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Artigos-->A LINGUAGEM DA CRIANÇA -- 26/05/2007 - 15:52 (vicente martins) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos






ADE ESTADUAL VALE DO ACARAÚ (UVA)

CENTRO DE LETRAS E ARTES

DISCIPLINA: AQUISIÇÃO DA LINGUAGEM

PROFESSOR: VICENTE MARTINS

CURSO: LETRAS LÍNGUA INGLESA

PERÍODO: 4º







“COMO ENTENDER O CONCEITO DE LINGUAGEM DA CRIANÇA”





Patrícia Andrade

Márcia Rejane

Daniele Pontes



















Sobral – CE

2007



Quando nos referimos à linguagem entendemos que aquilo que se refere á ela não pode ser resolvido apenas pelo simples acesso a fundamentação teórica.

Falar da linguagem é falar de algo complexo, que implica mais do que se baseia em teorias. Outro ponto a ser apresentado é saber que relação há entre “a língua” e a “maneira de usá-la”. Devemos levar em conta que, com relação á “língua” a criança sempre tem algo a aprender, aqui fica a dúvida se realmente a gramática descreve corretamente aquilo que a criança deve adquirir. Aliás, essa aquisição centrada na gramática pouca, ou simplesmente nada nos revela sobre a “linguagem”. È preciso entender como funciona a linguagem. Não queremos dizer que as teorias envolvidas na “progressão da criança para o adulto” estejam erradas, mas tentar esclarecer que há “algo mais”. Será que entendemos as relações entre “língua” e a “linguagem”, os modos como a língua funciona?

Quando falamos de “progresso” na linguagem, somos levados a entender que ele é o resultado de construções enunciativas próximas da norma, da regra. Ao observarmos uma criança construindo enunciadas cada vez mais próximos da norma, entendemos que ela progrediu. Mas, quando falamos no progresso do que é dito ou interpretar isso como objetivo de brincadeira, de espanto?

Outra questão muito importante é que nem todas as crianças entram na linguagem da mesma forma. A aquisição feita pela criança é um processo não evidente. Há muito a se contestar como por exemplo: A aquisição é de um fato algo inato? Que ligação tem o inato com o adquirido? Devemos levar em conta apenas o inato, ou que a criança também adquire por imitação? E o que se entende entre pensamento e linguagem?

Há varias noções acerca da palavra linguagem, ela pode servir para indicar capacidade, indica também “traços comuns” a toda língua ou pode designar a relação da “língua” com sua utilização. E quanto denominava “linguagem” fez oposição entre “língua” como instituição, algo social e “fala” como utilização individual da língua. Levando em conta o que Saussure falava sobre o uso individual da língua, vimos que a criança é confrontada com o uso da língua do adulto ou interlocutor e que ela mesma retoma e modifica esse uso. A língua se deixa modificar tanto em sua forma quanto em seu sentido.

Quando a criança entra na linguagem, ela realiza o trabalho de relacionar aquilo que chega até a ela por meio de diferentes caminhos como: percepção, ação, sentido, importância, campo das palavras. Daí podemos falar de “ingenuidade” da criança, que sofre uma constante relação de afinidade e não-correspondência entre a linguagem e a não-linguagem.

Devemos levar em conta, também, o “sentido corporal” que a principio, introduz uma mudança de paradigma em relação às imagens mais antigas do que é “entrar na linguagem” ou “entrar no sentido”. É através das atitudes corporais que encontramos muitas atitudes significativas. Em que momento a criança entra na questão do “sentido”, a partir do momento que começa a falar? Certamente não.

A linguagem obriga a criança a se orientar em outro espaço não apenas pelos movimentos de seu corpo, por exemplo, a lembrança, o que dizem os outros e o que ela pensa em relação a si mesma. Esse outro espaço de sentido aberto pela linguagem não nos implica dizer que o sentido verbal não seja tomado pelas articulações do sentido corporal. As palavras nunca são utilizadas de forma absolutamente vazia. As palavras são seguidas por gestos e entoações entre corpo e língua.

O sentido, muitas vezes, não está no enunciado, mas no conjunto de trocas lingüísticas como, por exemplo, a possibilidade de utilizar um simples gesto como argumento no interior de um mundo, de troca lingüística. Assim, a articulação do sentido corporal com o sentido verbal, torna a aquisição mais compreensiva, ao mesmo tempo em que ela modifica o que entendemos sobre o “sentido”.

Apresentamos aqui também a homologia entre a aquisição – desenvolvimento da linguagem e o que acontece em outros domínios. Segundo Bruner, a criança articulará objetos e ações seguindo o mesmo modelo co que se articula nomes e verbos para depois supergeneralizar. A criança precisa primeiro ter visto ser feito, uma vez, da mesma forma que ela precisa ter ouvido as palavras. Aqui cabe o papel do adulto no desenvolvimento da linguagem na criança, ele é mediador, conduz a criança a fazer o que é certo, o que é conveniente. Vejamos a seguir algumas ressalvas de Bruner.

