TRIBUTO À VIDA
Se eu morrer amanhã, por favor,
Não chorem por mim.
Não mereço que ninguém sofra por minha causa.
Nunca soube fazer ninguém feliz.
Eu tentei, juro! Mas não consegui.
Exigi demais do amor
Por isso nunca tive o suficiente.
A vida me ofereceu o que tinha de melhor.;
Saúde, amor, liberdade.
Gastei a saúde em orgias,
Bebi o amor em grandes goles,
Hoje, resta-me apenas a liberdade
De mostrar pelas ruas o meu semblante
Marcado pelas noites insones,
Pela doença, pela bebida,
Causando nojo e comiseração a quem me vê.
Às que me amaram, agradeço todos os favores.
Aos que não me compreenderam, perdôo-os.
Adeus meus amigos, adeus meus amores.
Perdoem a este mísero ser que tentou apenas viver
Gozando a vida e agora paga-lhe o seu tributo.
Recife, novembro de 1980.
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