Trocando compulsivamente o canal da televisão, revejo uma entrevista do cantor Osvaldo Montenegro e no final, ele canta uma música que me faz lembrar de uma amiga de sempre. Lembro-me de todas as nossas aventuras juntas, das nossas loucuras que mesmo sendo diferentes, a essência continuava a mesma. Enfim, da nossa cumplicidade. E acabei me dando conta de que em anos de amizade eu jamais havia escrito uma só linha para ela. Nem uma palavra, nada que provasse que de fato essa amizade existiu e que existe, nada consistente. Alguns bilhetes foram passados, alguns segredos contados por eles... mais nada. Nada de palavras carinhosas, de elogios às qualidades, de desejos de amizades eternas. E isso tudo me trouxe um sentimento de culpa, para todas as outras houve uma palavra, menos para ela. A única e verdadeira amiga, a que realmente permaneceu. Mas acho que ainda está em tempo... Se me perdoar o descuido repetitivo...?
Quero escrever coisas bonitas, mas que traduzam o que realmente ela significa para mim. Não pode ser frases já cansadas, tenho de ser mais criativa do que nunca, afinal é para a minha melhor amiga. Então, tirarei uma culpa de sobre mim.
Leila,
tentar expressar alguns bons anos de cumplicidade e respeito requer memória. E a minha tem andado fraca. Mas vou tentar...
Pensando em tudo que passamos, me lembro de muitos episódios: alguns engraçados outros tristes. E me dou conta de como aprendi com você. A capital da China, a beber Malibú, a ouvir Legião, a escrever bilhetes, a pular a janela do colégio e sair pela entrada velha, a colar no provão, a ser “piranha” fazendo tudo o que se tem vontade e o principal: a ser amiga de verdade! E sinto como é bom ser sua amiga, apesar de alguns se oporem. Quero que a lembrança dessa amizade permaneça sempre em meus pensamentos, que seja sempre aperfeiçoada e mesmo que distante estejamos sempre “nos pensando”. Espero que tenha sorte e que sua vida seja sempre “perfeita”! E que a minha siga o exemplo.
Toda vez que quiser me sentir presente, chegue em sua janela, olhe para o céu e sinta o vento que virá. Tenha certeza que estarei fazendo o mesmo tentando sentir você. Ou então, ouça aquela música que fez lembrar da minha culpa e que me fará lembrar dos sorrisos seus.
Obrigada por tudo! E desculpe pela demora das palavras!
“Que o medo da solidão se afaste, que o convívio comigo mesmo se torne ao
menos suportável.
Que o espelho reflita em meu rosto um doce sorriso que me lembro ter dado na infância.
Porque metade de mim é a lembrança do que fui, a outra metade eu não sei.
E que a minha loucura seja sempre perdoada.
Porque metade de mim é amor e a outra metade... Também“.
Que Deus te abençoe e seja feliz!
Um grande abraço da sua amiga de sempre...
