O modelo atual é um troço tão complicado e ao mesmo tempo tão simples, que aqueles aparelhos celulares de trezentos anos atrás, daqueles de quando Nero ligou para o capitão Marvel dum trem qualquer mandando tocar fogo no Parlamento alemão e colocar a culpa nos comunistas está valendo mais que leão no Coliseu, em dia de churrasco de cristão.
Tem quem se descabele para comprar um negócio daquele e depois colocar na sala como objeto de decoração/culto à tecnologia. O perigo real de um trem desses é o cara cismar de jogar para o alto, ver o que vai dar e terminar como o monólito de Stanley Kubrick em “2001, uma odisséia no espaço”. Aí vai dar um nó na cabeça que não tem jeito.
Primeiro ponto de ônibus que enxergar vai descer e encher de porrada uma “suburbana vagabunda” que esteja por lá, pegar uma grana na bolsa da moça, roubar-lhe o celular, comprar uma carreirinha de coca, a ilegal, e sair por aí, em condomínios fechados proclamando as excelências do caráter.
O vereador Eduardo de Freitas, por exemplo, Câmara Municipal de Juiz de Fora, PDT. Não tem caráter nenhum, ou seja, é dessa turma que acha que tem, mas não tem. Não mete a mão no bolso de ninguém, paga as contas em dia, mas não assina pedido de CPI contra o prefeito corrupto e venal da cidade em troca da nomeação do irmão (foi publicada nos atos oficiais do Governo no dia seguinte ao fato).
Vicentão não. Esse, segundo o prefeito/bandido, tem lugar garantido no céu.
Um casal foi assassinado numa rua da cidade de São Paulo por três assaltantes, criminosos comuns, à frente do filho de sete anos. Glauber Alexandre Paiva e Marta Maria Sena de Oliveira foram, literalmente, fuzilados por assaltantes. Bandidos comuns queriam a mesma coisa que os “meninos” com caráter queriam: grana para comprar droga.
Segundo o governador José Serra, projeto tucano de fuhrer para 2010, o “MST é intransigente”. O movimento quer apenas terra para plantar e permitir que camponeses vivam com dignidade. Agentes do FBI (Federal Bureau of Investigation), a Polícia Federal do Texas, estão aos montes no Brasil ensinando os daqui a reprimir manifestações contra a ordem estatuída, ou seja, contra os condomínios fechados.
Alguns empresários pilantras andaram comprando figuras em conselhos estaduais, querem um condomínio desses na Mata Krambeck, em Juiz de Fora. MG, com a desculpa que geram empregos.
Onde? Nos pontos de ônibus onde as “vagabundas suburbanas” ou “suburbanas vagabundas” esperam o transporte para ir ao trabalho, ou ao médico?
O monumento mensal que é erigido em Brasília ao caráter, esse mês, tem a cara de Renan Calheiros. Mês que vem a concorrência vai ser dura, tem Joaquim Roriz no meio. Um monte de gente disputando a primazia de ser esculpido em verso e prosa nos exemplos do caráter.
Ou como lembrou uma dessas pessoas especiais que a gente conhece. Sócrates um dia foi andando pelo mercado até que um mercador lhe perguntou o que queria comprar e ele: “nada, vim apenas olhar o que não preciso comprar para ser feliz”.
Em 2050 seremos 9 bilhões de seres no planeta, logo, 4,5 bilhões de telefones celulares.
Haja ponto de ônibus e “suburbana vagabunda”.
Um bandão de gente vai fazer RPG para enriquecer um bando de espertalhões. É tudo questão de bípede ou quadrúpede, that is the question. Depende do condomínio.