A linguagem se desenvolve através da brincadeira, da descontração em ter prazer. Aqui, têm-se o exemplo da visão de Darwin que, o espaço de brincadeiras faz parte da vida do animal, que ele não imita por necessidade, mas para seu próprio prazer. O espaço de brincadeira é fundamental na linguagem, visto que a linguagem não se desenvolve sob o peso da necessidade.

Segundo Bruner, aquilo que carrega sentido é chamado de “sainetes”, estruturas curtas, como por exemplo, a palavra “achou” interjeição usada no grito das crianças que brincam de esconde-esconde. Os sainetes afastam os dois modelos opostos da simples repetição ou da regra.

Nos sainetes há a participação ativa do adulto, nesse caso, a mãe faz a criança participar da apresentação, desaparecimento e reaparecimento de um determinado objeto por exemplo. Aquilo que a mãe comenta em seu discurso e aquilo que a criança faz vai sempre se modificando progressivamente de acordo com as idades e de acordo com as crianças. Por exemplo, a mãe lança para a criança um pequeno enunciado nos seus primeiros meses e retoma esse enunciado várias vezes, sempre acrescentando outros enunciados até o momento em que ela completa o sentido desse enunciado à criança e isso progressivamente. Desse modo, a mãe compartilha o sentido de maneiras diferentes de acordo com a participação da criança.

Bruner mostra-nos que o sentido compartilhado ou não sofre um deslocamento principalmente da presença à ausência e que a elevação do ritmo verbal se coloca no sentido compartilhado, agora, na atividade comum.

Quando a mãe recorre a esses tipos de jogos, com muita freqüência, a participação ativa da criança é manifestada de forma precoce, isso porém, não implica afirmar que a criança só entre na linguagem através desses jogos, no entanto, a linguagem verbal utilizada neles revela à criança o sentido das coisas, ela diferencia as coisas.

Posteriormente, em um outro nível, a criança não se utiliza regras gramaticais em seus enunciados. O discurso dela vai se mais da semântica à sintaxe. Aqui também é importante o papel do adulto benevolente, que, nas trocas lingüísticas com a criança, ele usa a simplificação morfológica, a fim de acompanhar o discurso da criança esforçando-se para compreendê-la e se fazer compreendido. Esta compreensão não significa que seja uma compreensão completa e sim, que o interlocutor possa orientar-se.

Sobre os tipos, gêneros e movimentos da linguagem podemos nos referir aos tipos de condutas discursivas como: falar sozinho ou em grupo, não responder ou tomar iniciativa, ser acanhado, autoritário, entre outros, essas são algumas das maneiras de estar na linguagem. Os gêneros são diversificados e combinam com a diversividade no conteúdo e nos discursos já prontos como: descrever, contar, explicar, argumentar. Nos movimentos, por sua vez, encontram-se esses dois níveis: tipos e gêneros que se realizam especificamente.

A ligação entre esses três aspectos varia de acordo com a inclusão no grupo e com a continuidade ou quebra entre a linguagem com outros tipos de linguagem. Daí, chega-se aos estilos particulares que não só apresentam diferenças individuais, mas, modos de ser. Esses estilos são rituais e impressionam até mesmo quem os manifesta.

Quando falamos de linguagem, ou melhor, quando estudamos a linguagem estamos estudando a aquisição e o desenvolvimento da mesma na criança. Não partimos primeiramente de uma teoria para em seguida estudar esse processo. Fica difícil falarmos da linguagem, uma vez que, a criança entra no mundo lingüístico de maneiras e meios diferentes. Não devemos esquecer também que faz muito pouco tempo que surgiu um verdadeiro interesse de estudar a linguagem infantil.

Aprendemos com a criança que a troca de palavras tem uma relação de proximidade e distancia da troca de sinais corporais. A troca de sinais assim como a troca de palavras supõe comunidade e distancia. Isso nos faz perceber que há o sentido dito e os sentidos percebidos, que um determinado discurso diz algo e ao mesmo tempo manifesta outra coisa, uma atitude que é claramente percebida por exemplo.

Será que, quando falamos em linguagem da criança estamos falando realmente de ciência? A relação entre o dito e o percebido, no que diz respeito ao sentido, pode ser considerada objeto de ciência? Até onde há ciência na linguagem infantil?

Por isso essas questões permanecem em aberto, e se estão assim é porque o que foi estudado até agora desencadeou uma porção de outros questionamentos mais específicos e complexos. Sendo assim, ainda não vimos uma disciplina que trate do assunto, isso porque ela realmente não existe, permanecendo então “em aberto”.



REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS



FRANÇOIS, Fredéric. O que nos indica a “linguagem da criança”: algumas considerações sobre a “linguagem”.

IN DEL RÉ, Alessandra. A aquisição da linguagem: uma abordagem psicolingüística. São Paulo: Contexto, 2006. pp. 183-200.

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