Pálpebras cerradas
Maria da Graça Almeida
Pesadas as pálpebras cerradas,
pesada a mão que desalinha
o ombro companheiro.
Dois passos de distância separam
os corpos que bamboleiam.
Dois homens,
postura de pai e filho,
um na plenitude do amargor,
o outro na incerteza
da negritude.
O da frente reflete solidão,
o que o segue transpira escuridão.
Andam pelas ruas sombrias.
Não se sabe qual o mais sofrido,
se o cego, se o guia...
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