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Contos-->As três estações das idéias -- 31/05/2002 - 03:40 (Lindolpho Cademartori) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


“Fez-se ausência. As idéias gozaram sua essência em uma compreensão que extrapolava a inteligência humana. Eram idéias órfãs – não tinham filiação e/ou procedência; desconheciam-se suas origens, seus princípios e seus fins.”



Não eram homens, mas idéias que confluíam para um vértice infinito. Tudo quanto era matéria havia dissipado-se pelos desvãos da abstração. Os sentidos, com o perdão do trocadilho, não mais faziam sentido. Não havia solo ou teto. Tampouco ar ou vácuo. Em verdade, o ambiente era inominável. Muito embora sua dinâmica fosse por vezes perceptível. Idéias pétreas e infinitas que fluíam no não-espaço.
A inteligência e o raciocínio, virtudes outrora inerentes à “raça suprema”, haviam sido extintas. Qualquer resquício de matéria e/ou humanidade cessou de maneira surreal. Tanto a vida quanto a morte deixaram de existir.
Fez-se ausência. As idéias gozaram sua essência em uma compreensão que extrapolava a inteligência humana. Eram idéias órfãs – não tinham filiação e/ou procedência; desconheciam-se suas origens, seus princípios e seus fins.
Pois haveria a dinâmica régia de preservar um único ponto material – uma bolha. Em seu interior, um último homem, a contemplar atordoado tudo aquilo que exorbitava-lhe a inteligência. Não fosse o tempo tão fugaz, o homem teria enlouquecido. Contemplou poesias serem destroçadas e elevadas a patamar de mediocridade. E eram, de fato, medíocres. Não faziam sentido algum, bem como agora a verdade não furtava-se a demonstrar.
Um parco ínterim transcorreu até que o inominável mosaico de idéias convergisse para um único cerne. Seguiu-se um redemoinho, que destroçou a bolha e lançou o homem rumo ao limbo das dimensões. Pôde ele ainda assistir ao desfecho do incrível – as idéias fundiram-se em uma única magna-essência. Seguir-se-iam três estações. O primeiro foi contemplado com desprezo pelo homem. A magna-essência transfigurou-se em Loucura. E o último homem ainda gozou alguma satisfação quando concluiu que a Loucura e a insanidade lhe eram alheias à natureza.
A decepção invadiu-lhe o íntimo quando a Loucura transformou-se em Fé. Incrédulo, o homem alcançou a conclusão de que a Fé não tinha elo algum com a psiquê humana. Era, pois, singular e exclusiva. Precedia o homem na existência e na essência. As lágrimas verteram dos olhos juncados. O redemoinho asseverou-se.
A terceira e última estação das idéias aplacou a escuridão e fez com que primasse uma luz indizivelmente contundente. A claridade ciclópica acabou por turvar a visão do homem. Um breve instante e a luz diminuiu de intensidade. O homem voltou a enxergar com nitidez. Espasmos de compreensão forçada invadiram-lhe a alma arredia.
Foi quando a Fé imiscuiu-se no vazio e surgiu, egresso da metamorfose, o Amor. O homem então compreendeu que a tríade engendrada pelas idéias órfãs tinha como forma última o Amor. Concluiu, imerso em desespero, que o Amor prerrogava Fé e Loucura antes de tomar sua forma enfática final. E chorou em razão de sua raça ter apropriado-se e tomado como de sua feita essências que eram-lhe alheias. Teria tentado ir além em sua perscrutação da verdade, não fosse o fato de que o Amor iria em breve se auto-destruir e lograr o primado da não-existência do Todo. Fechou os olhos. Sentiu-se desintegrar e ensejou um sorriso. Deixaria de existir. Em essência. O que, obviamente, prerrogava o fim da dor.

Lindolpho Cademartori
Comentarios

LILA  - 03/01/2019

Na existência e na essência.

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