Em algumas circunstâncias as palavras são insuficientes para expressar todo nosso sentimento. Principalmente em situações de perda ou tragédia. Então, nos calamos. O silêncio é mais eloqüente. O silêncio é mais reconfortante. E a simples presença é fundamental.
Mas, também, em alguns momentos, pretensamente hilários, o silêncio se faz necessário. Nos recentes capítulos da nossa tragicômica e sensual novela política as expressões usadas foram deprimentes, um atentado a nossa inteligência e a nossa paciência. Um descaso com quem trabalha e precisar se deslocar de avião. Um desprezo inconseqüente com os trabalhadores.
Relaxa e goza. Depois a gente esquece dos transtornos. Esse princípio filosófico foi cunhado pela senhora Marta Suplicy, sexóloga e atual ministra do Turismo, para ilustrar a longa espera nos aeroportos.
O ministro Guido Mantega também entrou de sola na jogada. Sendo mais megalômano afirmou Não há caos aéreo. É a prosperidade do país: mais gente viajando, mais aviões e mais rotas. Tenho algumas dúvidas se o ministro estava se referindo ao Brasil.
Gostaria de vê-los no check-in da Gol ou da Varig. Quanto tempo eles levariam para relaxar e gozar?
Minha mãe dizia que em boca fechada não entra mosca. Não vamos mandar o ministro calar a boca. E nem destituí-lo do cargo. Mas deduzimos que o silêncio respeitoso seria muito mais sensato. E extremamente mais generoso. Temos que ter em mente que juiz de futebol bom é aquele que não aparece e ministro também, principalmente, se for da área econômica.
Você tem duas maneiras de participar de uma reunião. A primeira: você entra mudo e sai calado e as outras pessoas pensarão que você poderá ser um idiota ou um imbecil. Incapaz de articular uma frase ou um pensamento. A segunda: você abre a boca e acaba, imediatamente, com essas incertezas. Escolha sua participação.
Nunca na história desse país (sic) o silêncio foi tão desejado. Silêncio e mangas arregaçadas. Nós não agüentamos mais essas elucubrações pseudofilosóficas, fisiológicas, sexuais.
Senhoras e senhores. Façam silêncio, porque eu preciso jogar milho aos pombos.