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Contos-->Feira Livre x Taxi -- 03/06/2000 - 00:15 (Marcia Lee-Smith) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos



Esta foi do tempo em que haviam feiras livres em todas as cidades. Ainda existem, contudo os sacolões e os supermercados diminuíram muito o seu número.
Mas nesta época, todas as frutas, verduras, hortaliças, ovos e biscoitos, além dos doces, eram comprados lá.
Bom, aí aconteceu que minha mãe precisou viajar, e aproveitou que iria estar fora para mandar o carro à oficina, e eu, como filha mais velha, fiquei incumbida, entre outras coisas de fazer a feira, na sexta.
Acordei mais cedo, na sexta, e peguei um taxi. A feira de que ela gostava era num bairro mais longe, mas valia a pena. Tinha de tudo !
E fui comprando. Um garoto pediu-me para ajudar a carregar as cestas, e de repente eu estava abarrotada de melancias, melões, uvas, alfaces, milho verde. biscoitos e toda a tralha que habitualmente se compra.
Bom, pensei, hora de ir embora. Vou achar um taxi e me mandar.
Na esquina havia um posto de gasolina, e logo em seguida um ponto de taxi.
Fomos para lá, eu, o menino, e três grandes cestas de vime, mais uma de plástico.
O taxi estava estacionado no posto, e eu perguntei ao motorista:
―O senhor ainda vai demorar aí no posto?
E ele prontamente respondeu:
―Não, só estou abastecendo.
Bom, pensei, então nada há de errado em que eu comece a me acomodar.
Perguntei ainda:
―O senhor está livre?
E a resposta veio com um ar de surpresa:
―Livre? Ah, estou sim.
―Bom, respondi, então já vou me acomodando.

E entrei no banco de trás, depois de ter acomodado toda a tralha no porta-malas. Paguei ao garoto pela ajuda, e fiquei esperando.
O motorista veio em alguns momentos, e acho que nem notou que eu estava com as compras já guardadas.

―Prefere ir aí atrás?
― Pois claro, não está certo, perguntei assombrada.
Ele virou meio corpo para trás, sorriu um largo sorriso, e disse:
―Fica a seu critério. Onde vamos?
Dei-lhe o endereço, e as coordenadas para chegar em casa mais rápido.
No caminho notei que ele procurou puxar conversa o tempo todo, pensei ainda, mas como gostam de conversar estes motoristas de taxi...

Ele me perguntou se era casada.

―Não, respondi, sou solteira, mas meus pais viajaram.
―E está sozinha, então?
―É verdade, estou, e minha mãe pediu que eu cuidasse da casa.
―Ahhh, disse ele, e pelo visto você pretende cuidar de tudo mesmo !
―Claro, respondi. Não é sempre que tenho uma chance de mostrar do que sou capaz....

Ele sorriu, ou melhor, deu uma gargalhada discreta, e continuou dirigindo.
Afinal chegamos, e fiquei surpresa quando ele não fez menção de abrir o porta malas, o que eu mesma fiz.

―Oh, disse ele, você fez compras...

―Claro, pode me ajudar com isto?

E ele me ajudou, entrou até a cozinha, carregando as cestas, e sentou-se num banquinho, e me perguntou:

―Temos um café aqui?

―Claro, eu disse, e já fui servindo o café.

Nisto eu perguntei:

―Qual vai ser o preço?

Ele teve um engasgo...

―O preço? De que?
―Da corrida, do seu taxi, mais os volumes, respondi...

Ele ficou entre confuso e atrapalhado, e depois começou a rir.

―Mas meu carro não é taxi....

Meu Deus, minha cabeça deu um branco, depois tudo ficou escuro, e aí entendi tudo....

―Me perdoe, senhor, eu tomei seu carro por engano.

E ele rindo...

―Não faz mal, foi divertido.

Queria que o mundo acabasse por aí. Por quem tinha aquele homem me tomado?
Mas era melhor nem querer saber, e foi o que fiz.
Acompanhei-o até a porta, vi que ele passou a mão num pêssego antes de sair da cozinha, e foi para o carro.
Antes de ligar o carro ainda me perguntou:

―Não quer me dar o número de seu telefone? Talvez possamos fazer feira juntos...

Dei o número, e não, nunca mais fizemos feira juntos, mas chegamos a ser namorados. Não casei com ele, mas aprendi a só tomar um taxi depois de ter certeza de que era realmente um taxi.

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