O poeta, o poema, a poesia
Maria da Graça Almeida
O poeta é efêmero, transitório,
o poema é perpétuo, eterno;
o poeta é anônimo, finito,
o poema é relevante, notório.
O poeta é a servidão,
o poema a imposição,
o poeta é o escravo,
o poema o patrão.
Mesmo extraído da
incoerência do poeta,
o poema é coerente.
Mesmo traduzido
pela mortalidade do poeta,
o poema é imortal.
Quanto à poesia
esta tem vida própria,
sobrevive ainda que morram os poetas.
Ainda que a poesia
não se transforme em poema,
e no papel não conquiste bom lugar,
a poesia é permanente,
a poesia está no ar.
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