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Contos-->Um dia de Carnaval -- 22/05/2002 - 19:09 ( Alberto Amoêdo) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Se bem me lembro era época de carnaval, melhor dizendo carnaval fora de época no meio do mundo. Um sambódromo ilário, totalmente diferente dos normais, mesmo porque era o último do século.
E o meu chefe estava na avenida maestral, totalmente entregue, dando pulinhos fenomenais, que registrei em camera-lenta, de um camarote, que mais parecia um aeroporto internacional, contrastando com o nosso local, me convidou pra curtir esse momento. Como já o conhecia resolvi levar a Mônica.
Nesse dia tinha de tudo, todos os bichos, loucas e loucas; loucos e loucos; cabides e cabides, monas e monas, raças e raças...
No melhor da noite, uma chuva arretada, que mais parecia gasolina em fogueira de são João, arripiava a avenida.
Tudo muito bem, todos muito legais...Voando baixo pelas calçadas estavam todos os figurões, parecia que a cidade tinha se deslocado e o centro vazio ficará.
Foi mais ou menos nessa hora, que um espertinho, com cara de bonzinho, conhecido no meio da malandragem como o gato-feio, resolveu fazer o raspa.
E em seu sorteio, identificou a casa do chefe, que tinha cerca eletrica, um muro de três metros e dez, de altura e cinco cães, dois vira-latas, um pequenez e dois pastores, além da casa ser gradeada.
Realmente é um mistério...Pra segurança ou pro destino!?
Todos na farra e um rapaz franzino subiu o muro pelo lado escuro da casa ao lado, cedo da noite,cortou os fios com o alicante, deu osso pros vira-latas, generalizando é claro, e pelo telhado entrou.
No forro procurou até encontrar, com todo o tempo do mundo a porta que acessava a casa. E pulou bem sobre a cama de casal, que quebrou uma ou duas ripas. Em seguida pegou um saco e raspou todas as bijús, como era ignorante não sabia arrombar o cofre, por isso talvez tenha arriscado levar algumas cuecas, roupas de marcas e etc...
Poucas coisas, na verdade não dava pra levar coisas mais valorosas, pois eram pesadas. Entretanto o pouco que levava fazia falta e o satisfazia, pois na cotação do mercado, o seu ranquing, não era superior aos outros bandidos, e isso poderia elevá-lo.
Tudo é bandido mesmo.
Satisfeito a sua ousadia, saiu espalhando ração pra tudo que é lado... O telefone toca,um carro buzina na frente da casa às três e meia da manhã, em seguida as luzes apagam.
O desespero não poderia ser outro.
A alma parecia fugir da condição do corpo. Pior ainda quando o portão começou a abrir e os cachorros se agitaram.
O gato no alge da esperteza maquinava, quando a chave da porta, como de praxe, começa a abrir. Ele corre pro quarto, e de um lado para o outro, tenta arrumar uma saída.Já não acerta subir, as pernas ficam trêmulas...
A porta abriu finalmente e entraram umas dez pessoas embreagadas, gritando e fazendo muito barulho...O fígado do rapaz viu-se saindo pela boca. Naquele momento era o fim.
Quando acertaram a porta do quarto, de tão desesperado, gato feio resolveu passar fazer qualquer coisas.
Não me perguntem...
Quando vimos as coisas no chão e assimilamos que era um furto, parece que todos se transformaram em "machomem". Foi uma loucura; as monas com plumas e paetes, Karinas e Andrômenas,avançando com cara de endiabrado, e o chefe quase nu no sofá da sala dormindo desmaiado.O rapaz...
Meu Deus!
Onde já se viu, Preso entre as grades.
Não sei como a cabeça passou, mas o corpo ficou totalmente preso. De um lado as monas enfurecidas rindo e do outro os cachorros, suspeito eu, indignados por terem sidos ludibriados.
O fato é que quando o bombeiro chegou, juntamente com a polícia. Eu e mônica, minha namorada apenas ríamos do embaraço e saíamos devagar. E as monas se apaixonavam pelos homens de preto que ficaram consternados com o assédio, enquanto os bombeiros cerravam a grade e o gato feio, coitado, literalmente engaiolado pagava pelo preço, que em muitos colarinhos faz falta.
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