O vegetal cresce sorrateiramente
sem abordar o mundo.
Somente se mostra,
envolvendo em seus ramos
um espaço que vai ocupando.
Somente responde
a quem espera sua vinda.
O vegetal verdeja aereamente,
saído da terra, límpido,
recém-gerado.
Entrega folhas,
ampliando seu corpo
em sorrateiros desvios imprevistos.
Por baixo da terra,
tateia seu ventre com dedos-raízes,
fazendo a colheita
para uma digestão subterrânea,
imperceptível, natural.
Por cima, aumenta um linguajar
em cada ramo de folhas
que culmina em uma flor
ou num fruto.
Agora, completo ciclo,
apresenta a palavra acabada
a quem lhe acolheu a vinda.
Seu nome verde
atinge a maturidade.
Sua forma ampliada
festeja o natural.
Carlos de Hollanda |