VORTEI PRAMODI ENGESSÁ OS PÉ QUEBRADO
Lílian Maial
Tava um tempo anuviado
esse do finar do ano
num tinha um feriado
pramodi mudá meus plano
aí chegou o Natar
e o Ano Novo é iguar
tá tudo aqui nos tutano.
Eu num posso me afastá
nem um tiquinho sequé
que vem um bandi carcará
montando nuns pangaré
faz dos verso inspiração
um bandi complicação
caindo e quebrando os pé.
Pois vou vestir meu jaleco
e incarná a dotora
distribuir peteleco
ou bancá a professora
já trouxe o gesso e a bandage
pra acabá com a sacanage
desses verso sem tesoura.
Se o cordé é populá
num qué dizê sem trabaio
vamu as manga arregaçá
ou vai tudo pro caraio
se é de sete essa conta
minino, num desaponta,
vamu buscá dicionário.
Cuns talento que ocês têm
num precisa muito esforço
dessas fruta como bem
e chupo inté os caroço
é questão de arrumá
como quem vai namorá
pois o verso é um bom moço.
Comece por um bom banho
nas rimas enfentiçada
depois de escolhê tamanho
num pode esquecê a parada
enfeitando com paixão
ela pega tua mão
como a mão da namorada.
Dá coceira nos dedinho
vai saindo pela pele
cante assim nos ouvidinho
arrepio que congele
o cordel é melodia
bem cantado é alegria
vale a pena o guéri-guéri.
Agora tão de botinha
os pé quebrado da vida
vai tudo já pra caminha
ou vou cutucá ferida
não aceito apelação
a dotora tá cum o cão
e vortô pra essa lida.
Tava morta de saudade
do meu canto nordestino
num vô citá de mardade
o nome dos meus minino
mas eles sabem, que eu sei,
dessa princesa, são reis,
dessa gatinha, felinos.
Lili, de volta pro seu ACONCHEGO, querendo colinho...
