morte também muitas vezes.
Seu sucesso nas investigações era tanto que não faltaram-lhe ameaças e propostas mas nada o fizera corromper-se.
O governo brasileiro foi obrigado a curvar-se a essas investigações e à imprensa.
CPI foram organizadas em vários estados do Brasil e muita gente importante passaram maus bocados pelo menos par satisfazer a opinião pública.
Os meses seguintes para Edy foram de muita insatisfação,
“muito barulho para pouca explosão” de modo que decidira deixar a polícia federal e partir para o ramo de detetive particular. Mas antes, “férias”.





EPÍLOGO




O mar estava calmo, o céu era de um azul anil desprovido de nuvens, no rádio da lancha uma banda de rock gritava a rebeldia dos anos 90 fazendo Eduardo Pena irritar-se.
- Desse jeito não pegaremos nada Edy, não sei como pode escutar essa barulheira e chamar isso de música. Provocou o Coruja.
- Não pegamos nada porque você não para de reclamar, isso sim, e “isso” é som da melhor qualidade, mas tudo bem, vou desligar, enquanto faço isso porque não abre outra cerveja?
A lancha alugada estava um pardieiro só, era lata que não acabava mais, todas jogadas no assoalho.
- Que relaxo Pena, isso aqui mais parece seu apartamento. Edy provocou Pena.
- Deixa de conversa mole Edy, agora fala sério, porque acha que Maga não livrou-se das provas antes?
- Ganância!
- Como disse?
- Ganância, Pena, foi a ganância que a fez trair anos de confiança que meus pais haviam depositado nela, e foi a mesma ganância que a fez não livrar-se das provas.
- Não entendi. Disse Pena quase bêbado.
- Não percebe, quando Maga recebeu a ordem de destruir as provas pelos assassinos de meus pais, ela até pode ter considerado o assunto, visto ali conter provas também do seu envolvimento, no entanto viu a possibilidade de um dia lucrar com tudo isso, mas o tiro saiu pela culatra.
- Você acha que ela realmente suicidou-se na prisão, não acha que foi queima de arquivo?
- Foi suicídio, disso eu tenho certeza, não preciso nem ver o laudo dos legistas.
- Como assim?
- Consciência.
- Você está enigmático. Disse o Coruja abrindo outra lata.
- Não, você é que está bêbado demais para compreender. A consciência de Margarete foi seu executor, depois da prisão esta não a deixou em paz.
- É! acho que foi isso mesmo! soluçou o Coruja, e agora o que fará, visto que os assassinos diretos de seus pais ainda não foram presos e as investigações foram arquivadas?
- Sim, sei disso, por isso minha saída da PFB, pretendo achar os bandidos. Disse Edy enquanto contemplava o horizonte.
- Não seria melhor deixar o país por uns tempos antes de continuar suas investigações? Preocupou-se Coruja.
- Não, não posso perder tempo ou nunca os encontrarei.
- Você pode acabar morto.
- Sim mas; toda vingança tem um alto risco.



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