A insegurança pública transformou a sociedade brasileira num caos. Um dos sintomas dessa transformação é o número crescente de crimes cometidos por jovens, embora seja um percentual pequeno se comparado aos dos adultos. Passou a ser banal as crianças, que deveriam estar normalmente nas escolas, serem acusadas pela violência reinante no País. É certo que aqueles que praticam crimes são delinqüentes mirins, precisam ser punidos e não podem ser confundidos com crianças. Já se tornou comum os adultos e o poder público culparem os jovens pelos fatos ocorridos, exigindo a alteração da maioridade penal, como se a redução da idade de punibilidade fosse suficiente para deter a crescente agressividade. Esquecem, porém, que durante décadas foram todos negligentes e omissos para com eles. Esse tipo de postura, principalmente do Estado, implica na exclusão a que estão submetidos.
O Brasil é campeão em concentração de renda. Esse fato envergonha os que têm um minímo de consciência e demonstra o desinteresse em se levar esse assunto a sério. É impossível o homem conviver num mundo injusto sem se indignar, numa sociedade onde muitos de seus filhos menores não são íntegros, felizes e saudáveis. Para se saber como vai a vida de um povo comece por perguntar como vivem suas crianças. Não há parâmetro melhor de avaliação do que pesquisar o seu dia-a-dia. Será que estudam corretamente? Como serão os seus hábitos? Quais os exemplos absorvidos de seus pais? Será que se alimentam de forma adequada? Esses adolecentes foram algum dia contemplados com os direitos que a Constituição lhes confere? Se querem compreender o porquê do mundo ir de mal a pior, primeiramente deve-se perguntar por que a vida parece ter tão pouca alegria e valor para essas crianças.
A cultura dominante é materialista, exalta o individualismo, o consumismo e o prazer. Esses fatores conjugados favorecem a indiferença perante a dor das pessoas. Aceita-se tudo como sendo normal, dentro do conceito de mundo civilizado. Como impedir o sentimento de colapso da civilização decente? Este modelo de sociedade faliu. Quando o País esquece de cuidar de suas crianças, quando a sociedade perde o rumo, quando essas coisas acontecem e ninguém demonstra interesse em mudar o sistema é porque algo de podre existe e precisa ser estirpado. O Governo deveria investir em políticas públicas que pudessem tornar a vida dessas crianças digna e seus dias mais felizes. A alegria e a simplicidade em viver parecem ser sentimentos experimentados por poucos atualmente. Enquanto isso assiste-se à sociedade conformada diante de políticos mentirosos, desonestos e descompromissados em fazer deste País uma Nação séria e respeitável.
Desejo-lhe um prazeroso fim-de-semana!
Luiz Maia
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Autor dos livros "Veredas de uma vida", "Sem limites para amar" e "Cânticos".
