QUALIDADE SIGNIFICA ÉTICA OU ÉTICA SIGNIFICA QUALIDADE?
Revendo os meus conceitos, deparei-me com um ponto que merece uma reflexão mais profunda, qual seja: qualidade significa ética, ou ética significa qualidade?
Entendo que ética é a capacidade que o indivíduo possui para distinguir entre o bem e o mal, logo, no campo profissional, o certo e o errado.
Por qualidade, entendo que é fazer as coisas da maneira certa, isto é, de acordo com os requisitos necessários; é desenvolver uma atividade dentro das normas técnicas baseadas nos princípios e convenções, aceitos universalmente pelos profissionais das diversas áreas de atuação.
A partir dessas premissas cheguei ao “Código de Ética” das profissões e me questionei: - por que são eles tão prolixos e de difícil entendimento pelos membros de uma profissão?
Analisei alguns, e fiquei com a impressão de que o “Código de Ética” não é ético, é corporativista. Acaba por propiciar chances para que maus profissionais se “escondam atrás da ética” em detrimento da sociedade.
A meu ver o “Código de Ética” profissional deveria ter apenas dois artigos, quais sejam:
1º - O profissional no desempenho de suas funções deve estar comprometido com a qualidade dos seus serviços.
Parágrafo Único - A qualidade se faz com a observância dos princípios fundamentais e convenções universalmente aceitos pela categoria profissional.
2º - O profissional que não exercer suas atividades de acordo com os requisitos exigidos pela profissão será desqualificado para o exercício profissional.
Outro ponto que me chama a atenção são os “Programas de Qualidade Total” das empresas. O empresários, atualmente, estão interessados em obter a “Certificação de Sistema de Qualidade - ISO” para que os seus produtos e serviços adquiram o status de atenderem às normas internacionais de qualidade. Onde fica a qualidade administrativa da empresa?
A “Qualidade Total” das empresas não está somente no “atendimento ao cliente”; isso me lava a concluir o conceito distorcido que os empresários têm de “cliente” que somente são aqueles que pagam por bens e serviços.
Entendo por “cliente” todos os consumidores, externos e internos, dos nossos produtos, serviços e informações; portanto, as atividades voltadas para o atendimento das necessidades materiais e imateriais (bens e serviços) dos consumidores têm o mesmo grau de importância das atividades voltadas para a administração.
Por que, então, os empresários não se preocupam com uma “Certificação de Sistema Administrativo” que garanta a qualidade das informações e a otimização, também, dos processos administrativos?
Percebo que a questão existe pelo fato de que temos excelentes empreendedores, mas que não estão preparados para administrar uma empresa. Muitas chegam a atingir o “nível de excelência da qualidade dos seus produtos e serviços” e “morrem prematuramente”.
De que serviu a qualidade de seus produtos e serviços se elas não existem mais? E a maior decepção é dos consumidores, frustrados por chegarem à conclusão de que a imagem que tinham da empresa era falsa, e sentem-se enganados, porque não podem mais contar com a utilidade dos produtos e serviços adquiridos.
E, finalmente, posso concluir:
1. Qualidade é a ética aplicada na elaboração de bens, serviços e informações, na sua forma intrínseca e extrínseca.
2. A imagem integral da empresa somente será alcançada se a qualidade de seus produtos e serviços estiver aliada à qualidade de sua administração.
3. A “Qualidade Total” somente existirá a partir do momento em que cada profissional/empresa for o principal “cliente” de si mesmo.